Banda Santa Cecília realiza alvorada festiva no dia da padroeira de Resende Costa

A apresentação nas ruas do centro da cidade marcou oficialmente o retorno das atividades da banda, após mais de um ano de interrupção devido à pandemia


André Eustáquio


Banda de Música Santa Cecília desfila no Mirante das Lajes, cartão-postal de Resende Costa (foto Fernando Chaves)

Ainda não foi neste ano que os devotos de Nossa Senhora da Penha de França puderam sair novamente em procissão pelas ruas da cidade, acompanhando a bela imagem da padroeira de Resende Costa. A pandemia de Covid-19 não terminou e algumas atividades que geram aglomerações de pessoas precisam ser evitadas. No entanto, no dia 1º de setembro último, feriado municipal de Nossa Senhora da Penha, os resende-costenses acordaram cedo ao som da Banda de Música Santa Cecília, que realizou uma alvorada festiva em homenagem à padroeira. Uma surpresa que encantou a todos.

A alvorada marcou o retorno da Banda Santa Cecília às atividades presenciais. “A alvorada do dia primeiro foi um momento de que estávamos precisando há muito tempo, pois desde o início da pandemia ainda não havíamos desfilado pelas avenidas de Resende Costa. A nossa vontade de voltar às ruas e avenidas era muito grande”, disse Luiz Carlos Martins Júnior, regente da banda. Em desfile pelas ruas do centro da cidade, a banda apresentou um repertório tradicional, como os dobrados Dois Corações, Antonio Quirino, Regulo, Brasil e Batista de Melo. Os músicos tocaram também o Hino de Nossa Senhora da Penha, em homenagem ao dia da padroeira de Resende Costa.

A alvorada teve início no Teatro Municipal, sede da banda. Os músicos desfilaram em algumas ruas do centro da cidade, passaram em frente à igreja Matriz e concluíram o percurso no Mirantes das Lajes. Apesar do frio, as pessoas que despertaram cedo abriram as janelas de suas casas para ouvir e aplaudir a banda de música. “Percebemos, como nunca antes, as pessoas felizes ao verem a banda. Recebemos aplausos, as pessoas tiraram fotos e fizeram vídeos a partir de suas casas e também nas ruas. Sim, foi possível concluir que a Banda Santa Cecília está de volta às atividades”, comemora o maestro Júnior.

Das janelas das casas vieram não somente aplausos, mas brotaram também sentimentos de saudade, alegria e emoção. Pollyanna Pinto, que mora ao lado da igreja Matriz de Nossa Senhora da Penha de França, conta como foi acordar no dia 1º de setembro ouvindo a alvorada da Banda Santa Cecília. “Acordar ao som do Hino de Nossa Senhora da Penha executado pela Banda Santa Cecília é um privilégio. É despertar com alegria, pois relembrar bons momentos aquecem o nosso coração. A alvorada marcou a minha infância, pois, antigamente, a minha família oferecia café para a banda após a alvorada. Era uma ‘festa’ para mim e para minha irmã. Ficávamos esperando ansiosamente, era um momento de alegria. Então, em tempos de pandemia, em que estamos vivendo enclausurados, assistir ao retorno da alvorada despertou um sentimento de esperança e a expectativa de que dias melhores virão.”

 

Música em tempos de pandemia

A pandemia impôs inúmeras dificuldades e limitações a todos os setores da sociedade. Como forma de evitar o contágio do coronavírus, atividades culturais presenciais também precisaram ser interrompidas. Não foi diferente com a Banda de Música Santa Cecília, de Resende Costa, que teve que se adaptar para não deixar os alunos sem instrução e os músicos totalmente inativos. A banda geralmente se apresenta em ambientes abertos, com plateia, nos quais não há como manter o distanciamento adequado entre as pessoas. O maestro Júnior conta como conseguiu exercer algumas atividades com os membros da banda, respeitando os protocolos de segurança sanitária. “As atividades com os assistidos pela Banda Santa Cecília nunca pararam, mesmo com a Covid-19. Um dos momentos mais difíceis foi quando tivemos que pedir para os alunos que chegavam à sede da banda voltarem para suas casas. Foi um momento triste e desesperador, mas sabíamos que era a medida mais responsável e segura a se fazer naquele momento em que as regras de distanciamento eram muito rígidas. Nos momentos de isolamento social rígido, as instruções foram passadas via WhatsApp. Depois foi possível voltar com as aulas presenciais e ter vários alunos novos, que encontraram na banda um refúgio em meio a essa pandemia e ao isolamento. Os alunos tinham sede de conhecimento e, com muita vontade, evoluíram em pouco tempo. Esperamos que continuem assim.”

Como forma de garantir a segurança e o cumprimento dos protocolos sanitários, professor e alunos tiveram que se encontrar através da internet. O maestro estabeleceu uma rotina de trabalho com os músicos e conseguiu inovar. “No ano de 2020, fizemos um vídeo em que cada músico executou, de sua casa, o dobrado Antônio Quirino. Trabalhar a distância exige o dobro de esforço para [atingir] a metade da eficiência. Mas, sabendo que era o modo mais seguro e responsável, trabalhamos alguns meses nesse projeto, que foi sucesso de crítica nas mídias sociais”, diz Júnior.

De acordo com o regente da banda, as atividades presenciais do grupo serão retomadas aos poucos e com um planejamento estabelecido. A banda tem como meta em seu retorno realizar ensaios abertos ao público e ao ar livre nas praças da cidade, além de retretas em alguns domingos. “Nosso planejamento para o retorno às atividades é de muito foco, principalmente nas questões sanitárias de segurança contra a Covid-19. Esperamos voltar gradualmente, seguindo as normas do poder público e, claro, ouvindo o nosso público resende-costense. Estamos planejando, pelo menos, uma apresentação por mês. Temos que homenagear as pessoas importantes para a banda e para Resende Costa e que se foram nesse período e não pudemos homenageá-las no momento de suas partidas. Mas agora vamos fazer essas homenagens. Estamos com um projeto de fazer ensaios ao ar livre nas quartas-feiras. É uma medida de segurança, pois ao ar livre é mais seguro, além de proporcionarmos ensaios abertos ao público em geral.”

Atualmente, a Banda de Música Santa Cecília conta com cerca de 50 músicos em seu efetivo. Luiz Carlos Júnior rege a banda e ensina música aos novos alunos que pretendem fazer parte da tradicional corporação musical de Resende Costa. O trabalho de aprendizagem, capacitação e os ensaios acontece regularmente ao longo do ano e é oferecido de forma gratuita. “Mesmo com a pandemia e com as escolas fechadas, um momento muito difícil para o mundo, pudemos ver vários jovens e crianças iniciarem suas primeiras notas musicais e poderem tocar suas primeiras músicas. Isso é mágico! Mesmo em tempos de isolamento, tivemos sementes brotando. Não temos palavras para descrever. Tantos talentos assim só podem ser obra de Deus”, descreve o maestro.

Para o maestro Luiz Carlos Júnior, o retorno da banda significa também superação de desafios. “O momento em que a banda teve que interromper suas atividades foi desafiador e apenas a certeza de que um dia voltaríamos às ruas, avenidas e palcos era o nosso maior conforto para não cairmos em desalento. Temos que retomar as atividades e nos adaptar aos protocolos de segurança sanitária. Fica mais um ensinamento desses tempos pandêmicos: conseguir adaptar-se a ele. E nesse retorno vamos voltar mais fortes. Vamos comemorar e curtir cada acorde musical, cada melodia como se fosse a última. Bom retorno, Banda Santa Cecília! Que a banda volte a dar vida e esperança a todos nós!”

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