Sobre duas rodas

Conheça um pouco sobre as mulheres que aceleram motos de trilhas


Esporte

Vanuza Resende0

As trilheiras Kátia, Francielle e Cleide

Resende Costa vem se destacando pela quantidade de pessoas que praticam esportes, a maioria por lazer, como é o caso dos trilheiros do município. Desde 2002, existe um grupo que busca aventuras por diferentes caminhos trilhando em motos. Ao longo dos anos, foram aparecendo vários adeptos do esporte. Hoje, o grupo já conta com 50 integrantes. Além de participar de vários trilhões e enduros, eles se juntam quase todos os fins de semana para percorrerem um trajeto conhecido ou em busca de novos desafios.

Além disso, Resende Costa já realizou 16 edições do Enduro das Lajes - Copa Estrada Real. No início de 2017, um grupo de 13 pilotos (nove da cidade), com dois carros de apoio e um borracheiro, partiu rumo a Aparecida-SP, na nona Trilha da Fé. Saíram de Resende Costa no dia 3 de janeiro e chegaram a Aparecida na tarde do dia 6.

 

Presença feminina

Por ser um esporte visto como “pesado”, a maioria dos praticantes que veste os equipamentos de proteção e pilota motos de mais de 200 cilindradas é homem. Mas não é a totalidade. Em Resende Costa, três mulheres estão reforçando a ideia de que lugar de mulher é em todos os lugares. Se já nos acostumamos com as motociclistas nas ruas, é hora de falar delas em cima de duas rodas e definitivamente sem nenhuma mesmice nos caminhos.

Cleide Oliveira - pedagoga; Franciele Fernandes - estudante de engenharia civil e Kátia Valéria - cabeleireira. São essas as girls brap veteranas da cidade. As três pilotam uma CRF 230.

A melhor forma de se tornar um esportista da modalidade é se protegendo e praticando: “É preciso usar vários equipamentos de segurança, pois os tombos são muitos. A preparação mesmo é andando e conhecendo os caminhos. São trilhas, não é competição, é um passeio pelas matas, por pedras, barros e é todo mundo junto se ajudando. Mas nós também já participamos de trilhões, em Resende Costa e Lagoa Dourada. Nesses casos, são lugares mais demorados e com trajeto um pouco mais denso”, conta Cleide. Segundo a pedagoga, o melhor trajeto que fez foi o Carretão, no caminho do Cajuru: “Quando eu fui a primeira vez, eu mais andei a pé do que na moto. Porque eu achei muito difícil, isso no Trilhão do povoado dos Pinto. Na segunda vez, eu já consegui subir tudo. É um lugar bacana demais, com morro, pedra e buracos”.

Para Francielle, não há regras para o percurso e nem limites para quantidade de quilômetros a serem rodados: “Às vezes o pessoal fala que tem uma trilha para andar e a gente pergunta: ‘Vamos dar conta?’ A resposta é sim, na maioria das vezes. Apesar de cair bastante, no final a gente da conta”. E acrescenta: “Quanto mais desafio, melhor. São tantos lugares com adrenalina e quanto mais, melhor. Eu acho lindo o Morro do Livro, entre Resende Costa e Ritápolis. Para chegar lá há vários obstáculos e na hora que estamos no alto é lindo”.

A trilheira Katia diz que o trajeto que ela mais curtiu foi o Trilhão de 2015: “Com muitas pedras e alguns morros, com dificuldades e, mesmo assim, conseguimos superá-los”. As meninas destacam ainda a importância da frequência feminina no esporte. Elas enfrentaram alguns comentários irônicos, mas seguem firmes: “O preconceito sempre tem. Mas a maioria é admirador e lidamos muito bem com isso”, relata Kátia.

Com experiência e dicas, o esporte muitas vezes visto como perigoso, se torna algo prazeroso e seguro, basta saber praticar. “Não pode ter medo e tem que saber cair. Isso se aprende com os mais experientes e com o dia a dia”, explica Francielle. As três fazem um convite àqueles que querem praticar um esporte que, apesar de não tão comum, tem lugar para todos que estão dispostos a investir em um hobby aventureiro: “Se as pessoas, tanto mulher quanto homem, têm vontade, elas devem vir porque é muito bom. A gente está sempre chamando o pessoal, as meninas para aumentar o nosso time; hoje somos poucas e estamos sempre incentivando para que elas possam vir e fazermos grandes aventuras por aí. Quem tem interesse em praticar o esporte siga em frente, que vocês vão se apaixonar”, concluem as girls brap.

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