Vacinação em massa, a esperança para a economia


Economia

José Venâncio de Resende0

Agência da Credivertentes em Resende Costa.

O mundo prepara-se para 2021 jogando as fichas nas vacinas, desenvolvidas em tempo recorde graças ao avanço da ciência e da tecnologia. Desde o final do ano passado, vários países já realizam a operação de vacinação. O Brasil, finalmente, deu início ao processo de vacinação. As vacinas indicadas às condições brasileiras são a Coronavac (Instituto Butantan/Sinovac Biotech) e a AstraZeneca-Oxford (em parceria com a Fiocruz), cujos primeiros lotes no total de 8 milhões de doses foram aprovados no domingo (17) para uso emergencial pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Desse total, as duas milhões de doses da vacina AstraZeneca-Oxford aguardam importação da Índia, sem previsão.   

O Brasil continua a bater recordes nos números de infecções e de mortes pelo novo coronavírus. No total, o país já atingiu cerca de 8,57 milhões de pessoas contaminadas e de 211,49 mil mortes, de acordo com os últimos números do Ministério da Saúde. A tendência de evolução da pandemia é crescente, devendo permanecer assim ainda por tempo indeterminado.

Ao lado da saúde, a economia é outra vítima da pandemia. Especialistas acreditam que somente com a vacinação em massa será possível vencer o vírus, embora no curto prazo haja escassez de doses frente a uma forte demanda. É o caso do economista e professor Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central (BC): “Para salvar vidas e restabelecer a normalidade da economia, é preciso vacinar 100% da população no prazo mais curto possível.” Cem por cento é força de expressão, com a qual faz coro o economista Aluizio Barros, professor aposentado da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ): “Feliz ano (de 2021) com quase todo mundo vacinado”. 

A exemplo da economia em geral, o comércio vai depender basicamente da vacinação, que abranja o maior número de pessoas, reforça Emanuel Vitoreli, consultor jurídico do Sindicato do Comércio de Bens e Serviços (Sindcomércio) de São João del-Rei. “A todo momento, ouvimos conversa de lockdown, fechamento, pico da doença. Então, vamos precisar realmente de uma decisão sobre as vacinas, a eficácia delas, para saber que rumo a economia vai tomar em 2021.” Enquanto a vacina não chega, ele acredita que o governo federal terá de cuidar das micro e pequenas empresas, que dependem desse apoio para se sustentarem e se manterem no mercado, em questões tanto fiscais quanto trabalhistas.

 

Cooperativismo. Mesmo com a perspectiva mundial de vacinação, 2021 será um ano desafiador, segundo Luiz Henrique Garcia, diretor executivo-financeiro do Sicoob Credivertentes. Condições econômicas, logísticas e sanitárias diferentes afetarão de maneira difusa o mercado em cada cada país, enfatiza ele.

Mesmo com a tendência de imunização a médio e longo prazos, Garcia se diz confiante no crescimento do cooperativismo. “Com o isolamento social e as dificuldades de deslocamento, as pessoas perceberam a importância de se associarem a uma instituição que se identifica com a comunidade onde está e que, em momentos difíceis como os enfrentados em 2020, se mantenha próxima a seu público, apoiando e socorrendo financeiramente pessoas físicas e jurídicas com atendimento humanizado.”

Garcia acredita em crescimento econômico em 2021 entre 2,5% e 3%, com base na expectativa de retração do PIB em 2020 de 5%, “base de referência baixa”. Destaca ainda indicadores que sinalizam “certa estabilidade na economia, ao menos em curto prazo”, como taxa de juros Selic de 2% a.a. (menor patamar da Historia), inflação dentro da meta do BC de 4% (com variação de 1,5% para cima ou para baixo) e menor pressão do dólar (“fortes expectativas de que seus valores caiam para abaixo de R$4,50”).

 

Desemprego. “Socialmente, num primeiro momento, a taxa de desemprego em níveis elevados vai impactar no poder de compra do consumidor, inibindo altas exageradas em alguns preços nas gôndolas”, prevê Garcia. Porém, “a injeção de recursos por parte do governo federal continuará estimulando a demanda por produtos básicos e incentivando empresas a reativarem suas linhas de produção em atendimento a essas necessidades.”

Não é de surpreender que o presidente do Conselho de Administração do Sicoob Credivertentes, João Pinto de Oliveira, considere positivas as perspectivas para 2021, apesar das dificuldades relativas ao mercado (global e nacional), à saúde e à política. Um cenário favoràvel às cooperativas de crédito, que “superam obstáculos operacionais e buscam soluções pacíficas dos problemas comuns às suas comunidades via mutualidade, união de forças, integração, desenvolvimento sustentável e intercooperação”. Essas instituições crescem na medida em que encolhe a rede bancária tradicional, e já somam cinco milhões de cooperados em todo o país, dos quais 26 mil integrantes da Credivertentes (em 20 agências físicas e uma digital) (texto atualizado em 19/01). 

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