Continuando a prosa sobre o velho mundo, de Portugal seguimos para a França, a capital da gastronomia mundial.
Lembram-se os leitores do causo aqui contado do mineiro da roça que foi pra Paris e descobriu que o confit de porc era a nossa carne de lata? Então, quando se conhece mais de perto a gastronomia francesa a gente percebe que ela é mais simples do que imaginamos. Mas com um diferencial: eles valorizam ao máximo o ingrediente, o produto e a técnica. Além disso, passaram a dar um refinamento à comida que tornou a gastronomia francesa uma referência e até mesmo uma base para execução de outras culinárias.
Impressionante como eles valorizam a comida, desde o morador da zona rural até o parisiense, que se assenta todos os dias em um tradicional “café”, que por lá tem aos montes, muito charmosos, aonde não vão só pra tomar café, mas pra comer e beber outras coisas, principalmente os vinhos maravilhosos. Que por sinal são mais baratos do que aqui no encarecido Brasil, assim como algumas comidas e hotéis.
Além da carne de lata, muitas são as comidas e ingredientes que também vemos por aqui. Cito dois pratos típicos e servidos até em restaurantes sofisticados, que são o coq au vin e o boeuf bourguignon. O primeiro é um frango ensopado parecido com o nosso, porém, com vinho no cozimento. E o segundo é uma carne cozida lentamente, geralmente o músculo do boi, muito parecido com a nossa carne de panela, feita na tranquilidade do fogão à lenha. O triste é que aqui no Brasil essa não tem tanto valor como deveria. Já vi em um restaurante pomposo uma mulher torcer o nariz ao saber que aquele prato chique e caro que ela acabou de comer - e adorar - era feito com carne de segunda. Na França isso é diferente, pois os ingredientes são valorizados e apreciados sem pré-conceitos e rótulos, do caviar ao pé de porco.
Dois ingredientes indispensáveis para eles são a mostarda (amarela escura e bem pastosa) e a manteiga, muito bem feitos e usados de forma bem generosa, principalmente a última. Ao ver a quantidade de manteiga de uma receita, o que se pensa é que eles seriam gordos. Mas não, são magros. O segredo? Comer de tudo um pouco, sem excesso e com produtos de qualidade. E olha que eles têm catalogados mais de 365 tipos diferentes de queijos, um para cada dia do ano e um melhor do que o outro, consumidos com pães espetaculares. No cardápio francês as aves também têm um lugar especial, como o frango, a galinha d’angola e o pato, cujas partes mais apreciadas são o peito (grelhado ou curado com sal), a coxa (geralmente cozida na gordura do próprio bicho, o confit de canard) e o fígado, que é considerada uma das grandes iguarias do país. É dele que se produz o famoso foie gras, que é o miúdo de um pato (ou ganso) engordado em excesso, servido in natura ou então processado, cozido ou em forma de patê.
Mas uma das coisas mais ricas que a França tem são suas feiras de rua. Bem presentes no cotidiano, geralmente são montadas aos sábados e chamam a atenção pela organização e pela qualidade e variedade dos produtos, muitas vezes vendidos pelo próprio produtor (até mesmo no coração de Paris), sem atravessador, frescos e muito bem cuidados. Praticamente não é preciso escolher o ingrediente na banca, tamanha a perfeição dos produtos. É um convite e tanto pra cozinhar muito - e bem - ou simplesmente fazer um belo piquenique em uma praça ou parque. Algo comum por lá e cada vez mais incomum por aqui, uma pena.
Pena também saber que poderíamos ter feiras bem estruturadas, principalmente aqui em Resende Costa, onde compraríamos o que é produzido à nossa volta, com muito mais qualidade e sustentabilidade, valorizando o homem do campo, nossas tradições e resolvendo ainda uma série de problemas sociais e econômicos. Que o poder público - principalmente agora em tempos de eleição - pense com carinho nesse assunto, que não morre nesse artigo.
(A receita desse mês no nosso blog é um clássico francês, delicioso, barato e muito fácil de fazer: a Sopa de Cebola: http://casalgastromg.blogspot.com.br/2012/08/sopa-de-cebola.html)
Lembram-se os leitores do causo aqui contado do mineiro da roça que foi pra Paris e descobriu que o confit de porc era a nossa carne de lata? Então, quando se conhece mais de perto a gastronomia francesa a gente percebe que ela é mais simples do que imaginamos. Mas com um diferencial: eles valorizam ao máximo o ingrediente, o produto e a técnica. Além disso, passaram a dar um refinamento à comida que tornou a gastronomia francesa uma referência e até mesmo uma base para execução de outras culinárias.
Impressionante como eles valorizam a comida, desde o morador da zona rural até o parisiense, que se assenta todos os dias em um tradicional “café”, que por lá tem aos montes, muito charmosos, aonde não vão só pra tomar café, mas pra comer e beber outras coisas, principalmente os vinhos maravilhosos. Que por sinal são mais baratos do que aqui no encarecido Brasil, assim como algumas comidas e hotéis.
Além da carne de lata, muitas são as comidas e ingredientes que também vemos por aqui. Cito dois pratos típicos e servidos até em restaurantes sofisticados, que são o coq au vin e o boeuf bourguignon. O primeiro é um frango ensopado parecido com o nosso, porém, com vinho no cozimento. E o segundo é uma carne cozida lentamente, geralmente o músculo do boi, muito parecido com a nossa carne de panela, feita na tranquilidade do fogão à lenha. O triste é que aqui no Brasil essa não tem tanto valor como deveria. Já vi em um restaurante pomposo uma mulher torcer o nariz ao saber que aquele prato chique e caro que ela acabou de comer - e adorar - era feito com carne de segunda. Na França isso é diferente, pois os ingredientes são valorizados e apreciados sem pré-conceitos e rótulos, do caviar ao pé de porco.
Dois ingredientes indispensáveis para eles são a mostarda (amarela escura e bem pastosa) e a manteiga, muito bem feitos e usados de forma bem generosa, principalmente a última. Ao ver a quantidade de manteiga de uma receita, o que se pensa é que eles seriam gordos. Mas não, são magros. O segredo? Comer de tudo um pouco, sem excesso e com produtos de qualidade. E olha que eles têm catalogados mais de 365 tipos diferentes de queijos, um para cada dia do ano e um melhor do que o outro, consumidos com pães espetaculares. No cardápio francês as aves também têm um lugar especial, como o frango, a galinha d’angola e o pato, cujas partes mais apreciadas são o peito (grelhado ou curado com sal), a coxa (geralmente cozida na gordura do próprio bicho, o confit de canard) e o fígado, que é considerada uma das grandes iguarias do país. É dele que se produz o famoso foie gras, que é o miúdo de um pato (ou ganso) engordado em excesso, servido in natura ou então processado, cozido ou em forma de patê.
Mas uma das coisas mais ricas que a França tem são suas feiras de rua. Bem presentes no cotidiano, geralmente são montadas aos sábados e chamam a atenção pela organização e pela qualidade e variedade dos produtos, muitas vezes vendidos pelo próprio produtor (até mesmo no coração de Paris), sem atravessador, frescos e muito bem cuidados. Praticamente não é preciso escolher o ingrediente na banca, tamanha a perfeição dos produtos. É um convite e tanto pra cozinhar muito - e bem - ou simplesmente fazer um belo piquenique em uma praça ou parque. Algo comum por lá e cada vez mais incomum por aqui, uma pena.
Pena também saber que poderíamos ter feiras bem estruturadas, principalmente aqui em Resende Costa, onde compraríamos o que é produzido à nossa volta, com muito mais qualidade e sustentabilidade, valorizando o homem do campo, nossas tradições e resolvendo ainda uma série de problemas sociais e econômicos. Que o poder público - principalmente agora em tempos de eleição - pense com carinho nesse assunto, que não morre nesse artigo.
(A receita desse mês no nosso blog é um clássico francês, delicioso, barato e muito fácil de fazer: a Sopa de Cebola: http://casalgastromg.blogspot.com.br/2012/08/sopa-de-cebola.html)
Leitor do JL - 14/09/2012
A maioria dos franceses tem conhecimento tecnico e ou superior em gastronomia.
Dão valor à comida e não desperdiçam como no Brasil.
O Brasil foi colonizado por portugueses, franceses e espanhóis ( bandeiras) além da influência francesa em diversos aspectos para o Brasil.
Por isso a semelhança de alguns pratos.
Em Resende Costa não existe a N.S. da Penha de França?
O detalhe está na educação do povo.