Quanto custa ter um Carnaval?


Janete Helena


A alegria dos foliões ficou para o ano que vem (Foto: Cássio Almeida)

Entre estrutura, equipamentos de som, artistas, ornamentação, percussionistas, alimentação, montagem e equipe de apoio, deve sair por uma base de oitenta mil reais. Bem barato até, né? Poderia até ser maior o investimento, sendo tão importante para o município. Feito com o suor de uns poucos, criticado por muitos e amado por todos, o Carnaval de Resende Costa é sempre assunto. Para o bem ou para o mal, antes, durante e depois não se fala em outra coisa.

A festa das liberdades mais profanas e de todas as cores faz o esforço valer a pena e encanta a todos, sem distinção de raça, cor, faixa etária, classe social, gênero. Todo mundo fica junto. Todo mundo junto. Junto que é exatamente como não deu (nem está dando ainda) pra gente ficar. Pelo menos, por enquanto.

Difícil não lamentar que a tradição tenha sido adiada e que os tão esperados blocos tenham ficado silenciosos quando o que mais se desejava era ouvi-los de todos os cantos da cidade. Aquele barulho bom e familiar da Bateria do Rifugo, sabe qual? Sim, quando chegou a hora dele, tudo virou silêncio. E não teve o batuque que fazia até o resende-costense mais desanimado dar uma requebradinha marota. E não teve Chiano apitando e regendo os percussionistas, enquanto a multidão de fantasiados seguia gritando a plenos pulmões versos que já viraram parte da história da cidade.

Desde a criação da Secretaria Municipal de Turismo, Artesanato e Cultura, existe um movimento de resgate da nossa tradição carnavalesca. A intenção, além de voltar a ser destino turístico, é atender às novas demandas de um público cada vez mais eclético.

O trabalho é desafiador em muitas esferas, mas também gratificante quando conseguimos agradar públicos que, em outros momentos, não tiveram a atenção devida. É o caso da velha guarda de foliões que, nos últimos anos, puderam brincar o Carnaval à moda antiga, no Teatro Municipal. Com decoração e repertórios personalizados, não teve quem não dançasse ao som das famosas marchinhas e dos sambas-enredo mais conhecidos e guardados para sempre na memória.

O público infantil também foi agraciado com o retorno do Bloco do Palhacinho, que, em 2020, realizou oficina de percussão e fez entidades da sociedade civil organizada vislumbrarem a possibilidade de isso se tornar um projeto social permanente. Certamente, um serviço que viria bem à população em situação social vulnerável e pode vir a ser palco de revelação dos incontáveis talentos que essa terra é capaz de gerar.

Teve público de tudo que é tipo. E público exigente! As comissões organizadoras trabalharam sem cessar, focadas em resolver problemas, lidar com imprevistos e entregar o melhor resultado possível. O MELHOR POSSÍVEL! Nem sempre todos foram agradados, mas perfeito é um conceito irreal, não é mesmo?

Promover e organizar um Carnaval custa relativamente pouco, comparando-se aos benefícios psicossociais e econômicos resultantes do evento. Não ter um Carnaval foi doído. Porque conter a alegria, o amor e a animação dói mesmo, não é tarefa fácil.

Aqui escrevo de data anterior aos dias oficiais. Sigo o raciocínio esperançoso de que todos vão se comportar com empatia e se guardar pra evitar a propagação desse vírus que assusta e chega cada vez mais perto dos nossos.

Quanto é que custa, afinal, ter um Carnaval? Se for o último de todos, o valor é alto. Por isso, espero que tenham se guardado para, em 2022, poderem se jogar no que eu espero que seja diversão e alegria em dobro. Vontade pra fazer bonito a organização tem. Vamos esperar que o folião venha animado à altura.

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