Entre 30 de maio e 2 de junho, feriado de Corpus Christi e comemoração do aniversário de 112 anos de emancipação política de Resende Costa, a Mostra de Artesanato e Cultura chegou à sua décima edição. Na programação musical, destaque para o show de Renato Teixeira, no sábado (1º de junho), e Chico Lobo, na quinta-feira, 30, abrindo a Mostra. Durante o dia, o público visitou, no estacionamento do CAT (Centro de Atendimento ao Turista), exposições, feiras e oficinas. A Mostra de Artesanato e Cultura foi criada com o objetivo de celebrar a vocação e o produto carro- chefe da economia da cidade: o artesanato.
Com a criação da Secretaria Municipal de Turismo, Artesanato e Desenvolvimento Econômico – SETADE, a realização da festa em 2024 ficou por conta da pasta. O secretário Edmar de Assis falou ao JL sobre o planejamento da Mostra neste ano. “Tentamos manter sempre o tear como foco principal do evento, mas este ano entendemos que, em Resende Costa, há uma diversidade de artesanato além do tear. Temos outros artistas talentosos com peças belíssimas que também foram destaque. Realizamos oficinas de cutelaria, com fabricação de facas ao vivo, cerâmica e pintura, todas com excelente público durante todo o evento. Além disso, a Cozinha do Inconfidente destacou as mulheres vencedoras do III Concurso de Prato Típico Rural, que também foi um sucesso de público. A cadeia produtiva contou com um artesão diferente, trazendo uma nova proposta, porém mantendo o empenho e a beleza dos outros anos”.
O prefeito em exercício Lucas Paulo destacou os objetivos do evento, que já se consolidou como um dos maiores do município. “Tínhamos a responsabilidade de fazer um grande evento, já que se comemorava a 10ª edição da Mostra. E também queríamos mostrar o nosso trabalho. Recebemos muitos turistas, daí mostrarmos como realmente é o funcionamento do artesanato, do tapete e a nossa história. Por isso, a criação das oficinas. Era um objetivo nosso deixar o evento e o espaço do estacionamento do CAT bem receptivos. Acreditamos que atingimos esse objetivo”.
Lucas Lara, chefe da Divisão de Turismo e Artesanato de Resende Costa, disse que a valorização da diversidade cultural foi prioridade na 10ª Mostra de Artesanato e Cultura. “A exposição viva da linha produtiva do tradicional artesanato de Resende Costa teve o seu devido protagonismo. Tudo com muito bom gosto, moradores e visitantes puderam ‘experienciar’ a tecelagem, colocando a mão na massa ao mesmo tempo que conheciam a história e a técnica envolvidas em nosso artesanato. Inclusive, tivemos um momento incrível com artesãos que fizeram uma potente instalação no CAT”.
Lara também reforça a presença de outros tipos de artesanato produzidos em Resende Costa, além do têxtil: “O artesanato em nossa cidade vai além da tecelagem. Por isso, outras oficinas aconteceram durante a programação. Destaque também para a feirinha de pequenos artesãos e produtores durante o evento. Este ano, conforme regulamentado, os participantes foram aqueles vinculados à feira que acontece durante o ano no CAT. Em 2024, a Mostra coincidiu com a data em que comemoramos o aniversário de emancipação político-administrativa de Resende Costa. Dessa maneira, o evento contou, também, com atos cívicos em comemoração aos 112 anos do antigo Arraial de Nossa Senhora da Penha de França da Lage”.
Edmar completa falando sobre a importância do evento para Resende Costa. “Acreditamos que proporcionar uma imersão completa no universo do tear de Resende Costa é a melhor maneira de enriquecer a experiência de nossos turistas, munícipes e visitantes. Com isso em mente, oferecemos a oportunidade de participação na cadeia produtiva, possibilitando que os participantes confeccionem suas próprias peças, além de terem a história do tear contada de forma presencial. Complementando essa experiência, disponibilizamos diversas oficinas, permitindo que os presentes acompanhassem todo o processo de fabricação, desde a cutelaria até a cerâmica e a pintura”.
Programação Musical
Lucas Lara detalha como foi o planejamento dos shows musicais. “Cumprimos a promessa da 10ª Mostra ser uma das mais diversas e ecléticas de suas edições. Nas atrações musicais, ouvimos MPB, pop, pop-rock, rock, samba, forró, chorinho e até sertanejo. Com um olhar voltado para nossas raízes e ancestralidade, tivemos a grata satisfação de receber Renato Teixeira e Chico Lobo. Valorizando a cena musical feminina, contamos com tributo à Rita Lee, com a banda Monster, e cover da Pitty, com a banda Anacrônico. Além disso, desfrutamos dos vocais femininos da Nat Freitas, da Flor de Minas, da Nádia Alamino, com a banda resende-costense Via Oito, e da Nara Resende, em seu duo com o César Guedes. Para completar o time de artistas locais, tivemos Um Duo Qualquer e os musicistas Foca, Felipe e Wagner, que comandaram uma roda de choro no almoço de domingo. Como se não bastasse, recebemos ‘vizinhos’ com showzaços da banda Zero Grau e do Gabriel Marzano. E não é que teve carnaval em junho? No domingo do evento, dia 2, recebemos o G.R.E.S. Vem Me Ver, de São João del-Rei, que terá o artesanato de Resende Costa como seu enredo para 2025”.
100% de ocupação hoteleira
Além de contribuir para o aumento nas vendas nas lojas de artesanato durante o feriado, bem como para a divulgação dos produtos, a Mostra contribui como um todo para a economia do município. De acordo com a organização, a rede hoteleira da cidade registrou ocupação de 100%. Lucas Paulo comentou sobre a contribuição do evento para o aquecimento do comércio de Resende Costa. “Vimos a cidade cheia, com turistas ocupando pousadas e restaurantes. As pessoas que vêm para a festa conhecem como que se produz o tapete, o que é a história do artesanato e isso fortalece e valoriza o produto. Conseguimos fazer, mais uma vez, um evento com muito movimento, além de valorizarmos o artesão e levarmos o nome da cidade a diversos locais”.
A tecelagem
O artesão e empresário têxtil Israel Wilver da Silva Carlos foi o responsável neste ano pela linha de produção do artesanato, um dos principais atrativos do evento. Israel conversou com a reportagem do JL e falou sobre a sua participação na 10ª edição da Mostra. “É uma experiência muito boa fazer parte da história da Mostra de Artesanato e Cultura. Trata-se da oportunidade de mostrar um pouco do nosso dia a dia, o processo de produção e algumas das dificuldades da nossa área. Eu trouxe para essa edição do evento algumas peças da Israel Tecelagem, como tapetes em formatos orgânicos, que estão super em alta. Além de painéis onde trabalhamos várias tendências e inovações, também cortinas, almofadas, todas fabricadas por nós mesmos e de forma artesanal. Destaco a combinação criada em parceria com Visil Decor; a partir dessa parceria, trouxemos inovação, arte e bom gosto para todo o evento”.
O artesão Israel falou também sobre as características do seu trabalho e das técnicas utilizadas por ele e que vêm fazendo sucesso. “Eu gosto muito de fazer coisas diferentes, trabalhos únicos. Cada peça feita tem uma história única; a inspiração vem de cada necessidade; normalmente acompanho muito o trabalho de artesãos do exterior e me inspiro em diversos artistas e tendências. Trabalhamos principalmente com resíduos têxteis. Temos parceiros com madeira e pedras, e uso principalmente o tear como base para minhas peças. No entanto, acrescento várias técnicas diferentes para fazer peças com outros conceitos. Tenho várias técnicas que eu mesmo desenvolvi ou adaptei para minha própria criação. A Mostra foi a oportunidade de mostrar meu trabalho para a população, sendo que boa parte dela não conhecia”.
Israel também fala sobre os desafios enfrentados no setor do artesanato em Resende Costa. “A maior dificuldade é passar para o comprador o valor da nossa mercadoria. Infelizmente há muitos fabricantes e comerciantes que vendem os produtos com o preço muito abaixo e isso causa uma comparação chata e complexa. Quem perde com isso é Resende Costa. Tive a oportunidade de mostrar todo o processo por trás de cada peça pronta e a quantidade de pessoas envolvidas para a finalização de apenas uma peça. Mostrar que quem vai comprar está levando toda uma história, e não só mais um tapete feito em máquinas. Acho que temos que discutir sobre a precificação de produtos aqui na cidade. Estamos enfrentando ainda a dificuldade com a mão de obra pela falta de valorização”, chama a atenção o artesão.
Lucas Paulo conclui ressaltando a importância da participação da comunidade no evento: “A festa é da população. Nós oferecemos toda a estrutura, pensando no melhor da questão, especialmente na escolha dos artistas, na parte cultural... Mas só dá certo se a comunidade abraçar. Acreditamos que o envolvimento da comunidade tem crescido, porém ainda é necessário mais. Precisamos que os lojistas acreditem mais na Mostra, que os artesãos realmente entendam a importância do nosso principal produto, o artesanato, para valorizarem a mão de obra”.