CMEI Aquarela oferece aulas em Libras para incluir aluno surdo


Educação

Emanuelle Ribeiro0

CMEI de Resende Costa - Alunos aprendem linguagem de sinais

Na edição de abril deste ano, um dos temas abordados pelo Jornal das Lajes foi inclusão e acessibilidade. Chamou a atenção o acompanhamento a um aluno surdo no CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil Aquarela). De acordo com a diretora da instituição, Sandra Vale, hoje a escola recebe dois alunos com necessidades especiais, um surdo e um autista: “Com laudo médico, temos dois alunos, mas existem mais casos que estão sendo investigados. Nós nos preocupamos muito com a questão da inclusão no CMEI Aquarela, visto que temos uma estrutura propícia e os planejamentos são feitos incluindo todos os alunos. O objetivo não é só receber mais um aluno e sim o acolher para que ele seja parte integrante da escola”.

Para que os alunos tenham o aprendizado garantido, há uma estagiária para acompanhar as atividades dentro e fora da sala de aula. E, também, uma professora intérprete de Libras. Patrícia de Fátima Resende Chaves, graduada em Normal Superior e especializada em Educação Inclusiva, possui vários cursos de Libras (Língua Brasileira de Sinais) e tem outras experiências como intérprete além do CMEI. “Trabalhar a Libras é muito gratificante. Quanto mais cedo a criança surda entra em contato com a linguagem, melhor é o seu processo de desenvolvimento. No CMEI, todo o trabalho realizado é orientado pela pedagoga Cleide Oliveira. Durante as aulas, são utilizadas muitas gravuras e a exploração do concreto. Além disso, fizemos encontros com a mãe do aluno para repassar os sinais trabalhados e assim possibilitar a sua comunicação não só na escola, mas também no seu convívio familiar”, afirma Patrícia.

Segundo a intérprete, a Libras é a primeira língua do aluno surdo e a Língua Portuguesa é a segunda. Com isso, no decorrer da sua vida acadêmica, o aluno surdo tem que ter sua cultura respeitada e as atividades de alfabetização precisam ser adaptadas. “Quando um aluno surdo aprende Libras ‘as mãos rompem o silêncio e fazem a comunicação de quem não ouve, mas vê, sente e se emociona’”.

Sandra Vale não tem dúvidas de que trabalhar a Libras no CMEI foi uma ótima iniciativa: “O aluno demonstrou bastante interesse e a cada dia vem se desenvolvendo mais. É importante ressaltar que, com a inclusão, não só o aluno surdo é beneficiado, mas toda sua turma. Uma vez que foi oportunizado a todos o aprendizado de uma nova língua”.

Para iniciarem no conhecimento da nova linguagem, os alunos aprenderam a sinalização dos lugares da escola.  Conforme Patrícia, as atividades escolares e extraclasse são todas adaptadas com os sinais da Libras para que o aluno possa ampliar seu vocabulário e desenvolver a sua comunicação. Além disso, é realizado um trabalho individual com o aluno envolvendo atividades relacionadas ao conteúdo que será aprendido em sala, vocabulário em geral e jogos em Libras. “Vale ressaltar que além do meu trabalho como intérprete de Libras, um outro fator que ajuda na interação com o aluno surdo é que a professora Dodora, regente da turma, também tem conhecimento da Libras”, acrescenta Patrícia.

Ao permitir que a criança surda tenha a oportunidade de se desenvolver da mesma forma que as crianças ouvintes, o CMEI está respeitando sua língua. Não se pode mais negar aos surdos o direito de ser parte integrante e participativa da sociedade. “O ensino da Libras na Educação Infantil é essencial na vida dos alunos surdos, pois a única forma que difere o aluno surdo do restante dos alunos ouvintes é a forma como ele se comunica. Como a comunicação é essencial para qualquer cidadão, torna-se imprescindível que o aluno surdo tenha oportunidades iguais e isto somente acontecerá se lhe for permitida a aprendizagem de uma língua que lhe proporcione esta interação com a sociedade”, destaca Patrícia Chaves.

A intérprete acrescenta que o aluno foi muito bem recebido por todos: “Nas atividades realizadas na escola, ele consegue acompanhar o rendimento da turma e participa das aulas usando a Libras, seja para responder alguma pergunta feita pela professora ou para expressar algum desejo”.

Uma das iniciativas da Escolinha Aquarela para incluir o aluno foi proporcionar sua participação nos eventos da instituição: “Já tivemos apresentações dos alunos feitas em Libras na Páscoa e na Festa Junina. Todos se sentiram felizes em demonstrar o que aprenderam”.

O trabalho com a Libras é um processo contínuo e sistemático e deve acontecer prazerosamente, envolvendo os alunos ouvintes e o aluno surdo em atividades dinâmicas e concernentes à sua faixa etária e níveis de desenvolvimento. “É incrível perceber como as crianças têm facilidade para aprender e conviver com as diferenças”, conclui Patrícia Chaves.

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