Governo dos Açores quer potencializar o desenvolvimento da cultura do café

Associação de Produtores Açorianos de Café, criada em 2015, é um dos parceiros


Economia

José Venâncio de Resende0

Plantação de café da Fajã dos Vimes, Ilha de São Jorge (foto: radiolumena.com).

O arquipélago dos Açores em Portugal é o único local da Europa que produz café. Verdade que ainda é pouco. Na ilha Terceira, por exemplo, existem pouco mais de 7.500 plantas de café, numa área de quatro hectares, de acordo com José Élio Ventura, diretor regional da Agricultura. Na Ilha de São Jorge, o empresário Manuel Nunes tem uma plantação nas traseiras do seu Café Nunes entre 350 e 400 plantas, cujo produto foi registrado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial, visando proteger a sua origem.

Mas existe a possibilidade da introdução de novas variedades de cafeeiros na Região Autônoma dos Açores, de modo a potencializar o desenvolvimento da cultura. Recentemente, a direção da Associação de Produtores Açorianos de Café promoveu uma reunião, na Ilha Terceira, que contou também com a presença do diretor regional do Desenvolvimento Rural, Valter Braga, de especialistas brasileiros e de responsáveis da empresa Delta Cafés.

“As nossas caraterísticas edafoclimáticas, os nossos solos vulcânicos são fatores decisivos para a produção de um café singular nos Açores, que acreditamos tem margem para crescer”, frisou José Élio Ventura. O Diretor Regional da Agricultura afirmou que o Governo dos Açores está disponível para ajudar os produtores de café a estudarem e avaliarem esta possibilidade.

O Diretor Regional da Agricultura salientou que a cultura do café nos Açores é abrangida pelos apoios que existem à produção, no âmbito das ajudas hortifrutícolas do POSEI (Programa de Opções Específicas para fazer face ao Afastamento e Insularidade) da União Europeia Agricultura, podendo os produtores também candidatar-se a projetos de investimentos no âmbito do PRORURAL+.

José Élio Ventura destacou ainda que, em virtude do protocolo entre a Associação de Produtores Açorianos de Café e a Delta Cafés, prevê-se a realização de estudos à cultura do café em ilhas como a Terceira, São Miguel e São Jorge, para avaliar potencialidades e limitações atuais. “A ligação entre estas duas entidades é bem reveladora do interesse e do potencial que o café poderá vir a ter no futuro em termos económicos e como alternativa de produção agrícola nas ilhas.”

Associação de produtores

Em outubro de 2015, um grupo de produtores de café da ilha Terceira formou uma associação regional visando transformar e comercializar o produto através da criação de uma unidade industrial, com recurso a fundos comunitários.

Na ocasião, Jorge Tiago, da Associação de Produtores Açorianos de Café, disse à agência Lusa que existiam cerca de 100 produtores associados ao projeto e que cerca de 20 tinham áreas de cultivo de alguma dimensão no único local da Europa - o arquipélago - onde é produzido café. Ele afirmou que os produtores de café não se sentiam muito incentivados em cultivar a planta, porque não tinham como transformá-la e comercializá-la, acabando por promover culturas meramente domésticas, também com fins de jardinagem.

De acordo com Jorge Tiago, um levantamento feito na época apontava para cerca de uma centena de produtores na ilha Terceira. Havia um grupo que pretendia aumentar a sua área de cultivo para os mil, dois mil ou mesmo quatro mil metros quadrados. Como bons produtores, vamos contar com 20 a 30, o que é bastante significativo.

Embora não houvesse dificuldade de vender o grão de café verde para um grande operador comercial exterior aos Açores, o que se pretendeu com a associação foi que todos os produtores da região pudessem aderir à criação no arquipélago de valor acrescentado, abrangendo o processo de transformação e embalagem do café para comercialização.

A associação também aparece porque as ações de descasca, fermentação e secagem - que não pela via da refação (transformação) mas através da exposição ao sol - são procedimentos mais ingratos. Havendo a associação e uma indústria transformadora, haverá mais interessados em plantar o café, que poderão deixar a seu cuidado a transformação do produto, acrescentou Jorge Tiago.

Fontes:

Açores 24 horas - https://www.acores24horas.pt/arquivo/89247

Açoriano Oriental - https://www.acorianooriental.pt/noticia/acores-com-associacao-para-promover-producao-de-cafe

 

 

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