A Europa vai proibir os milhares de voos até 600km (talvez 1000km) de distância no continente, para reduzir o consumo de combustível fóssil e assim contribuir com o combate ao aquecimento global. Por isso, Portugal pretende, nos próximos anos, investir na ampliação e modernização da rede ferroviária eletrificada, tanto interna quanto nas ligações com a Espanha.
É o que propõe o documento “Visão estratégica para o plano de recuperação econômica de Portugal 2020-2030”, apresentado, no dia 21 de julho, à consulta pública pelo engenheiro Antônio Costa Silva, consultor do governo. Ele é o autor do estudo que servirá de base para o plano de recuperação pós-pandemia que terá de ser enviado em outubro a Bruxelas (capital da União Europeia).
Sustentabilidade e competitividade são palavras-chave. “A questão das infraestruturas físicas é absolutamente indispensável”, resume Costa Silva. No estudo, ele recomenda um comboio (trem) de alta velocidade entre as cidades de Lisboa e Porto, o que reduziria o tempo de viagem para cerca de 1:30h a 2:00h. “Nós temos que articular as ligações que existem com esse troço de maior velocidade e ter um trajeto absolutamente eficaz, senão perde competitividade ao nível da economia global”, acrescenta.
Ecossistema inovador
Costa Silva cita regiões do interior “absolutamente fundamentais”, como Bragança, Guarda e Évora, “cidades que tem um ecossistema inovador com os (institutos) politécnicos e as universidades”. Mas não só: “Se olharmos para o Fundão, é um microcosmo das tecnologias digitais; se olharmos para Castelo Branco e para a Covilhã, há um polo de investigação biomédica”. E por vai.
Com base nessas “âncoras”, ele defende o desenvolvimento de “espaços geoeconômicos integrados”, que se devem articular com as duas grandes regiões (Lisboa e Porto) e “dialogar com a Espanha”. A conclusão da modernização da rede ferroviária elétrica nacional deve resultar em ligação eficiente com o mercado espanhol. Dessa forma “nós exploramos completamente a ligação com a Europa continental com a rede ferroviária elétrica”.
É o que Costa Silva chama de “hinterland ibérico”, no qual “as nossas mercadorias penetram muito pouco”. Por isso, com a construção dos espaços geoeconômicos integrados, “nós vamos mudar a vida do interior do país, ligá-lo à conectividade global, penetrar no mercado ibérico e superar a exiguidade do nosso mercado interno”.
Fonte: TVI e jornal PÚBLICO