Grupo de Jovens Shalom completa 25 anos

Fé, religiosidade, amizade e vocação são características marcantes do grupo que atua em Resende Costa desde 1995


Vanuza Resende


Em 2020, DNJ - Dia Nacional da Juventude - seria realizado em Resende Costa. Em virtude da pandemia, evento foi adiado (Foto redes sociais Shalom)

Foi inspirado no Movimento Emaús e pela percepção de que Resende Costa não tinha nenhum grupo de jovens católico que surgiu a ideia de fundar um grupo de jovens na Paróquia de Nossa Senhora da Penha de França. Foi então que, em 1995, surgiu o grupo de jovens Shalom, que completou 25 anos no mês de agosto último. Um dos fundadores do grupo, o artesão Dirceu Geraldo Pinto, falou ao JL sobre como surgiu a ideia de criar o grupo: “Foi lá na capela do Povoado dos Pintos, Capela de São Geraldo, quando aconteceu o primeiro Encontro Sal da Terra, em fevereiro de 1995. Na época, eu, Fábio, Ésio, Lucilene promovemos o encontro. E naquele momento, participando do Emaús, a gente criou o Shalom”, lembra Dirceu.

O resende-costense padre Fábio Eduardo Pinto, da ordem camiliana, que reside atualmente em Pinhais, no Estado do Paraná, é também um dos fundadores e se recorda dos primeiros movimentos do Shalom. “No ano de 1992, eu fiz o curso do Emaús, sobre valores humanos e cristãos para jovens, na Diocese de São João del-Rei. E com meus 21 anos, percebi que na cidade não tinha nenhum grupo de evangelização para jovens. Embora Resende Costa seja uma cidade católica, a juventude não tinha um grupo para partilhar os seus sentimentos. A irmã Clara, que trabalhava no Hospital, foi uma das idealizadoras do grupo, e em uma das nossas conversas, ela disse: ‘Vamos montar um grupo de jovens’. E assim começou a surgir a primeira célula do grupo”.  Padre Fábio se recorda de uma tarde de sábado de Pentecostes, quando a direção do grupo se reuniu. “Depois dessa tarde, lá em maio, em um dia de Pentecostes, fomos nos articulando e, no dia 18 de agosto de 1995, fundamos o grupo”.

 

Da fundação aos dias atuais

Padre Fábio Eduardo rememora as primeiras atividades realizadas pelo grupo. “Nós nos encontrávamos para rezar terços; fizemos um levantamento de temas sobre os quais gostaríamos de conversar. Eram momentos muito descontraídos. A gente rezava, brincava e se divertia. E o que era uma célula pequenina se transformou em uma obra muito bela.”

Atualmente o grupo conta com cerca de 80 membros e é coordenado por três jovens: Francianne Fernandes, estudante de medicina, que está no grupo há cinco anos; Marcos Vinicius Vieira, estudante de história; Josiane Martiniano, médica veterinária. Ambos os coordenadores estão há oito anos no grupo.

Marcos Vinicius enumera algumas atividades realizadas pelo grupo: “Todos os anos a gente promove campanha de alimentos, via-sacra, encontro de jovens, quadrilhas e participações em eventos da diocese, como retiros. Temos reuniões mensais e também nos encontramos para rezar o terço mensalmente.” Josiane fala sobre a organização do grupo: “Nós temos um grupão do qual participa todo mundo e temos a coordenação, que é um grupo mais restrito e que toma as decisões. Temos também um grupo que se chama “Folclore” e é responsável por coordenar as músicas a serem tocadas nas missas e eventos.”

Em comemoração aos 25 anos, ainda que em meio à pandemia da Covid-19, o grupo de jovens Shalom realizou alguns eventos em Resende Costa. “Tivemos que alterar as nossas comemorações pensadas inicialmente, mas contamos com tríduo realizado on-line. Na semana do nosso aniversário, as missas voltaram a ter a participação do público na igreja. Pudemos, portanto, participar presencialmente. Além de lives, que também realizamos e foi bem legal”, destaca Marcos Vinicius.

 

Encontro de jovens

Uma das grandes marcas do grupo são os encontros de jovens realizados anualmente ou até semestralmente na Paróquia de Nossa Senhora da Penha de França. Dirceu se recorda do primeiro encontro, realizado em 1996. “A gente não estava tão preparado, para te falar a verdade. Nós fomos com a cara e com a coragem, e deu certo. Nós não tínhamos um projeto, tínhamos era coragem e muito incentivo. A partir do primeiro encontro, a gente foi alavancando o projeto. Começamos a tocar nas missas, fazíamos visitas a outros grupos, íamos a povoados e aos poucos fomos crescendo. Começamos a atuar também na área social, com campanhas de doação de alimentos para famílias carentes e instituições, como o Hospital Nossa Senhora do Rosário.”

Padre Fábio lembra-se do primeiro encontro de jovens promovido pelo Shalom. “A gente fez um encontro de jovens no povoado dos Pintos, promovido pelo Movimento Sal da Terra. Alguns membros do Shalom participaram e foi daí que fizemos o encontro, o primeiro. E aí que bombou. E bombou em todos os sentidos. Tínhamos uns 50 participantes e uns 50 organizadores. Foi ótimo e o grupo começou a deslanchar.”

Dirceu também se recorda da grande quantidade de jovens que se interessaram em participar dos primeiros encontros. “Nós tínhamos um limite para o número de participantes e, nos primeiros encontros, algumas pessoas apareceram sem fazer a inscrição para estarem ali. Eu me recordo de que três pessoas apareceram na ocasião e não tinham a ficha de inscrição. E aí, eu disse: ‘Mais um, menos um, a gente dá um jeito.’ E isso foi muito bacana porque uma dessas pessoas, que não havia feito a inscrição, contribuiu muito para a formação de um grupo de jovens no distrito de Jacarandira.”

Marcos Vinicius diz que um dos objetivos do grupo é fazer com que a participação nos encontros volte a crescer. “Nós tínhamos uma grande procura de jovens com interesse em participar dos encontros. Às vezes, a pessoa precisava deixar o nome bem antes para conseguir fazer o encontro. Hoje precisamos ir atrás dos jovens, convidando-os a participar. Eu acredito que a juventude podia ser um pouco mais empolgada. No entanto, com os jovens que temos hoje no grupo, acredito que vamos continuar por muitos anos. Mas quanto mais pessoas, melhor.”

 

25 anos de história e de muitas vocações

Dirceu destaca a importância do grupo na vocação familiar e sacerdotal. “Tivemos pessoas que seguiram a vida sacerdotal e foram muitos casais formados (no grupo), dos quais não posso citar os nomes porque posso me esquecer de algum. Mas eu e a Cleonice (sua esposa) nos conhecemos no grupo. Na época da fundação, muito provavelmente cerca de dez casais se conheceram e se formaram no grupo, sendo que hoje estão com família constituída. O Shalom, com certeza, contribuiu para que o jovem formasse uma família na sociedade.”

Padre Fábio guarda também em sua memória discussões no grupo que os incentivaram e os apoiaram para tomarem decisões importantes. “Uma das características do Shalom era o desejo de estarmos juntos e partilharmos os nossos sentimentos, as nossas dores e dificuldades. Naquele período, muitas pessoas namoravam e muitos encontraram sua cara-metade dentro do grupo. E também dentro do grupo surgiram outras vocações, como para o sacerdócio. Eu, padre Alexandre, a irmã Cleide e a irmã Camila, que também participavam do grupo. E tantas vocações para a vida matrimonial.

Francianne disse que atualmente mais um casal se formou a partir dos encontros do grupo. “Nós temos momentos de confraternização, também temos muitos encontros dentro do próprio grupo. Por isso ficamos próximos de muitas pessoas, vamos conversando bastante e isso acaba impulsionando a formação de casais. Recentemente, tivemos um casal que se conheceu no grupo.”

Nem todas os fundadores do grupo e pessoas que participaram de encontros de jovens permanecem ainda atuantes. De acordo com Dirceu, muitas delas, porém, possuem vínculos com o Shalom, estando presentes em algum encontro. Segundo ele, a presença dos “antigos membros”, mesmo que seja pontualmente, permite uma importante troca de experiências com quem está chegando. “Às vezes, a pessoa não vai continuar no grupo, mas ela adquire conhecimentos que vai levar para a vida, para a sua formação. Isso é importante. Muitas pessoas chegam, ficam e conseguem levar o grupo adiante. Quando o grupo esfria um pouco, algumas pessoas incentivam a continuidade dele. E são 25 anos para comemorar! Hoje, nós optamos por fazer parte do Movimento Familiar Cristão, mas o Shalom representa uma força muito grande. Eu rezo e torço para que ele perdure por mais 25 anos. Ele merece o nosso respeito por ser um grupo atuante em nossa comunidade”, conclui o artesão.

Padre Fábio Eduardo atribui à fé como sendo um dos pilares que sustentam o grupo e o mantêm forte há duas décadas e meia em Resende Costa. “Primeira coisa é a experiência pessoal com Jesus, porque os jovens que ali estão, se não fizeram a experiência pessoal com Jesus, descobrindo-se como filho e filha de Deus, não continuam. Essa pessoa que compreendeu, permanece. A juventude é um período muito bonito, mas também de muitas inquietações. Nesse período, temos o estudo e as primeiras relações afetivas de amor e amizade. Eu acredito que o grupo é uma grande reposta ao mundo de hoje, porque participar de um grupo significa que eu faço parte de algo que é maior do que eu. Estou junto com outras pessoas no mesmo projeto e sei que essas pessoas estão comigo e que eu posso confiar nelas. Uma das características do Shalom é a amizade, a amizade adquirida através da experiência com Jesus”, destaca o religioso.

Francianne também frisa a relação de amizade entre os integrantes do grupo. “Existe um diálogo muito grande entre os participantes de diferentes gerações. Inclusive, de algumas pessoas com as quais eu nem tinha afeição acabei me tornando amiga. A música, as missas e os diálogos são muito importantes para manter o grupo.” Josiane conclui dizendo que o grupo está de portas abertas para todos os jovens interessados em participar. “Estamos aqui para mostrar que a Igreja não é um lugar chato, pelo contrário. Nós queremos mostrar que a Igreja é também lugar para jovens. Quanto mais pessoas entrarem no nosso grupo, maior será o incentivo para permanecermos atuando na cidade, quem sabe por mais 25 anos.”

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