Comércio parado, encerramento de atividades e demissões em SJDR


Economia

José Venâncio de Resende0

Um dos principais pontos comerciais de SJDR (Foto: Geraldo. S. Jr.).

Clima de grande ansiedade, pessimismo e mesmo pânico generalizado e incerteza quanto ao futuro. Esta é a sensação dos comerciantes em São João del-Rei, segundo as lideranças do setor, frente ao impacto na economia da pandemia do coronavírus covid-19.

O comércio local está restrito aos estabelecimentos comerciais considerados essenciais, como mercados, padarias, açougues, farmácias e bancos, de acordo com a orientação das autoridades. Dessa maneira, o mercado encolheu porque há menos dinheiro na praça.  

As lojas estão fechadas, sem previsão para retornarem à atividade. Se não houver alguma flexibilidade e apoio do governo, a metade vai desaparecer, diz José Egídio Carvalho, presidente da Associação Comercial e Industrial de São João del-Rei (ACI del-Rei).

Pequenos bares e pequenos restaurantes estão funcionando precariamente porque as pessoas não saem de casa. Estimam-se que as vendas caíram cerca de 70%, diz. “São empresas pequenas, formadas basicamente pela família cuja renda depende unicamente do seu negócio”, acrescenta José Egídio. 

Mas não para por aí. O Laticinios Del Rios encerrou as atividades depois de 16 anos, assim como a Panificação Santa Inês e o restaurante Mineirão Box Gourmet. Na Concessionária Cacel, apenas a loja de peças e a oficina mecânica estão funcionando, tendo a empresa demitido parte dos funcionários. Se não houver solução nas próximas semanas, eles acham muito difícil manter o negócio de veículos, diz José Egídio.

Também no ramo imobiliário, está tudo parado, não há qualquer negociação, de acordo com Eustáquio Coelho Resende, corretor e membro da diretoria do Sindcomércio (Sindicato do Comércio Varejista de São João del-Rei). “As imobiliárias estão fechadas. Na minha imobiliária, por exemplo, demos férias aos funcionários e vamos continuar pagando o salário normal para eles até resolver isso. A situação é complicada porque a gente precisa do comércio para sobreviver.”

A situação não é muito diferente do que ocorre no Estado. Levantamento da Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomércio – MG) aponta queda nos negócios, que pode chegar até 80% nas vendas e próximo dos 90% no setor de serviços. Uma das consequências é o aumento do desemprego. Wainer Haddad, presidente do Sindcomércio, fala em 90 pessoas demitidas apenas no último dia 27 de março.

De fato, há notícias de várias demissões, “apesar de que a primeira orientação é tentar manter os postos de trabalho”, acrescenta Emanuel Vitoreli, consultor jurídico do Sindcomércio. “Mas a gente tem que ver também o sufocamento do empresário com relação a isso tudo.” Ele cita compromissos como questões tributárias, credores e fornecedores, folha salarial e férias antecipadas (pagamento do salário das férias). 

A orientação tem sido no sentido de que haja diálogo, diz Emanuel, “que as partes sempre conversem, façam propostas e todos analisem com a calma e a compreensão que o momento requer. Sabemos das necessidades tanto do empresário quanto do empregado; então, é o momento de todos se apoiarem”.    

 

Medidas

José Egídio disse estar em contato permanente com a Federaminas (Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado de Minas Gerais) e a FCDL (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas), das quais é diretor, e em sintonia com os governos municipal, estadual e federal. “Conversamos diariamente para ajudar na busca de soluções.”

O presidente da ACI del-Rei disse esperar agilidade por parte da burocracia do setor público para transformar em ação as decisões do governo. Também o presidente do Sindcomércio defende maior rapidez do governo para salvar empresas e impedir demissões, com ações claras e sem burocracia.

Uma dessas medidas é o pagamento do auxílio emergencial de R$ 600 a trabalhadores informais, intermitentes (que atuam sob demanda e não estão trabalhando nem recebendo salário) e empreendedores individuais, cuja lei foi publicada no dia 2 de abril no Diário Oficial da União (DOU). O benefício será repassado por três meses e pago em dobro para mulheres chefes de família (R$ 1,2 mil). O pagamento será feito por bancos federais e talvez por agências lotéricas e Correios.

Já a Medida Provisória 936, de 1º de abril, vai permitir que as empresas suspendam contratos de trabalho pelo prazo de até 60 dias, comunicando posteriormente ao Ministério da Economia para que seja liberado o seguro-desemprego do funcionário. Nesse período, o funcionário não pode ser demitido. Outro ponto principal da medida é a redução da jornada de trabalho (em 25%, 50%  ou 75%), com a redução proporcional do salário e a complementação dessa redução também com o seguro-desemprego.

As medidas já estão valendo, enfatiza Emanuel Vitoreli. “Agora é começar realmente a sua aplicação e ver a efetividade disso. Mas tudo deve estar atrelado à volta do movimento empresarial; essa engrenagem precisa voltar a rodar”, conclui o consultor jurídico do Sindcomércio. 

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