Incerteza e dúvidas dominam o comércio de Resende Costa


Economia

José Venâncio de Resende0

Em Resende Costa, comércio fechado e blitz da Secretaria Municipal de Saúde para monitorar quem entra na cidade (Foto André Eustáquio)

Demissões, paralisação de oficinas, queda nas vendas das lojas, pousadas totalmente vazias, restaurantes e bares ressentindo a queda do fluxo turístico. Esse é o cenário de Resende Costa neste tempo de pandemia do coronavírus Covid-19, caracterizado por uma situação de incerteza e de muitas dúvidas, de acordo com Luciene Cardoso, presidente da Asseturc (Associação Empresarial e Turística de Resende Costa).

As oficinas de produção de artesanato têxtil estão parando. Algumas continuam o trabalho até terminar a matéria prima disponível ou finalizar alguma encomenda. Outras já paralisaram. “Então, temos uma situação de artesãos ficando sem renda”, diz Luciene. Nas lojas, cerca de 80 na cidade, já se percebe um movimento turístico próximo de zero, com vendas pouco significativas. “Acredito que seja um movimento relativo a material para atacadistas, que também está diminuindo significativamente”, acrescenta.

A queda acentuada nas vendas das lojas e a paralisação gradativa das oficinas estão acarretando as primeiras demissões, conta Luciene. “Algumas empresas estão optando por fazer demissões de parte de seus funcionários, às vezes pensando em recontratá-los num futuro mais favorável.”

Outras empresas estão dando férias coletivas a seus funcionários, segundo a presidente da Asseturc. Esperam que o cenário fique mais claro, desanuviado da presente incerteza. “As empresas não tem como fazer nenhum tipo de investimento, a postura dominante é de corte de custos e de espera por um momento em que as atividades possam ser retomadas.”

 

Cautela

O setor está se inteirando das medidas tomadas pelo governo, diz Luciene. Uma dessas medidas é a linha de crédito especial, com juros de 3,75% ao ano, oferecida às empresas para que possam cumprir com suas obrigações patronais (pagar funcionários e assim evitar demissões). “Mas não é toda empresa que vê nisso uma boa oportunidade.”

Alguns empresários reclamam da burocracia para se obter esse financiamento, relata a presidente da Asseturc. Além disso, “trata-se de um empréstimo e não um subsídio real”. As empresas estão preocupadas e cautelosas em assumir risco e um encargo maior. “O esforço é de contenção de gastos, esperando por um momento mais propício e de maior certeza quanto ao mercado”, conclui Luciene.

 

Abastecimento

O medo do desabastecimento, num primeiro momento, levou ao aumento acima da média do consumo nos supermercados, diz Cláudio Márcio de Matos Rocha, do Bom Preço e diretor financeiro da Asseturc. O consumo mantém-se elevado por ainda haver algum recurso circulando na economia (salários, aposentadorias, reservas etc.) e pelo temor da falta de recursos no futuro (dinheiro e crédito limitados).

Mas, “agora, entraremos na terceira fase, essa com situação mais grave, de falta de recurso para comprar e iliquidez do crédito”, alerta Cláudio. A consequência será a paralisação, acrescenta.  

Em Resende Costa, há a cultura no comércio “de anotar – os próprios comerciantes bancam o crédito”, lembra Cláudio. Mas, “para alguns nichos (restaurantes e bares, lanchonetes, lojas de roupas e pousadas) já está complicado; já estão no processo de demissão, férias antecipadas etc.”

Com isso, a rede de abastecimento será afetada, de acordo com Cláudio Rocha. Ele alerta que os supermercados caminham para entrar “na terceira fase”, em consequência da situação de escassez de dinheiro no mercado.

A saída é buscar maneiras de amenizar o problema, diz Cláudio, num trabalho conjunto da Asseturc com a prefeitura. “Boas ou ruins, eficazes ou não as medidas dos governos (municipal, estadual e federal), vamos divulgar e orientar. Vamos somar esforços para minizar a dor e o sofrimento, tanto na saúde física quanto na econômica.”

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