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Estreia com gol de placa

14 de Setembro de 2020, por Renato Ruas Pinto

Seguindo com as dicas de música para aliviar a tensão na pandemia, quero falar de artistas que estrearam em disco com grande impacto. Como aquele jogador recém-promovido da base, ou vindo do banco, que entra em campo e decide o jogo com um golaço. De fato, acho que os talentos excepcionais mostram a que vieram muito rápido. No mundo da música de um passado recente isso era bem mais complicado. O conteúdo do disco dependia muito da gravadora, que podia interferir – e muito – até no próprio repertório. Mesmo Elis Regina estreou com um disco bem comercial e voltado para, pasmem, o rock e que ela detestou e renegou sempre (se tiver curiosidade, procure pelo disco “Viva a Brotolândia”). Assim, conseguir estrear com um disco de impacto nunca foi trivial, por não depender só do talento dos artistas.

Começo a lista citando discos sobre os quais já falei aqui na coluna. Não farei maiores comentários, pois já o fiz nos textos originais:

“Secos & Molhados”: o sensacional disco homônimo de estreia do grupo de Ney Matogrosso e companhia (https://www.jornaldaslajes.com.br/colunas/trilha-sonora/pena-que-durou-pouco/1383).

“Clube da Esquina” e “Lô Borges” (conhecido como o “disco do tênis”): seja qual for o critério para se escolher o disco de estreia de Lô Borges (o primeiro, em conjunto com Milton Nascimento, ou o segundo, que assinava sozinho), qualquer um dos dois é ótima pedida (https://www.jornaldaslajes.com.br/colunas/trilha-sonora/o-disco-do-tenis/1125).

“Music from the Big Pink”: o disco de estreia da “The Band” grupo de apoio de Bob Dylan (https://www.jornaldaslajes.com.br/colunas/trilha-sonora/e-temos-rock-tambem/1371).

Além desses, recomendo conhecer discos que causaram grande impacto quando lançados, e são cultuados até hoje.

“The Velvet Underground & Nico”: da banda nova-iorquina “The Velvet Underground”, é um disco sempre lembrado nas listas de grandes álbuns. Lançado em 1967, é um disco bastante sombrio e que contrasta com o espírito mais alegre da época, quando o movimento hippie explodia. As composições densas de Lou Reed e John Cale, em conjunto com o vocal melancólico da cantora alemã Nico, influenciaram gerações e até nos dias de hoje se vê cantoras que seguem o estilo de Nico como Lana Del Rey ou mesmo a revelação Billie Eilish.

“Chico Buarque de Hollanda”: estreia do compositor de 1966 (cuja capa com o Chico em expressões sorrindo e séria virou meme recentemente) é recheada de grandes músicas em um disco totalmente autoral. Como falei no começo, quem é craque mostra serviço na primeira oportunidade e Chico assim o fez neste álbum que traz músicas como “A banda”, “A Rita” e “Olê, olá”.

“Tim Maia”: o cantor e compositor teve sua chance nos discos em 1970 e fez grande sucesso comercial em um álbum que ajudou a impulsionar no Brasil uma música com forte influência do Soul norte-americano. Recheado de boas músicas como “Primavera” e “Azul da cor do mar”, o álbum ganhou disco de ouro logo de cara. Devemos citar aqui a injustiça histórica que a recente cinebiografia de Tim Maia fez com o artista Cassiano que assina quatro faixas do disco. Ele também teve um papel fundamental no “Soul brasileiro”, mas foi ignorado no filme. De todo modo, Tim Maia fez uma estreia forte e marcou território em um disco que vale a pena ser ouvido.

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