As contradições do mármore português


Economia

José Venâncio de Resende0

fotoRua de mármore, em Londres (foto: Facebook Flor Pereira).

Tal como a moeda, o mármore pode ter duas faces: uma plasticamente bonita e valiosa, outra socialmente feia e predatória.

Cinco pessoas morreram no dia 19 de novembro na sequência de um deslizamento de terra e queda da estrada 255, entre Borba e Vila Viçosa, região de Évora, que cortava duas gigantescas pedreiras de mármore, com buracos grandes, profundos e cheios de água. As pessoas passavam em seus veículos no momento em que a estrada caiu. Foram necessários vários dias de uma operação trabalhosa para a localização e retirada dos corpos.

Segundo relatório técnico da Universidade de Évora (UÉ), a parede de uma das pedreiras de Borba tinha uma fratura identificada pelo menos desde 2008. A fratura - na parede da pedreira em atividade, mas que seguia para a parede da pedreira abandonada ao lado - afetava a estabilidade da pedreira ativa, onde ocorreu o deslizamento, e havia a hipótese de a estrada ruir, disse à agência Lusa o professor do Departamento de Geociências da UÉ e presidente da presidente da Associação Internacional de Hidrogeólogos, Antônio Chambel. A mesma fratura teria sido identificada, desde pelo menos o ano 2000, por outras instituições, acrescentou o hidrogeólogo.

Por isso, Antônio Chambel defendeu que a estrada deveria ter sido interditada, quando saiu a legislação que delimitou o espaçamento entre as estradas e as pedreiras. Naquela altura, as duas pedreiras já tinham as atuais paredes. No entanto, ele reconhece que foram feitas pregagens na parede com o intuito de agarrar a zona da fratura a toda a rocha que estava por debaixo da estrada. Só que já se passaram mais de dez anos, concluiu. 

Rua de mármore

Desde o início de novembro, a cidade de Londres, Inglaterra, tem uma rua calçada com mármore português. Trata-se de uma instalação artística, mas sobretudo uma vitrine para promover a pedra portuguesa. A rua é descrita como um tapete de mármore reciclado, que foi feito com excedente da pedra que é rejeitada por empreiteiros, arquitetos e designers devido a falhas, descoloração ou imperfeições e que normalmente é enviado para escombreiras, os aterros das pedreiras.

A reportagem está disponível em: https://sicnoticias.sapo.pt/mundo/2018-11-02-Desperdicios-de-pedra-portuguesa-no-Festival-de-Design-de-Londres

 

 

 

 

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