Uma escola traz horta no nome e horta na terra


Educação

José Venâncio de Resende0

fotoAlunos da E. E. Idalina Horta participam de projeto que incentivam o cultivo de alimentos saudáveis (Foto José Venâncio)

A Escola Estadual Idalina Horta Galvão, no bairro Senhor dos Montes, em São João del-Rei, existe como escola pública desde 1966. Portanto, já é cinquentona. O projeto “Horta Escolar” ainda está na sua infância, pois foi idealizado em 2016 e colocado em prática no ano passado.

A ideia foi aproveitar o espaço disponível – até então ocupado pelo capim que crescia muito, principalmente no período de chuvas – e promover a conscientização sobre a alimentação saudável e a conservação ambiental, diz Daniele Dias Teixeira, diretora da escola. “Os professores trabalham essa conscientização em todas as disciplinas e conteúdos, por se tratar de um tema transversal.”

Os professores procuram transmitir aos alunos informações sobre os cuidados com o solo, a origem e a qualidade dos produtos alimentares, a valorização do trabalho e o aproveitamento de qualquer espaço para produzir para consumo próprio ou mesmo obter alguma renda, conta Daniele. “Os alunos têm muito carinho pela horta, pelos alimentos que eles mesmos ajudam a produzir.”

Os canteiros de legumes e verduras estão distribuídos em dois espaços. Entre o primeiro e o segundo blocos de prédios, o espaço é dividido em duas áreas cultivadas. A primeira área (20m x 2m) fica na parte mais alta do terreno. Na parte mais baixa, encontra-se a outra área (24m x 1,5m). Uma terceira área, gramada, em declive (para evitar deslizamento de terra), separa as duas partes de canteiros de hortaliças.

Colheitas

Os 160 alunos do turno da tarde (1º ao 5º ano), divididos por turmas e canteiros, participam efetivamente de todas as etapas do cultivo das hortaliças – desde o preparo do solo e adubação (orgânica), passando pelo plantio, replantio e cuidados com as plantas (rega, eliminação de ervas daninhas, etc.), até a colheita. Dos 146 alunos do turno da manhã (6º ao 9º ano), muitos participam das atividades, mas em grupos espontâneos. 

A primeira colheita foi feita em dezembro do ano passado. Produtos colhidos pelos alunos, como beterraba, couve, alface, quiabo, abobrinha e rúcula, foram encaminhados para o reforço da merenda escolar. Durante as férias, em janeiro, a colheita foi feita por alunos do turno da manhã, acompanhados dos pais.

Novos plantios e colheitas ocorreram nos meses seguintes. A cada plantio, eram acrescentados outros produtos, como jiló, abóbora, temperos (manjericão, cebolinha, etc.), taioba, berinjela, pepino e, mais recentemente, plantas medicinais (chás, como hortelã e funcho).

Existe uma outra área (20m x 2m) localizada entre o segundo e o terceiro blocos e coberta de capim. “Nessa área, pretendemos plantar outras espécies, inclusive flores”, conta Daniele. Com isso, a área será mais bem aproveitada, depois da limpeza do terreno, evitando assim que o capim cresça sem controle.

Equipe

Nas atividades da horta, os alunos estão sempre acompanhados dos professores, explica Daniele. O secretário Anderson Luiz Duarte é o “articulador, apoiador e mantenedor do projeto. Ele compra as mudas, cuida da horta, busca o esterco, ajuda-nos a pedir doação de mudas e ainda nos auxilia no plantio e na colheita.”  

As mudas são compradas na Colônia Viva, que fica no bairro Colônia do Giarola. Algumas mudas e sementes crioulas são doadas pela Horta Comunitária Vida Verde, de um grupo de mulheres do bairro Senhor dos Montes. A maior parte do esterco é buscada no haras Centro Hípico Serra do Lenheiro, embora algum esterco tenha origem em currais no entorno da escola.

Entre os colaboradores, estão os auxiliares de Educação Básica Júlio César de Souza (turno da tarde) e Dalila Thaís de Faria (manhã); Natália Duarte (do grupo Vida Verde); Denise dos Anjos (mãe de aluno e participante do colegiado) e a agrônoma Grasiele Silva, mestranda do Programa Interdepartamental de Pós-Graduação Interdisciplinar em Artes, Urbanidades e Sustentabilidade (PIPAUS), da Universidade Federal de São João del-Rei.

Reação 

A reação dos pais tem sido de elogio à iniciativa, tanto através da “caixa de sugestão ou opinião” quanto de comentários nas redes sociais. “Um pai disse que a horta é uma forma de trabalhar a cidadania das crianças. Teve pai que até pediu a volta da disciplina Horticultura nas escolas”, conta Daniele.

Jussara Marcelino, mãe da aluna Yasmin, acha que a horta é importante porque estimula o contato direto com a natureza, o que contribui para a formação das crianças. “Principalmente porque desenvolve o respeito, a valorização e o gosto de se cultivar a terra; de saber que a sobrevivência do ser humano depende disso, desse ato que é muito importante.”

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