Infestação de escorpiões preocupa população de Resende Costa

De acordo com setor de epidemiologia, Prefeitura vai realizar dedetização de áreas com registro dos aracnídeos


Cidades

Vanuza Resende0

Eles preocupam todo o Brasil e os acidentes envolvendo-os estão cada vez mais comuns: os temidos escorpiões. De acordo com dados mais recentes divulgados pelo Ministério da Saúde, em 2018 o país registrou uma média de 429 acidentes diários com picadas de escorpião. Se fizermos um comparativo com o ano de 2008, o quadro quase quadriplicou. Em 2008, os dados registravam 40.287 acidentes com o aracnídeo; o número subiu para 156.833 em 2018. Ainda que sem dados divulgados pelo Ministério da Saúde para o ano de 2020, Resende Costa se preocupa com as ocorrências de aparecimento do animal peçonhento. Leitores do JL relataram aparecimento de escorpiões em diversos pontos da cidade, principalmente no bairro Nova Resende.

O coordenador do setor de epidemiologia da Prefeitura Municipal de Resende Costa, Reginaldo Magalhães, disse que há muitos anos o município vem registrando aparecimento de escorpiões. No entanto, em 2020, houve um aumento desses registros. “A gente estava conseguindo controlar os casos de aparecimento dos escorpiões, a endemia fazia mais o trabalho de informação e de orientação da população. Mas em 2020 a incidência de escorpião aumentou muito, principalmente no bairro Nova Resende”, afirma Reginaldo. No mês de junho, após ocorrências constantes relatando aparecimento dos animais, o setor de epidemiologia atuou no bairro Nova Resende para detectar a presença dos escorpiões. “Nesse trabalho, durante uma semana, procurando de casa em casa, foram encontradas dezenove espécies. Um número muito grande”, destaca Reginaldo.

Reginaldo Magalhães atribui as ocorrências de aparecimento no bairro sobretudo aos cemitérios localizados nos arredores. “O que eu pude verificar é o que os escorpiões estão saindo dos três cemitérios do município; hoje a gente fala que são três, devido à ampliação do cemitério municipal. E também dos bueiros. Nós procuramos a COPASA (Companhia de Saneamento de Minas Gerais), responsável pelo tratamento de água e esgoto no município, e a empresa disse que nada pode fazer”. O coordenador explicou que o setor de obras da prefeitura abriu um pregão para dedetização dos bueiros e dos cemitérios, mas nenhuma empresa, até o momento, se candidatou a fazer o serviço. “Com a quantidade de metragem que estava no pregão, nenhuma empresa se interessou. Porque só havia a metragem do lado externo do cemitério. Agora, a gente vai fazer um novo processo licitatório com toda a área do cemitério, além dos 48 bueiros. Com um serviço maior, com mais de sete mil metros quadrados, eu garanto que vai aparecer empresa interessada”. Reginaldo prevê que até o mês de outubro deverá ser realizada a dedetização no bairro Nova Resende.

Escorpiões têm predileção por ambientes escuros, quentes, úmidos e que tenham insetos — especialmente baratas, alimento favorito do aracnídeo. Por isso, podem ser encontrados em subsolo de edificações, construções inacabadas, entulhos, terrenos baldios, cemitérios, forros, ralos e sótãos de casas. Geralmente, os acidentes são mais comuns no verão.

O ideal, portanto, é evitar ambientes onde a presença deles é mais comum e não acumular materiais de construção, como vigas, telhas e tijolos nos terrenos.  Reginaldo ressalta que, além do poder público, a população precisa contribuir para evitar a proliferação dos escorpiões. “Infelizmente, algumas pessoas não colaboram. É assim com a dengue, por exemplo: a gente pede, orienta e muitas vezes a população não colabora. Precisamos da ajuda da população para combatermos.”

Caso as pessoas encontrem algum escorpião em casa, o procedimento inicial é comunicar imediatamente o setor de epidemiologia para que os profissionais possam fazer uma visita ao local e repassar as devidas orientações aos moradores.

Em caso de acidentes com escorpião ou qualquer outro animal peçonhento, a recomendação é procurar atendimento hospitalar, com urgência. Se possível, levar o animal para identificação. Os sintomas variam de acordo com o tipo de escorpião, a quantidade do veneno inoculada e a massa corporal do paciente. Em crianças e idosos, os sinais são mais graves. De acordo com o Hospital Nossa Senhora do Rosário, realizado o atendimento, o paciente fica em observação fazendo uso de medicação de analgesia, caso o quadro seja considerado leve. Em casos moderados e graves, a unidade de saúde faz a aplicação de um soro antídoto para o veneno.

Na região do Campo das Vertentes, as unidades de saúde precisam solicitar o soro à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de São João del-Rei, que concentra todos os tipos de antídotos e faz o repasse aos municípios quando necessário.

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