Uma STELA que VALE por muitas


Janete Helena


Stela foi homenageada por seus amigos do vôlei no Ginásio Poliesportivo Monsenhor Nelson (Foto Arquivo Pessoal)

Quem vê Stela Vale Lara caminhando e cumprimentando, sorridente e amável, sempre se pergunta de onde vem sua alegria, disposição e jovialidade. De simpatia ímpar, ela inspira e transmite sempre as melhores sensações e impressões.

Nascida em janeiro de 1950, numa família de onze irmãos, Stela lembra a infância com saudade. Infância feliz de menina peralta que preferia as brincadeiras de menino e não fugia de uma disputa de bolinha de gude. “Infância pobre, mas muito feliz”, em suas próprias palavras. Na juventude, gostava dos bailes do Antônio Resende e sempre dava uma dançadinha antes de cumprir o horário pra chegar em casa. Fã da Jovem Guarda e dos Beatles, entre outros, gostava de música e se apaixonou aos quinze anos pelo professor de geografia, Paulo, que viria a ser seu marido anos depois.

Casou-se aos dezenove anos, depois de terminar o ensino fundamental. Não havia, à época, meios de dar continuidade aos estudos na cidade e a trajetória acadêmica foi adiada. Quando o Magistério (ou Curso Normal) chegou a Resende Costa, Stela, já esposa e mãe, encarou, em 1973, a rotina de ser de novo aluna. Foi barra, mas as meninas Sueli, Sônia e Evinha a ajudaram a cuidar do filho pequeno.

Formada no Magistério, começou a lecionar quando o segundo filho tinha dois meses. Não ouviu quem lhe dizia para esperar. Ela não queria esperar, era sua chance! Assim, em meio a grandes dificuldades e a muitas conciliações necessárias, a professora nasceu.

Incansável na busca por aperfeiçoamento, Stela cursou Letras na antiga Funrei, atual UFSJ, curso que conciliou com o estudo da língua inglesa. Graduou-se aos 39 anos, já mãe de três filhos. Fez pós-graduação no Rio de Janeiro com um grupo de amigas professoras. “Íamos de besta até Realengo.” A aventura é lembrada e narrada entre sorrisos e um olhar arregalado, quase surpreso com a própria coragem.

Dos muitos papéis desempenhados, um só ainda lhe tira o sorriso: a saudade da mãe. Foi boa filha e disso muito se orgulha. Os olhos marejam ao lembrar e afirma que é algo que sempre estará presente. Felizmente já é uma saudade boa, como a que sente do irmão Zinho, descrito por ela como grande conselheiro e pessoa extraordinariamente forte, a despeito da aparente fragilidade de suas necessidades físicas especiais.

Apaixonada por esportes, Stela ainda encontrava tempo para a prática de uma modalidade que sempre foi sua paixão. O vôlei está presente em sua vida há bastante tempo. Começou a jogar com os filhos ainda pequenos e todo final de semana lá estava ela provando que sempre gostou de uma bola e de se exercitar.

Ali, na turma do vôlei, fez amigos importantes, criou laços fortes. Tanto que, no último dezoito de abril, recebeu dos parceiros de bola uma linda homenagem surpresa com direito a bolo e parabéns, na presença de familiares e amigos. Stela não pôde conter a emoção e mostrou em sua reação que não faz ideia do quão inspiradora sua presença pode ser. Coisa de gente de alma bonita, que não se acha e se preocupa somente em ser autêntica ao máximo.

Entre suas paixões, estão também as flores que ela cultiva e exibe orgulhosa a quem visita sua casa. No espaço amplo é possível ver muitas espécies de orquídeas, uma mais linda que a outra, com beleza de tela pintada a óleo. Esse hobby veio da mãe. Em pequena, a casa de família pobre era linda porque tinha flores espalhadas pela matriarca por todo canto. O pai carpinteiro também lhe deixou marcas importantes e ela guarda com carinho, em sua sala de estar, a cantoneira feita por ele.

Stela é uma mulher realizada e, mesmo depois de narrar toda uma trajetória repleta de dificuldades e de rotinas extenuantes, ela diz – convicta – que faria tudo de novo. Apoiada pelo marido Paulo, por três filhos e sete netos, Stela não poupa gratidão. Diz que seus filhos são milagres e agradece pela oportunidade da continuidade de si mesma que enxerga nos netos. Aliás, basta falar das fofices dos netos para se perder em elogios e sorrisos de vovó orgulhosa que é.

E como se não bastasse ser apaixonada por tantas coisas, Stela ainda se reinventa dia após dia em trabalhos manuais e artesanais que executa com maestria. Entre seus guardados, há peças feitas à mão em patchwork e crochê. Um mais bonito que o outro e feitos com o talento do carinho.

Filha, aluna, esposa, mãe, aluna de novo, professora, esportista, artesã... São muitos os papéis de Stela. Nenhum sem amor. O dia parece pequeno para tudo que ela faz. Qual seria o segredo? Ela diz que é gostar de viver, ter a família que tem e sempre querer mais. Eu digo que o segredo de ser Stela é ser única, sempre aluna, sempre aprendendo, sempre querendo mais da vida e sempre contagiando o seu redor com sua vontade de viver.

Stela é, sem sombra de dúvida, uma das pessoas mais inspiradoras a que se pode ter acesso. Encontrá-la é sempre revigorante. O mais bonito sobre ela é que ela não sabe disso. Ela só é. E, nisso de ser, ela faz tudo ao redor ser melhor, mais fácil. Sorte a nossa conhecer sua história. Sorte a nossa ela ser das nossas!

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