Retorno gradual do turismo em Resende Costa começa a movimentar pousadas, restaurantes e lojas de artesanato


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O CAT (Centro de Atendimento ao Turista) será inaugurado em breve. Resende Costa se prepara para a volta do turismo (foto Marcinho Pinto)

O Governo de Minas Gerais divulgou dados sobre o turismo no estado. O novo relatório divulgado pelo Observatório do Turismo de Minas Gerais registra que, em agosto de 2021, mais de dois milhões de viajantes circularam pelo estado. Segundo dados da última Pesquisa de Demanda realizada pelo Estado, em 2016, visto que ainda não há uma medição mais atualizada deste viés até então, a média de gasto de um turista em Minas Gerais é de cerca de R$ 105,00 por dia. A média de permanência do viajante no estado é de aproximadamente seis dias, o que dá o valor R$ 630,00 por turista.

Ainda de acordo com o Governo Estadual, no que diz respeito ao movimento de empregos no setor do turismo em Minas Gerais, que vinha registrando quedas até o mês de maio, a partir de junho, com a recuperação exponencial que o setor vem passando, já houve registro de mais de 12 mil novas vagas preenchidas no acumulado.

O JL conversou com três empresários de Resende Costa sobre a recuperação do setor, fortemente impactado pela pandemia. Luara Ramona Teodoro Nascimento, proprietária da Churrascaria Ramona, falou sobre o movimento atual. “Hoje posso dizer que o movimento na Churrascaria voltou igual, ou até maior do que antes. E isso é muito bom para a nossa economia local, pois, geramos mais emprego, as lojas de artesanato voltaram com suas vendas beneficiando desde a pessoa que tece à que vende o produto final. Posso dizer que os ônibus de excursão já voltaram a todo vapor, e o mais interessante é que a classe da 3ª idade voltou a viajar normalmente. Muitos dizem que já não aguentavam ficar em casa. E o avanço da vacinação contribui muito para a retomada do nosso turismo”.

O proprietário da loja de artesanato “Alessandro Telinhas Tecelagem”, Alessandro Silva Resende, também avaliou o período. “A retomada gradual do turismo tem sido bem organizada e consciente. Percebemos que Resende Costa ficou mais conhecida e por isso mais procurada e visitada. Parabenizo todos que direta e indiretamente estão ajudando a divulgar o nosso artesanato, a nossa história e a nossa cidade. E agora que recebemos o título de ‘Capital Mineira do Artesanato Têxtil’ vamos nos esforçar para atender cada vez melhor os turistas”.

A proprietária da Pousada “Mirante das Lajes”, Márcia Coelho Resende Vale, disse que ainda não conseguiu retornar com o mesmo movimento de antes da pandemia, mas destacou o retorno gradual. “O movimento ainda é mais fraco. Pela primeira vez, desde a pandemia, no dia 13 de novembro,atendi a uma excursão e já tenho outra programada para o dia 6 de dezembro. Mas, ainda assim, não é o mesmo movimento de antes da pandemia. Numa época dessas, já tinha gente procurando para o Carnaval, por exemplo, nesse ano ainda não tem. Não consegui voltar ao normal ainda”.

 

Dificuldades do setor

Desde março de 2020, o setor de turismo sofreu graves prejuízos causados pela pandemia. Márcia relembra o fechamento da pousada. “Eu fiquei por volta de seis a sete meses fechado. Foi muito triste, porque a pandemia veio do dia para noite, então foi um período bem difícil. Quando eu fechei a porta, doeu até a alma. Não sabia quando eu ia voltar, tive que dispensar funcionários. Reabrimos, mas só com hóspede que comprovasse a necessidade de estadia, como médicos, viajantes, acompanhantes de pessoas internadas. Logo depois, podíamos ficar abertos com 30 e 50% da capacidade. Abri com 100% somente nos últimos dois meses. Hoje já consegui retornar com o número de funcionários anteriores à pandemia”.

De acordo com Luara, foram mais de seis meses sem atender clientes de forma presencial. “Por causa da pandemia ficamos seis meses fechados no ano passado, e mais 45 dias nesse ano. Enfrentamos algumas dificuldades no início, acredito que todos se sentiram inseguros e com medo, afinal a pandemia foi algo novo para todos. Tivemos que nos adaptar aos protocolos contra a Covid-19 e havia mudanças todas as semanas. E falar para um cliente como ele deveria se comportar era difícil, pois cada região do nosso país estava seguindo um protocolo diferente, de acordo com a prefeitura da sua cidade. Optei por não trabalhar com delivery, acredito e apoio muito essa iniciativa, mas fora da pandemia, minha demanda é muito alta e preferimos continuar com o nosso sistema de retirada ou consumação no local”.

A empresária do ramo alimentício destacou os principais desafios durante esse período. “Muitas pessoas perderam seus empregos, gastaram suas economias e deixaram de comer fora, de sair e viajar. E sem contar o medo de contrair a doença e levar para as nossas famílias. Aqui na Avenida dos Artesanatos vivemos meses de terror. A rua ficou deserta, todas as lojas fechadas, mercadorias paradas e quando surgiu um raio de esperança, fomos impedidos de trabalhar porque a pandemia ainda não deixava”.

Alessandro falou sobre o período em que as lojas permaneceram fechadas. “No início foi assustador por ser uma realidade diferente e de pânico, mas agora concretizo que é preciso dificuldade para nos reinventarmos e acharmos soluções e saídas. No período inicial da pandemia aconteceu declínio nas vendas e aumento das despesas, com isso muitos perderam seus empregos. Outros, devidoàs despesas, não aguentaram e fecharam as portas. Como eu disse, devido às dificuldades, fomos obrigados a nos reinventarmos e o caminho que nos salvou foi a internet. Se não fossem as vendas on-line teríamos quebrado ou falido. A pandemia acelerou uma realidade que já estava por vir: a era digital. Devido ao isolamento as pessoas procuram fazer as compras on-line e este aumento superou o das compras presenciais dos turistas”.

No entanto, Alessandro destaca as dificuldades em matéria-prima para confeccionar os produtos do tear, como malhas e linhas. “O artesanato de Resende Costa sempre vendeu bem, tendo meses melhores e alguns piores. Na pandemia tivemos uma aceleração nunca vista devido à oferta e à procura. Com a dificuldade e o aumento das matérias-primas, estamos passando por um processo de desaceleração. Voltando, assim, ao normal, ou seja, igual ao período pré-pandemia”.

 

Expectativa para os próximos meses

A expectativa dos empresários é que a retomada gradual se torne efetiva nos próximos meses. “Para os próximos meses, a minha expectativa é das melhores, porque nós criamos produtos têxteis, design com qualidade que os nossos representantes e vendedores levam para decorar. Este ano, como a pandemia está mais controlada, acredito que o movimento comercial será mais visitado. E faço um convite a você turista: venha conhecer a nossa querida Resende costa”, destaca Alessandro.

Márcia acredita que, em breve, seguindo todos os protocolos de segurança, o movimento voltará a ser como antes. “Uma das nossas estratégias foi não repassar o valor ao cliente, para tentar trazê-lo de volta. Temos usado as redes sociais para mostrar que estamos seguindo os protocolos, como o álcool em gel na limpeza das superfícies, ahigiene das mãos é exigida, máscara sendo cobradas. As pessoas ainda estão com medo e a gente também. A gente perdeu amigos, hóspedes. Foi muito triste. Causou um estresse muito grande. Mas a nossa expectativa é que a gente consiga fazer Réveillon, para depois começar a pensar no Carnaval”, planeja a empresária.

Luara Ramona também está otimista com a retomada das atividades comerciais que impactam positivamente no turismo em Resende Costa. “Acredito que se todas as pessoas concordarem em tomar a vacina, os casos de Covid-19 continuarão estáveis. Infelizmente nossa Resende Costa sofreu muito com a pandemia. Tivemos perdas irreparáveis. Mas a nossa economia não aguenta sofrer outra pressão como o ano passado, pois estamos passando por crises após crises. Estou bem confiante para os próximos meses, acho que a tendência é de uma melhora contínua na nossa economia, principalmente no setor turístico”.

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