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Natal sem rotina

12 de Dezembro de 2017, por João Bosco Teixeira

Nossa vida é feita de ações previstas e imprevistas. De ações rotineiras e inusuais. De tudo a seu tempo e fora de tempo. É sol, é chuva, é noite, é dia, e são também noites e dias irrompidos pelos tsunamis. É o lufa-lufa da vida. É a vida.

Fora do tempo material, também ocorrem dias normais, dias anormais, com emoções maiores e menores, com transformações ricas ou pobres, amedrontadoras ou incentivadoras de novas perspectivas.

O Natal, que vem vindo, traz consigo tudo isso: a sempre rotina de uma festa que se repete e, ao mesmo tempo, a sempre novidade de novo começo. São Gregório Niceno, do século IV, dizia: “vamos de começo em começo, através de começos sem fim”.

O Natal chega carregado de esperança, todo ano. É que, a comemoração do nascimento do irmão maior Jesus nada tem a ver com rotina, com mesmice. Pelo contrário, Natal está aí para vencer a rotina, vencer a apatia. Pois rotina, apatia são prejudiciais ao sonho e ao entusiasmo. E Jesus é entusiasmo, é desafio, é sonho feito vida.

O Natal cristão vai na contramão da rotina, que nos dá a sensação de segurança, sim, mas que, também, costuma impedir a renovação do pensar, do viver, fazendo-nos insensatos, isto é, com uma vida, sem sentido e sem discernimento. A rotina é quase a opção pela continuidade de tudo. Ora, Jesus é exatamente o contrário: é inovação, pois é o grande libertador, é sentido para a vida, é discernimento entre vida e morte.

O Natal cristão é precedido por um tempo chamado Advento. E a grande mensagem do Advento nos chega pelas palavras de Jesus: “Vigiai... estai atentos”. Ora, vigiar, estar atento é tudo o contrário da rotina. É se permitir abandonar o sono, deixar de lado a ignorância, para viver na busca incansável da luz. Estar atentos é escancarar nossos sentidos para olhar, para escutar, para sentir, para tocar, para, enfim, saborear tudo como se tudo acontecesse pela primeira vez, como se tudo fosse o primeiro Natal. Natal de cada ano é todo ano um convite insistente para que façamos novas todas as coisas.

Natal é luz, Natal é árvore, presente, presépio. Por isso, nada tem a ver com rotina, com repetição. É árvore nova em suas folhas e frutos. É presente que não se repete. É presépio que, a cada ano, se monta com novas expressões.  É pedra de toque para uma vida sempre esperançosa, curiosa, felicitante. Afinal: “Minha Senhora dona: um menino nasceu – o mundo tornou a começar”.

Que bom rezar com os versos de Manuel Bandeira, a que Villa Lobos emprestou preciosa melodia:

Feliz Natal, é o que nós desejamos
a toda gente de boa vontade.  
Feliz Natal, para o rico e para o pobre.  
Natal de fé, Natal de paz e de bondade”

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