Voltar a todos os posts

O fim de uma era, a permanência de uma história: Fábio

19 de Janeiro de 2022, por Vanuza Resende

O goleiro Fábio, ídolo da torcida do Cruzeiro, com a camisa da torcida Sangue Azul de Resende Costa (foto arquivo pessoal)

O atraso de uma matéria para um periódico, como o Jornal das Lajes, pode acontecer por diferentes motivos: fonte que não conseguiu enviar as respostas a tempo, matéria que precisa de apuração mais aprofundada, decisões que precisam ser tomadas em último momento... Para o tema da coluna “Papo de Esportes” deste mês do JL, pensei em destacar o ano de 2022 para América, Atlético e Cruzeiro. A primeira Libertadores do Coelho, a missão do Galo de manter o alto nível e os desafios de uma Raposa que se tornou o primeiro clube empresa do Brasil. Porém, adiei a escrita a fim de esperar o que aconteceria com a renovação contratual do Cruzeiro com o goleiro Fábio. Não veio! Uma notícia foi recebida como uma bomba para todos que acompanham o futebol.

O Fábio que vestiu a camisa estrelada por 976 vezes. O Fábio que carrega dois Campeonatos Brasileiros, três Copas do Brasil e sete Campeonatos Mineiros. Foi fácil ser Fábio com 12 títulos. Difícil foi ser o Fábio por dois anos consecutivos na Série B. Esse mesmo Fábio jogou em um clube com uma dívida milionária e sentiu os reflexos, dentro e fora das quatro linhas, de uma crise política e financeira sem precedentes na história do Cruzeiro.

Ao longo de 17 anos, o Fábio não apenas vestiu a camisa 1. Ele fez, meus amigos e amigas, o que só quem marca a história faz: honrou a camisa, de peso, com toda certeza. Veio para tirar o que chamaram de maldição do Dida. E substituiu o goleiro com louvor. No entanto, com uma diferença: não vestiu a camisa Canarinho. Talvez por isso tenha escolhido fazer do Cruzeiro a sua seleção.

Fábio é de longe o maior jogador dos últimos tempos do Cruzeiro e do futebol brasileiro. Tornou-se líder dentro de campo e ídolo dos torcedores. Comemorou junto com os nove milhões a compra do clube por Ronaldo Fenômeno, que, por ter começado no Cruzeiro, acreditaram que a paixão, que move o futebol, ia se fazer presente em decisões de tamanho impacto.

Não foi assim, não vai ser assim. A torcida do Cruzeiro começa a viver um luto. A primeira fase é de não acreditar no que aconteceu. A raiva e a tentativa de negociação também vieram nos primeiros momentos da notícia de que Fábio encerraria seu ciclo na Raposa, por decisão da SAF Cruzeiro. Mas o que parece mesmo é que só resta aceitar o fim de uma era. Contudo, a aceitação terá um preço, meus caros, talvez maior do que a vultosa dívida do clube. Os cifrões que a atual diretoria precisa arrecadar não chegam perto do desrespeito e da ingratidão que a SAF Cruzeiro teve com um dos maiores nomes do futebol brasileiro.

Apesar de tudo, eu não diria o fim de uma história, porque o que foi construído entre Fábio e Cruzeiro e Cruzeiro e Fábio não tem fim. Os efeitos vão surgir, quem vier para defender as cinco estrelas do Camisa 1 vai carregar o peso do sucessor de Raul e Dida. E por mais que possa defender até as bolas indefensáveis, não vai ouvir da arquibancada do Mineirão, que “o Fábio é o melhor goleiro do Brasil”. Esse grito só será dirigido a ele.

Fábio, mesmo sem escrever os “palavrões de carinho”, a torcida do Cruzeiro garante: “é o melhor goleiro do Brasil, Fábiooo!”

Deixe um comentário

Faça o login e deixe seu comentário