Não tem segredo: corpo em movimento e boa alimentação são sempre citados quando falamos de vida saudável. Deixar o corpo sempre ativo, por si só, já é um benefício, mas, quando aliado a outros hábitos, como alimentação adequada e saudável, tende a ser ainda melhor.
A educadora física Cristiane Vale Sousa fala sobre a importância de o corpo estar sempre em movimento. “Um corpo que não se movimenta torna-se fraco e adoece mais facilmente. Fisiologicamente, o corpo necessita ser ativo e é muito importante que tenhamos consciência disso, pois o ‘movimentar-se’ ajuda na manutenção da própria natureza humana. Se analisarmos textos e livros de caráter religioso ou histórico, veremos que os povos antigos já se movimentavam para ir de um lugar a outro, ou até mesmo para a própria sobrevivência.”
Cristiane, no entanto, alerta para o sedentarismo. De acordo com a educadora física, as pessoas sedentárias estão na contramão do que a medicina indica e tendem a ficar cada vez mais paradas. “Atualmente, a população está cada vez menos ativa ou se exercita menos do que deveria. No mundo todo, cada vez mais pessoas correm risco de saúde por causa da ociosidade.” Ela faz um importante alerta: “Quando uma pessoa se exercita, não deve considerar essa atividade apenas como um ato para atingir um objetivo específico, como emagrecimento, hipertrofia, estética etc., mas também como algo essencial para a promoção da saúde como um todo. A prática do exercício traz como consequência inúmeros benefícios em curto, médio e longo prazos.”
A pandemia de Covid-19 levou os especialistas a também se debruçarem em estudos sobre a importância do exercício físico para as pessoas que se tornaram ainda mais sedentárias durante o longo período de quarentena. A pergunta que se faz é: “Como mudar a rotina de sedentarismo e se colocar em movimento?” Não existe outra fórmula: Movimentar-se! Os educadores físicos indicam a adoção da prática de pequenas atividades, ou até mesmo a inserção de exercícios na rotina cotidiana das pessoas.
Atividade física x exercício físico
Estacionar o carro um pouco mais longe do local de trabalho, passear com os cachorros, ir ao banco a pé... tudo isso já é a realidade de muitas pessoas que vivem nos grandes centros urbanos e que vem ganhando adesão também de quem reside em pequenos municípios. De um jeito ou de outro, as pessoas que querem mudar o estilo de vida e tornar-se mais ativas fisicamente estão buscando alternativas em meio às medidas restritivas devido à pandemia.
Alguns se matriculam na academia, outros optam pela corrida na praça ou em estradas e ruas. O que os educadores físicos indicam? Qual é a melhor modalidade esportiva? Qual é a diferença entre ir a uma academia e se exercitar ao ar livre, indo até o mercado, por exemplo? “A recomendação da atividade física padrão da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que sejam praticadas, pelo menos, duas horas e meia de esforço moderado por semana ou 75 minutos de atividade intensa por semana, lembrando que atividade física é todo e qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que proporcione gasto de energia. Subir escadas, fazer tarefas domésticas e até o lazer (o chamado lazer ativo) são alguns exemplos”, explica Cristiane Vale.
Atividade física, portanto, difere de exercício físico. “O exercício físico é uma sequência sistematizada de movimentos que são executados de maneira planejada e com um objetivo específico. Além disso, ele deve ser feito com a ajuda de um profissional de Educação Física para que possam ser determinadas, de acordo com o objetivo e o perfil do aluno, intensidade ideal, duração e cargas.” Cristiane destaca a importância da prática do exercício físico: “Ajuda a ter uma melhor qualidade do sono, proporciona bem-estar e disposição para as atividades do dia a dia. Também é muito importante na cura e na prevenção de diversas doenças. Caminhada, pedalada, musculação, ginástica localizada são alguns exemplos das diversas modalidades de exercícios físicos existentes hoje em dia. Não restam dúvidas de que é muito importante praticar atividades físicas e exercícios físicos. Encontre a modalidade que lhe dê prazer, aumente seu nível de movimentos diários e ganhe mais SAÚDE!”, recomenda a educadora física.
Manter-se ativo na pandemia
As práticas esportivas em grupo seguem suspensas devido ao risco de contaminação pelo coronavírus. Durante o período da pandemia, as academias, por diversas vezes, precisaram fechar. Fazer caminhadas usando máscara fez com que essa atividade ficasse menos prazerosa para alguns praticantes. Com isso, muitas pessoas se tornaram sedentárias ao abandonarem as atividades físicas e os exercícios físicos. Porém, de acordo com Cristiane, o caminho precisa ser o inverso. “Precisamos nos adaptar a uma nova forma de nos manter ativos em casa devido às restrições. Diante da pandemia, nossa saúde passou a ser muito ameaçada pelo novo vírus. Manter um comportamento sedentário pode ser ainda pior.”
A prática de exercícios físicos está entre as inúmeras recomendações dos especialistas para se manter o corpo saudável e, com isso, fortalecer-se imunologicamente. “Fazer exercícios físicos aumenta a produção de endorfina, que é o hormônio do prazer, essencial ao bem-estar, além de melhorar o sistema imunológico e diminuir o estresse e a ansiedade. Ainda contribui para o combate e a prevenção de doenças crônicas que podem agravar as consequências do coronavírus. Uma doença crônica que está muito presente entre as complicações e os óbitos relacionados à Covid-19 é a obesidade, que vem crescendo a cada ano na população mundial e se acentuou ainda mais durante a pandemia, pelo fato de as pessoas se tornarem menos ativas. Nesse caso, o exercício físico e a atividade física podem colaborar de forma significativa e efetiva para a redução do acúmulo de gordura corporal e, consequentemente, para a melhora da saúde de forma geral”, explica Cristiane.
O fato de estarmos ficando mais tempo em casa não justifica escolhermos o sedentarismo. “O exercício físico é um ‘remédio tranquilizante natural’. Manter uma rotina de prática regular de exercícios oferece benefícios físicos e psicológicos. E essas vantagens valem para crianças, adultos e idosos. Para se exercitar em casa, o segredo é ter muita determinação, arrastar os móveis da sala, convidar as pessoas que moram com você e aproveitar o espaço para se movimentar usando a criatividade. Assim, praticar atividades juntos pode se tornar um momento familiar de diversão e socialização”, indica Cristiane.
Tecnologia
Cristiane Vale recomenda a utilização da tecnologia como aliada à mudança no hábito de vida. “Com a tecnologia a nosso favor, encontram-se na internet atividades para todas as faixas etárias, como dança, brincadeiras e jogos. Como se não bastasse, vários professores de educação física estão oferecendo e/ou disponibilizando aulas on-line de modalidades diversas. Com isso, o tempo em frente às telas pode ser reduzido e substituído por uma atividade em movimento. O exercício físico praticado ao ar livre com segurança também pode ser uma ótima opção e ainda auxilia no estímulo da produção de vitamina D. Com certeza, manter-se ativo pode ser um desafio para algumas pessoas. No entanto, depois que isso se tornar um hábito e você perceber o quanto faz bem, nunca mais vai querer parar”, garante a educadora física.