O que pensam lideranças de bairros sobre a importância das próximas eleições municipais para prefeitos e vereadores? “O rito das eleições periódicas é sem dúvidas uma afirmação constitucional”, diz Douglas Geraldo Gonçalves, presidente da Sociedade de Amigos do Bairro Senhor dos Montes, em São João del-Rei. “As eleições exercem um papel fundamental nos interesses do povo”, acrescenta.
Eleições podem representar o reconhecimento do trabalho realizado por uma administração municipal, mas também é uma oportunidade de se colocarem novas demandas aos candidatos, diz Luís de Castro Resende, presidente da Associação Pró-Melhoramentos Bairro Colônia do Marçal.
Os eleitos vão assumir os mandatos em meio à pandemia do novo coronavírus, com o desafio de dar atenção especial à saúde. “Prefeitos e vereadores nas próximas eleições deverão estar atentos para evitar o alastramento da Covid-19, através de medidas de precaução e de preparação para uma vacinação em massa”, alerta José Cláudio Henriques, presidente da Associação dos Moradores e Amigos do Grande Matosinhos (ASMAT).
De fato, a crise da pandemia fará com que a nova gestão municipal dê prioridade para áreas que foram afetadas no período de quarentena, diz Douglas Gonçalves. “É de se esperar que os municípios estejam em um movimento contínuo de aprimoramento, seguindo as determinações estabelecidas pelas autoridades de saúde.”
Já Marcos Luís das Dores, o Kiko, presidente da Associação Renascença do Bairro Alto das Mercês (ARBAM), é mais radical. Defende que, nesse período de pandemia, não deveria haver eleições e os recursos (inclusive de salários dos políticos) “deveriam ser revertidos para as pessoas mais necessitadas”.
Demandas sociais
Diante de uma situação econômica preocupante, José Cláudio pede maior flexibilização do emprego, “porque penso que haverá quebradeira e desemprego geral. Então é preferível todos perderem um pouco ao invés de perderem tudo”. Uma receita é “prosseguir com desoneração de impostos, diminuir horário de trabalho e possibilizar trabalho in house”. Além disso, ele defende que o dinheiro recuperado da corrupção seja usado para cobrir gastos sociais com desempregados, bem como com assistência médica. Recurso que, “nas mãos dos cidadãos, gira a economia”.
Outro desafio é recuperar o atraso na educação das crianças, que estão perdendo um ano letivo, alerta Kiko. “Não quero nem citar a saúde, que antes da pandemia já estava um caos.”
Mas é preciso começar pelos bairros “onde existem demandas sociais situadas”, assinala Douglas Gonçalves. Por isso, “temos que nos conscientizar sobre a necessidade de participação de todos os cidadãos da nossa cidade”. Uma das prioridades no bairro Senhor dos Montes é, “sem dúvidas”, o saneamento básico: “Construir uma boa infraestrutura para os moradores deve fazer parte da atenção destinada à área da saúde”.
Douglas não se esquece da educação para jovens e adultos, que abre “possibilidade de os moradores disputarem vagas no mercado de trabalho. Além disso, a escolaridade também é urgente na vida dos jovens que de alguma forma se envolveram com a criminalidade”.
Lazer
Uma das maiores carências da Colônia do Marçal é a falta de espaço para lazer, diz Luís de Castro. “Estamos lutando há 20 anos para fazer esse campo de futebol.” A associação luta para conseguir a transferência de um terreno de cerca de 18m² pertencente ao Nacional Esporte Clube, atualmente sem atividade. A ideia é construir, na área, um campo de futebol e um espaço de lazer para a população.
Já uma prioridade de Matosinhos é a retirada do trânsito pesado que entra no bairro via Avenida Domingos Pinto Camarano (antiga Avenida Independente), na Colônia do Marçal, e Rua Tomé Portes del-Rei (que termina na antiga Ponte do Porto, divisa com Santa Cruz de Minas). Uma idéia “fantástica” seria aproveitar a linha férrea da Maria Fumaça para transporte coletivo, usando locomotivas mais leves, diz José Cláudio.
Na Colônia do Marçal, as enchentes cada vez mais frequentes também estão a exigir ação por parte do poder público, diz Luís de Castro. A falta de planejamento na construção de condomínios residenciais tem levado as águas das chuvas a invadirem residências do bairro, causando desconforto e prejuízos às famílias. Por fim, o presidente da associação lembra que ainda há ruas no bairro sem saneamento básico e sem asfalto.
Já no Alto das Mercês, a prioridade é fazer encanamento de esgoto ou fossa séptica em algumas ruas, diz Kiko, pois ainda são usadas fossas ou “betas” no fundo dos quintais.