Inclusão de pessoas com deficiência na sociedade merece ser discutida mais vezes


Educação

Emanuelle Ribeiro0

CMEI de Resende Costa - Alunos aprendem linguagem de sinais

A exclusão social é uma realidade antiga e que traz graves consequências não só para aquele que é excluído, mas também para a própria sociedade. Nos últimos anos, porém, a inclusão pelo menos tem sido discutida. Mas faltam ações concretas. A sociedade possui barreiras, como o fato de separar as escolas regulares dos alunos com necessidades especiais. A barreira mais difícil é o preconceito, mas existe ainda a questão da estrutura física e falta de conhecimento a respeito dos direitos dos deficientes por parte dos seus familiares. Para que a inclusão aconteça, a sociedade e a escola precisam reconhecer que todos são diferentes e que isso não é um problema.

Antônio Resende, presidente da Apae de Resende Costa, Escola Especializada “Pingo de Luz”, acredita que o principal desafio para promover um trabalho de conscientização para que as pessoas com alguma deficiência possam ser inseridas na sociedade, é o envolvimento dos governantes por meio da “efetivação das leis já existentes e, que muitas vezes, não são implantadas. Outro ponto que cabe ressaltar é a falta de acessibilidade em ambientes públicos, onde a maioria das pessoas com deficiência física possui dificuldades de locomoção, até mesmo nas ruas”.

Para ele, Resende Costa caminha para tornar a inclusão realidade: “Estamos em grande progresso. Em Resende Costa já existem algumas adaptações no ambiente escolar, bem como o programa de estagiários designados a acompanhar o progresso de crianças com alguma dificuldade de aprendizagem. Porém, sempre podemos melhorar, com, por exemplo, investimento em materiais pedagógicos para dar o suporte necessário a essa aprendizagem”.

Segundo a secretária municipal de Educação, Silvanda Resende, nos últimos anos, o Poder Público tem percebido a necessidade de criar melhores condições para receber alunos com necessidades especiais: “As escolas passaram por reformas que melhoraram a acessibilidade física, como a construção de rampas e adaptação dos banheiros. Consideramos fundamental o incentivo previsto na lei e defendemos que as pessoas com necessidades especiais têm de estar na escola regular juntamente com os outros alunos. A relação é benéfica para os dois lados. A inclusão é essencial não só para as pessoas com deficiência, mas para os outros alunos também, já que eles vão encarar o mundo com maior diversidade. Todos ganham com a inclusão”.

O presidente da Apae cita como a Administração Pública pode atuar para favorecer a inclusão: “É importante auxiliar a inclusão em todas as suas esferas, desde a criação de cursos e capacitação para os professores que trabalham com crianças com deficiência, até a implantação de medidas que aumentem a inclusão delas na sociedade, como facilitar sua entrada no mercado de trabalho. Outra forma de auxílio seria aumentar o suporte público para as instituições que trabalham com crianças que possuem alguma deficiência, pois estas instituições são a porta de entrada dessas crianças na sociedade”.

Silvanda insiste no valor do Programa de Estagiários criado pela atual Administração: “Para a Secretaria Municipal de Educação é de extrema importância, pois temos alunos que precisam de um acompanhamento individual comprovado por laudos de especialistas e estes estagiários fazem o trabalho dentro da sala, auxiliando o professor/regente. É um atendimento personalizado que merecia ser implantado”.

Conforme o presidente da Apae, as pessoas também devem estar abertas a conhecer a realidade daqueles portadores de deficiência e acolhê-los: “Acredito que todo preconceito, seja ele por raça, crença, opção sexual ou deficiência, precisa ser extinto da sociedade. Todos nós possuímos os mesmos direitos e deveres. Existe, às vezes, a impressão de que uma pessoa com deficiência está à margem da sociedade, porém ela pode viver uma vida normal. Tudo bem que ela possa necessitar de algum cuidado específico, mas ainda assim ela tem condição de participar de tudo como qualquer outra pessoa”.

O papel da escola convencional, para Antônio, é promover as adaptações necessárias, tanto físicas quanto pedagógicas, para receber o aluno com necessidades especiais, e não o aluno se adaptar ao sistema. A secretária de Educação concorda: “Precisamos conhecer as potencialidades de cada aluno e adequar a escola a ele. Os profissionais das escolas pensam muito no aspecto social, na interação entre todos os alunos e os de necessidades especiais. Desde cedo, aprendem a conviver com as diferenças, auxiliando na construção de uma sociedade mais solidária e livre do preconceito. Acredito que os alunos com necessidades especiais são bem acolhidos na rede municipal de ensino. Em Resende Costa, atendemos, por exemplo, alunos que apresentam limitações físicas e intelectuais, os quais são acompanhados de perto pelo estagiário”.

Cleide Oliveira, pedagoga no Centro Municipal de Educação Infantil Aquarela, conta que, atualmente, o Cmei atende um aluno com surdez profunda: “Ele é acompanhado por uma professora intérprete de libras, juntamente com a professora regente da sala. A intérprete, além de trabalhar libras como a primeira língua do aluno surdo, tem ainda desenvolvido essa língua com os outros alunos da sala. Isso é muito importante para as crianças que, além de terem conhecimento de uma nova língua, podem visualizar as diferenças de perto e assim respeitá-las”.

O presidente da instituição explica ainda que a Apae de Resende Costa, além de atendimentos escolares, pedagógicos e clínicos, procura sempre promover eventos em parceria com as outras unidades escolares do município: “Festa Junina, Semana Nacional de Pessoas com Deficiência Intelectual e Múltipla, visitas domiciliares, como forma de integralizar a sociedade com nossos alunos. O objetivo é dar o suporte necessário para que o aluno desenvolva sua autonomia e chegue à escola regular com menos desafios, podendo se adaptar mais facilmente”.

Antônio reconhece que o município tem avançado quando o assunto é acessibilidade: “Podemos perceber muitas melhorias e percebo um grande avanço em nossa cidade, como a rampa de acesso à prefeitura, escolas, prédios públicos, elevador de acesso à Câmara Municipal, Biblioteca Municipal, rampas nas calçadas. Ações que tornam a cidade bastante acessível aos alunos com deficiência. Mas sempre é possível melhorar e estamos aí para buscar essas melhorias”.

“Temos conseguido muitos avanços por meio de pessoas que abraçam nossa causa Apaeana. A comunidade resende-costense sempre nos auxilia com doações e trabalho voluntário. Quero, então, deixar o convite à população para vir conhecer de perto o nosso trabalho e ‘APAExonar-se’ por nossos alunos”, conclui Antônio.

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