No caminho da fé, um destino: Aparecida

Peregrinos resende-costenses vão a cavalo e a pé rumo a Aparecida, capital da fé


Lucas Lara


Antes de iniciarem a viagem, os cavaleiros receberam a bênção em frente a igreja matriz de Nossa Senhora da Penha, em Resende Costa (foto - arquivo pessoal) (1)

As romarias são atividades religiosas de peregrinação e sua tradição é uma manifestação popular que remonta aos séculos passados, muito provavelmente trazida pelos portugueses. A finalidade de uma romaria é diversa e pode ser para cumprir um voto, uma promessa, agradecer ou pedir uma graça. As primeiras romarias de que se tem registro no Brasil aconteceram na primeira metade dos anos 1700, coincidindo com a história de Aparecida, a capital da fé.

Desde outubro de 1717, quando o pescador Felipe Pedroso e seus familiares começaram a venerar em casa a imagem encontrada no rio Paraíba do Sul, os romeiros estavam e estão ao lado da Virgem Aparecida, vindos de todos os recantos do Brasil e do mundo. Segundo o portal “A12”, eles aqui já chegaram de carro de boi, de trem, de caminhão, a cavalo e a pé, e hoje também chegam de ônibus, de carro, de bicicleta, de moto, de charrete, e até de helicóptero; de geração em geração, príncipes, cientistas, literatos, presidentes e governadores, homens do campo e das cidades, padres, freiras, bispos, cardeais, papas, autoridades, militares, artistas, atletas. Hoje, diariamente, milhares de romeiros chegam ao Santuário Nacional para visitar a imagem de Nossa Senhora Aparecida em seu nicho. Nesses quase 305 anos de história, os peregrinos rumam ao Santuário das formas mais diversas para agradecer e pedir a intercessão da Mãe Aparecida.

Entre os dias 25 de abril e 6 de maio, um grupo de resende-costenses se propôs a percorrer os quase 350 quilômetros a cavalo até Aparecida, em gesto de fé e amizade. A romaria foi sonhada por mais de dois anos, sendo adiada pela pandemia da Covid-19. O grupo foi composto por 14 cavaleiros, que se intitularam como Romaria “Os Matreiros”, o que reflete o matuto com agudeza de espírito e com virtude de sagacidade para alcançar o seu objetivo. Entre eles, estavam: André, Bruno, Carlos Flávio, Elton, Filipe, Flávio Júnior, Gledyson, Leonardo, Marcelo, Otávio, Rafael, Ricardo, Robson e Ronaldo. Para eles, a paixão por equídeos reuniu amigos para realizar essa viagem em romaria de Resende Costa (MG) a Aparecida (SP). Além dos cavaleiros, uma equipe de apoio os acompanhava: Claudomiro, Elder, Marleysson, Tiago, Zé Raimundo e Zezinho. Ressalta-se, também, o cuidado, carinho e zelo com os animais, seus fiéis companheiros nessa jornada.

André Lara foi idealizador e organizador da cavalgada. Para ele, que é aparecidense e mora em Resende Costa desde o seu segundo ano de vida, a devoção a Nossa Senhora Aparecida vem de berço. À intercessão dela, ele atribui decorrentes milagres. A cavalgada, de certa forma, é para render graças e deixar o ex-voto após ter sobrevivido a um grave acidente e sucessivas cirurgias. Cada um carregava em si um estímulo, seja para agradecer ou pedir, estavam ali unidos pela fé e devoção à Virgem Maria na pequenina imagem de Aparecida. Para André, a motivação do grupo vinha também na realização do sonho de todos e agradecimento por graças recebidas. De acordo com o mesmo, a preocupação para que tudo ocorresse da melhor forma e a distância de seus lares e famílias foram superadas pelo acolhimento em todos os lugares por onde passaram e pela chegada à Casa da Mãe, sendo recebidos pelos seus entes queridos.

Aos pés de Nossa Senhora da Penha de França, receberam a bênção de envio. A partir dali percorreram por doze dias o caminho rumo à cidade de Aparecida. Saindo de Resende Costa, passaram por outras doze cidades, até que no dia 5 de maio puderam encontrar-se com familiares e amigos em frente à basílica histórica em Aparecida. A emoção estava estampada nos rostos de quem chegava e de quem recebia. Um misto de sensações: agradecimento, cansaço, saudade, alegria pela missão cumprida. Da igreja velha partiram rumo ao destino final, o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, onde se encontra a milagrosa imagem, pescada no século XVIII. Por fim, no dia 6 de maio, ao redor do altar participaram da Santa Missa, encerrando essa primeira romaria.

 

Peregrinos de Resende Costa chegam a pé em Aparecida

Na mesma celebração da qual participaram os cavaleiros, chegavam ao Santuário outros seis peregrinos de Resende Costa, vindos a pé de Varginha (MG). Os resende-costenses Carlos Roberto, Dautre, Gilcélia, José Carlos, Rogênia e Rosimaria se juntaram à Romaria “Peregrinos de Maria”, que, em 8 dias, percorreram 275 quilômetros caminhando. Para Dautre Resende Batista, a maior dificuldade está nas dores vindas das longas distâncias caminhadas e na estrutura psicológica necessária. Para ele, as peregrinações geram muito aprendizado e lição de vida ao se vivenciar o desapego e poder ajudar e ser ajudado pelo irmão, estando todos do grupo uns pelos outros.

É a quarta vez que Dautre vai a pé até Aparecida, mas, dessa vez, com uma missão especial: ser guia desse grupo de dezenas de peregrinos. Dautre afirma que chegar até a casa da Mãe Aparecida a pé é um sentimento que não dá para explicar, afirmando, ainda, o sonho de sair em romaria a pé de Resende Costa.

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