Testemunho de quem esteve no canteiro de obras da Rodovia Alfredo Penido desde o início

Pacotinho fala da sua participação nas obras e, 40 anos depois da inauguração, afirma: “A estrada trouxe o progresso para Resende Costa”


Especiais

André Eustáquio0

O motorista Pacotinho trabalhou do início ao fim na construção da rodovia Alfredo Penido (Foto André Eustáquio)

Em 1978, o motorista Antônio Gabriel de Oliveira, o Pacotinho, aos 21 anos, trabalhava na empreiteira Alcino Vieira, na construção de trecho da Ferrovia do Aço no distrito do Rio das Mortes, em São João del-Rei. Foi quando sua esposa o informou de que a obra de pavimentação da estrada de Resende Costa à MG-383 enfim iria começar. “Minha mulher foi me buscar lá.Ela ficou sabendo que tinha essa obra aqui. O sr. Adenor Chaves era o responsável por arrumar a turma pra trabalhar. Aí eu vim, fichei e comecei a trabalhar, inicialmente dirigindo um caminhão”, conta Pacotinho, 40 anos depois.

Pacotinho se recorda da construção de cada trecho da rodovia LMG-839, renomeada Rodovia Alfredo Penido em homenagem ao pai do empresário resende-costense Pelerson Soares Penido, dono da Serveng-Civilsan, responsável pela execução das obras.Pacotinho trabalhou na obra do início ao fim, sempre como motorista. “Lembro-me de quando chegou o primeiro trator, um D8 (trator de esteira). O transporte dele foi pela estrada de terra. Com a chegada desse trator, a obra começou. O trator vinha limpando a frente pra gente passar com os caminhões transportando pedra marroada, manilhas, cimento e material para construção dos bueiros”. À medida que a obra avançava, Pacotinho foi remanejado de função. Ele deixou o caminhão para assumir o transporte dos funcionários do DER-MG (Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais). “Eu passei a dirigir uma Kombi e levava toda semana o pessoal do DER até Belo Horizonte”. Porém, com a construção da ponte sobre o Ribeirão Mosquito, novamente Pacotinho assume a direção de um caminhão. “Na construção da ponte eu trabalhei com uma betoneira transportando concreto para encher as vigas”, diz.

 

Empregos e desenvolvimento

A construção da rodovia movimentou a cidade de Resende Costa no fim da década de 1970. A população local não tinha tantas oportunidades de trabalho, portanto conseguir uma vaga em algum canteiro de obras era uma chance pela qual muitos esperavam. De acordo com Pacotinho, a construção da ponte, a única do trecho de 14 quilômetros, foi a que mais atraiu empregos. “A obra gerou muitos empregos em Resende Costa, especialmente a construção da ponte. Essa gerou emprego demais: motoristas, pedreiros, serventes de pedreiro, carpinteiros para fazer os tubos e os andaimes. Eu também trabalhei lá”, diz o motorista.

Com a rodovia concluída, outras oportunidades de emprego começaram a surgir em Resende Costa no início da década de 1980. Pacotinho se recorda, entre outros comércios, da abertura do Depósito Nossa Senhora do Rosário, do Zito do Zé Henrique. “A cidade começou a evoluir. Inclusive, o percurso e o tempo gasto da viagem até São João del-Rei diminuíram. A viagem de ônibus ficou mais rápida. As coisas ficaram mais fáceis.”

Hoje, Pacotinho, aos 64 anos, volta seu olhar e sua lembrança aos tempos em que trabalhou como motorista na construção da Rodovia Alfredo Penido. A nossa conversa aconteceu no KM 2, entrada do Residencial Palmares. Enquanto ele se lembrava do vai-e-vem dos caminhões e tratores, dos carpinteiros erguendo andaimes na construção da ponte, inúmeros carros passavam por nós. Foi difícil para o motorista aposentado da Prefeitura Municipal de Resende Costa esconder a emoção ao falar do progresso que a estrada asfaltada trouxe ao município. “Não dá nem pra te falar (emoção)... A cidade evoluiu... Resende Costa era uma cidade pobre. Meu pai trabalhou na prefeitura e ficou 5 meses sem pagamento. Imagina hoje que evolução tivemos! Antigamente a gente tinha dificuldade para ir a São João. Se alguém adoecesse aqui e precisasse ir até São João del-Rei, levava o dia inteiro. O transporte era muito difícil, tinha só um horário de ônibus (às 4h45 da manhã), que era uma jardineira.”

E ao contemplar os carros de turistas com placas de outros estados chegando a Resende Costa na manhã do domingo, 7 de março, ele disse ainda emocionado: “Eu nunca imaginei que pudesse ver um dia tantos carros passando por essa estrada (que ele ajudou a construir). A cidade não tinha nada. A nossa cidade era pobre. O progresso chegou a Resende Costa, gente. Vamos valorizar isso! Quem tem condições de investir na cidade, faça isso. Valorize a nossa cidade que evoluiu tanto nos últimos anos. E, sem dúvidas, essa estrada trouxe o progresso para Resende Costa”, conclui Pacotinho.

Deixe um comentário

Faça o login e deixe seu comentário