O escultor e especialista em arte sacra, Carlos Henrique Calsavara, pretende realizar, possivelmente em 2013, a sua primeira exposição individual de arte contemporânea. “Curiosamente, essas peças têm o seu embrião no barroco mineiro. Elas nasceram na arte sacra, inconscientemente. Tem um vínculo com o barroco e ao mesmo tempo é novo.”
Calsavara trabalha atualmente com duas vertentes, em paralelo: arte sacra e uma linha contemporânea.
Há 14 anos na profissão, ele procura atender a uma demanda da região, e mesmo do país. “A arte sacra é o meu ganha-pão. Nela eu aprendi muita coisa através da produção e reprodução da arte sacra barroca. Eu procuro plasmar fisicamente nas peças uma ponte entre o físico e o espiritual para tentar causar uma espécie de êxtase. E nisso a estética conta muito.”
Com a virtualização (internet), o trabalho de Calsavara deu um salto ao abrir novas fronteiras, seja visualmente, seja tecnicamente, em suas diversas vias de trabalho. Tanto que a arte contemporânea vai ser o projeto de final do curso de Artes Aplicadas, na Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), que ele conclui este ano. “É um design não-funcional de cunho estético. Ou seja, a minha proposta é explorar essas formas de maneira mais equilibrada esteticamente, tentando tocar o observador por essa vertente.”
Clientela – O artista trabalha com vários tipos de material, como madeira, pedra, cerâmica e bronze. Os clientes de Calsavara em geral são o clero e alguns admiradores em particular do Brasil inteiro.
O escultor trabalha muitas vezes com réplica ou então com pesquisa e desenho, mediante aprovação prévia do cliente. “Ou seja, trabalho com retratística também. A pessoa traz foto ou pintura para fazer uma imagem que ainda não existe como escultura.”
No momento, Calsavara decidiu partir para o lado mais estético, com a intenção de “tirar as pessoas, por um minuto que seja, dos conflitos cotidianos, da problemática da vida”. Mas o artista admite que isso pode ser faca de dois gumes, porque “não sei se estou anestesiando temporariamente contra a realidade ou se estou dando um medicamento eficaz. Mas ainda não consolidei essa ideia”.
Papel do curso – A experiência de cursar Artes Aplicadas na UFSJ tem sido muito proveitosa para Calsavara. “O curso me esclareceu muitas coisas, tanto na arte em geral (sentido intelectual) quanto na área comercial (visão empresarial, administrativa, gerencial, de marketing etc.), além do viés técnico.”
Para o escultor, o maior benefício é saber tirar proveito de tudo o que é oferecido. “Eu tento tirar o máximo do que se apresenta ali.”
Projetos – Um projeto recente de Calsavara foi a cópia da imagem de Nossa Senhora da Conceição para a igreja de São Francisco de Assis. A peça foi encomendada para substituir a imagem original nas procissões, a fim de não continuar expô-la a riscos.
A cópia tem cerca de 1,75m de altura, comparada com os cerca de 2m da imagem original. Foram seis meses de trabalho, conta Calsavara, e a cópia da imagem já estreou na procissão do dia 8 de dezembro do ano passado. Todos os passos da confecção da peça estão no blog www.carloscalcavara.blogspot.com
Em 2009, Calsavara esculpiu uma peça de Nossa Senhora das Mercês, a partir de uma foto apresentada pelo cliente. “Eu sugeri mudanças e fiz um desenho que o cliente aprovou e me deu liberdade para fazer o trabalho do jeito que achasse melhor.”
Essa imagem, com 1,86m de altura em madeira, está na lateral esquerda da igreja das Mercês. Geralmente, na Semana Santa ou em ocasiões especiais, ela é exposta ao público.
Escultor Carlos Calsavara vincula barroco à arte contemporânea
Cidades
José Venâncio de Resende 11/04/20120

Carlos Calsavara esculpindo uma imagem em madeira