Coronel Xavier Chaves adota a calçada portuguesa


Cidades

José Venâncio de Resende0

Calçada Portuguesa na praça do centro de Coronel Xavier Chaves (Foto José Venâncio)

Recentemente, uma polêmica envolveu o prefeito são-joanense Nivaldo de Andrade sobre a sua intenção de trocar as pedras portuguesas por pedras São Tomé, alegadamente por causa “do salto do sapato das madames”. O maior problema da calçada portuguesa de São João del-Rei é a falta de manutenção.

Coronel Xavier Chaves, a 17 km de São João del-Rei, também tem a sua calçada portuguesa. O estado de conservação é razoável, com alguns pontos onde as pedrinhas soltas não foram repostas.   

O primeiro projeto, do final do mandato do prefeito José Guilherme Jaques (2005-2008), foi executado pelo seu sucessor, Helder Sávio Silva, em 2009. A calçada portuguesa passou a ocupar as três praças conjugadas (Dom Lara, do Coreto e Cipriano Chaves) no centro da cidade.

Na sequência, o prefeito Helder Silva implantou o projeto de revitalização da praça da igreja matriz, por volta de 2010-2011. A ideia foi restaurar a praça, mantendo a escultura da bateia que representa a mineração, explica o arquiteto Fábio da Silva, de Ritápolis, autor do projeto. “Nessa restauração, a gente sugeriu a calçada portuguesa nos passeios e nos ambientes da praça.”

Outra sugestão de Fábio Silva foi no sentido de definir um paisagismo baixo para não tampar a visão da igreja. Esse paisagismo baixo foi implantado no canteiro central da rua que liga as duas praças.

 Para Helder Silva, a maior dificuldade na época foi a falta de capacitação de mão de obra (calceteiros) na instalação de calçada portuguesa.

 

Origem

A calçada portuguesa ou calçada artística surgiu em Lisboa (Portugal) em 1842. O tenente-coronel Eusébio Cândido Cordeiro Furtado, então Governador de Armas do Castelo de São Jorge, decidiu encontrar ocupação para os prisioneiros acorrentados (também conhecidos como grilhetas). Assim, requereu à Câmara Municipal de Lisboa (equivalente a prefeitura) alguns calceteiros para ensinar aos grilhetas a arte de calcetar.

De início, foi pavimentada a entrada (e os espaços internos) do Castelo São Jorge, cujo impacto decorativo teve enorme repercussão, diz a arquiteta portuguesa Branca Neves. “Havia ‘romarias’ ao castelo para ver o trabalho e o seu efeito”. A municipalidade resolveu pavimentar a praça do Rossio, com a criação do motivo “Mar Largo” – padrão ondulado em preto e branco, alusivo ao período áureo dos descobrimentos marítimos portugueses.

Esse “tapete de pedra” foi executado de 1846 a 1848 – assinala Branca Neves – e, “desde então, o revestimento bicromático de pedras de calcário e basalto foi adaptado em inúmeros lugares (praças, ruas, largos etc.), com variadas composições e motivos, muitos dos quais ainda permanecem até hoje, resultado de um apurado trabalho de precisão feito por diversas gerações de mestres calceteiros”.

Após o êxito dessa intervenção, procedeu-se à pavimentação de largos, praças, passeios e escadarias da capital portuguesa. O apogeu da arte de calcetar foi em 1927, quando a Câmara Municipal de Lisboa criou o quadro dos calceteiros-artistas, no total de 400 artífices.  

Ao longo do século passado, a calçada artística propagou-se pelo resto do país, embelezando praças e ruas de cidades e vilas. E também ganhou projeção internacional, inclusive no Brasil, sendo usada no embelezamento de passeios e parques.

 

Centenário da igreja matriz

A igreja matriz de Coronel Xavier Chaves comemora este ano o seu centenário. A construção teve início em 1916, com o cônego Antônio Carlos Rodrigues, e a igreja foi inaugurada em 5 de dezembro de 1920. A Paróquia de Nossa Senhora da Conceição foi instalada em 1941, com o padre Luiz André Gomes.

O município foi criado em 30.12.1962 e instalado em 01.03.1963, recebendo o nome de Coronel Xavier Chaves, em homenagem ao grande benfeitor do lugar. Com população estimada de 3.301 habitantes, faz divisa com São João del-ReiRitápolis, Resende Costa, PradosTiradentes e Lagoa Dourada.

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