Projeto de brinquedos tradicionais na CEMEI Aquarela resgata memórias e fortalece vínculos familiares


Educação

Vanuza Resende0

Projeto pedagógico do CMEI Aquarela revive brincadeiras tradicionais para otimizar o aprendizado das crianças (foto CEMEI Aquarela)

Amarelinha, queimada, roda, carrinho de rolimã, corrida do saco, pião, bilboquê, cata-vento... Brincadeiras que já foram muito tradicionais e eram o centro das atenções nas escolas e no encontro de crianças, mas acabaram sendo esquecidas e pouco a pouco perderam espaço para os celulares, tablets e demais eletrônicos que ocupam cada vez mais espaço.

Para resgatar esse tempo (e essas brincadeiras), o Centro Municipal de Educação Infantil Aquarela – CMEI Aquarela - realizou o projeto “Brinquedos e Brincadeiras Tradicionais”, que movimentou a comunidade escolar e proporcionou momentos únicos para as famílias e crianças da Educação Infantil.

A iniciativa, que teve a proposta de resgatar as antigas brincadeiras dos tempos de nossos pais e avós, foi idealizada em comemoração ao Dia Nacional da Educação Infantil, conforme explicou Sandra Reis Vale, diretora da instituição: “A ideia surgiu a partir da data de comemoração do Dia Nacional da Educação Infantil. Diante disso, pensamos em fazer algo que envolvesse escola e comunidade escolar e que fosse um momento prazeroso”, disse.

O projeto tem como principal objetivo não só resgatar brincadeiras antigas, mas também estabelecer vínculos familiares em um contexto em que a tecnologia está cada vez mais presente no cotidiano das crianças. Cleide Cristina Oliveira, pedagoga do CMEI Aquarela, destacou a importância de trazer essa conexão entre gerações: “O objetivo é resgatar brincadeiras antigas (do tempo de nossos pais e avós) e, assim, estabelecer vínculos familiares entre gerações em tempos de tanta tecnologia”, reforça.

 

Participação das famílias

A receptividade das famílias foi um dos pontos altos do projeto. Claudirene Ribeiro de Souza, mãe da pequena Diana Maria Ribeiro Resende, aluna do maternal, compartilhou sua experiência e emoção de participar da iniciativa: “Eu achei a ideia do projeto fantástica, com um significado muito expressivo para nós, pais. O resgate de nossas memórias de infância que revivemos e passamos para nossos filhos é muito importante na sociedade na qual eles vivem. Esse projeto possibilitou mostrar a eles a magia que era construir seus próprios brinquedos em casa, junto com a família”.

Sandra pontua como é importante o papel da família no crescimento e no desenvolvimento das crianças. “A adesão e a participação dos pais foram surpreendentes e enriquecedoras. Foi possível ver o brilho no olhar dos familiares, recordando e brincando junto com as crianças. O momento foi muito prazeroso e significativo. A troca entre os envolvidos gerou aprendizado, amor e lembranças que serão guardadas para sempre”, disse.

Claudirene destacou também como o projeto ofereceu uma oportunidade de integração familiar num cenário dominado pela tecnologia, onde o tempo para atividades em conjunto se torna cada vez mais raro: “em um mundo tão tecnológico, com tanta facilidade e acessibilidade em várias redes de comunicação para as crianças, fica um pouco mais difícil para nós, pais, que na maioria das vezes trabalhamos fora, inserir uma infância mais saudável, com brinquedos e brincadeiras criados em casa”.

Camila Coelho, farmacêutica e acadêmica de fisioterapia, mãe dos alunos Alice e Samuel, disse que teve a oportunidade de voltar à infância: “o projeto Brinquedos e Brincadeiras Tradicionais feito pela Aquarela foi muito legal, me fez voltar à minha infância. Contei para meus filhos como eu brincava na rua com meus amigos e realizei com eles brincadeiras que eu fazia. Atualmente as crianças, e nós também, somos muito dependentes da tecnologia. Não que ela não seja importante, mas ela está atrapalhando o desenvolvimento e a concentração dos nossos pequenos. Sempre tento tirar meus meninos das telas e brincar com eles. Sempre inventando alguma brincadeira nova para fazer. Com o projeto da Aquarela, consegui fazer brincadeiras novas com eles e eles amaram. Agora eles me pedem para brincar de queimada, de siga o mestre, de Maria viola, entre outras”, pontua.

 

As brincadeiras e os brinquedos tradicionais

Entre as brincadeiras mais apreciadas pelas crianças, Cleide menciona a queimada e a corrida de saco como grandes destaques, além de brinquedos, como o carrinho de rolimã, cataventos e piões. A pedagoga ressalta o impacto positivo dessas atividades na socialização e no desenvolvimento das crianças: “Queimada, por exemplo, teve um impacto positivo na questão de saber esperar sua vez, de respeitar as regras e de saber perder. É um processo de aprendizado importante”.

Além de fortalecer vínculos entre pais e filhos, o projeto promove o desenvolvimento das crianças. Cleide reforça a importância do brincar para o aprendizado e o desenvolvimento integral: “o brincar é um elo importante para conciliar o lúdico com o desenvolvimento cognitivo. É por meio dele que nossas crianças se desenvolvem plenamente em seus aspectos físicos, emocionais, cognitivos e interacionais.”

 

Superando os desafios da tecnologia

Um dos maiores desafios enfrentados pela escola ao implementar o projeto foi concorrer com a atração das telas digitais. Segundo Claudirene, muitas vezes é mais fácil deixar as crianças entretidas com dispositivos eletrônicos do que envolvê-las em atividades manuais e interativas. “Outro fator que também acaba contribuindo é que, mesmo em casa, devido às inúmeras responsabilidades diárias, acabamos deixando as crianças na frente das telas, ou por saber que estão quietas ou mesmo por falta de conseguir acessar a curiosidade delas em fazer algo diferente fora das telas”.

Sandra reconhece as dificuldades: “o maior desafio é despertar o interesse da criança, pois a tecnologia nessa geração é muito atrativa e imediatista. Porém, a partir do momento em que começam a interagir, percebemos uma alegria ao concluírem a brincadeira e participarem de todas as etapas de confecção de um brinquedo.

Todavia, tanto a mãe quanto os profissionais da escola perceberam que, uma vez engajadas, as crianças se envolvem de maneira entusiástica. “Brincando, as crianças aprendem habilidades de pensamento crítico, de linguagem, expandem seu leque de conhecimentos e aumentam sua consciência social e emocional. A criança aprende a lidar com o universo que a cerca, tornando-se autônoma, cooperativa, criativa e criadora, alcançando assim seu desenvolvimento pleno”, afirma Cleide.

 

Um projeto para o futuro

A iniciativa deu certo e serviu como motivação para novos projetos. Claudirene faz um apelo: “acredito que projetos assim deveriam ser implementados em todas as faixas etárias escolares. Porque unem a família, resgatam memórias e criam novas oportunidades para todos que participam. E o mais importante: traem a família para uma das passagens de vida mais importante dos filhos na sociedade, ou seja, a escola”.

Sandra Reis Vale e Cleide Cristina Oliveira expressaram o agradecimento a todas as famílias que se envolveram. “Agradecemos a todas as famílias do CMEI Aquarela, bem como a todos os profissionais da escola que se envolveram no projeto, enriquecendo cada momento com sua colaboração”.

Deixe um comentário

Faça o login e deixe seu comentário