Bons Tempos

E o causo que Tião Lima não contou


Homenagem Especial

Camilo Vale0

O saudoso radialista e apresentador da Rádio Inconfidentes FM Tião Lima (foto arquivo familiar)

– “E agora, com vocês, a previsão do tempo com o professor Batistuta!”

Esse era um dos momentos mais aguardados do programa “Bons Tempos”, do saudoso Tião Lima, na Rádio Inconfidentes FM de Resende Costa. O tempo estando bom, o Tião seguia tocando as músicas da saudade. Se o tempo estivesse ruim, sujeito a chuvas e trovoadas, não teria como levar o programa ao ar.

Tião também contava seus causos no quadro “Causos do Tião”, com trilha musical da Pantera Cor de Rosa. O quadro não tinha horário fixo para entrar no programa, mas quase sempre havia um causo. Um dos causos que eu queria que o Tião contasse aconteceu comigo, porém não me lembro do Tião tê-lo contado.

Numa quarta-feira à tarde, saí de casa na minha bicicleta e fui até o salão do Cláudio para cortar o cabelo. Deixei a bicicleta do lado de fora e, conversando com o Cláudio, me despedi dele e voltei para casa a pé. Esqueci minha bicicleta lá na rua e naquela noite não me lembrei mais dela. Era noite de futebol na Globo e fiquei atento aos jogo das nove e meia da noite. Não me lembro se era o meu Cruzeiro série B em campo ou se era o Galo do Tião Lima. Só sei que a rivalidade ficava só no jogo, pois éramos grandes amigos. No dia seguinte, me dei conta de que deixei a bicicleta na rua e fui até lá no salão do Cláudio. Não é que a bicicleta estava lá na rua me esperando?

Pois é, Tião Lima, esse causo você não contou.

Hoje, a bicicleta está com meu amigo Batista, que tanto colaborou com o Tião na previsão do tempo.

Tempo que era bom, quando chegava às 11 da manhã e nosso locutor dava o seu “bom dia, mas bom dia mesmo” a todos os ouvintes da Rádio Inconfidentes.

Outro quadro que fez parte do programa foi a “Hora do Pança”. Para o nosso amigo Geraldo Pança, sempre tinha uma música dedicada a ele, que poderia ser um bolero do Anísio Silva, Carlos Alberto, Silvinho, Núbia Lafaiete ou uma canção da Jovem Guarda.

Tião Lima também gostava de lembrar as suas pescarias que fazia com os amigos, a paixão pelo Atlético Mineiro – seu time do coração. E muitas músicas boas eram tocadas no horário do almoço. Um destaque especial ia para Roberto Carlos, cantor que era sempre lembrado pelo Tião. Parecia que tinha até um cantinho do rei reservado para ele, como tem em outras rádios. Quando Roberto Carlos gravou, em 2012, “Esse cara sou eu”, o Tião tocava quase que diariamente. Era uma música nova para o seu programa, mas qualquer sucesso do Roberto Carlos virava saudade no programa do Tião.

Um dia, um ouvinte lhe disse:

– Banda Calypso e KLB não fazem parte do seu programa.

Era tudo música nova na época.

Mas o Tião achava engraçado e, ao tocar uma delas, dizia:

– KLB aqui também tem!

E tinha também Agnaldo Timóteo, Cauby Peixoto, Amado Batista, Odair José, Almir Rogério (aquele do Fuscão Preto, lembra-se?)

Tocava-se também as músicas do Pe. Marcelo, Pe. Zezinho e, às vezes, até do Falcão e Tiririca, que deixavam o programa um pouco mais divertido. Assim, o rádio se tornou uma das grandes paixões do Tião Lima, além da família, dos amigos, do amor a Deus e ao próximo.

Hoje, as músicas boas continuam sendo tocadas no horário dos Bons Tempos – programa que, atualmente, é tão bem produzido pelo nosso colega e amigo Toninho Ribeiro. No entanto, a cadeira do locutor está vazia, assim como ficaram vazias as cadeiras de outros colegas, como Carlos Andrade, Jorge da Sebastiana, João da Zica e Zeca.

Eu e o Tião fizemos parte de uma geração em que a rádio AM era o grande sucesso. Éramos ouvintes de grandes locutores, como: Barros de Alencar, Altieres Barbieiro, Eli Correia, Oswaldo Bétio, Zé Bétio e outros.

Enquanto Eli Correia lê suas cartas da saudade na Super Rádio AM de SP, Tião Lima deve estar contando seus causos a uma legião de anjos curiosos.

Então, Tião Lima, aí onde você está, receba o nosso carinho, o nosso abraço e a nossa saudade.

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