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Grupos vocais

18 de Maio de 2020, por Renato Ruas Pinto

Num passado um pouco distante, grupos vocais foram populares no Brasil. Não falo de grupos “a capella”, que dispensam qualquer instrumental, ou de corais. Falo de conjuntos que se destacavam por terem cantores competentes e que usavam de arranjos criativos para dar várias vozes às suas interpretações. No tempo da Bossa Nova, por exemplo, o grupo Os Cariocas foi muito popular. Já na era dos festivais, destacaram-se outros como o MPB4, o Trio Marayá – que acompanhava Geraldo Vandré – e o Momentoquatro (ou Momento4), que foi a gênese do excelente Boca Livre. Apesar de MPB4 e Boca Livre seguirem na ativa, poucas formações desse estilo surgiram em tempos mais recentes. Porém, nas nossas Minas Gerais, dois grupos resgataram a tradição e fizeram trabalhos excelentes e recomendo alguns de seus discos. A voz é um instrumento e tanto, mas muito difícil de dominar. E em grupo, então, nem se fala. Quando achamos cantores competentes e com bons arranjos vocais, é puro deleite. Aproveitem.

“Retrato da Vida”, Amaranto: trio formado pelas talentosas irmãs Flávia, Lúcia e Marina Ferraz. Donas de vozes lindíssimas, o trio se destaca pela precisão vocal, belíssimas interpretações e arranjos refinados. Com mais de 20 anos de trabalho, o grupo já produziu vários álbuns e até um livro acompanhado de música para o público infantil. Além disso, por conta da qualidade do trio, são muito requisitadas para gravações com diversos artistas. Poderia indicar qualquer disco delas, mas este tem para mim valor sentimental porque o ouço há vários anos (é o primeiro álbum do trio). Nele o Amaranto interpreta somente músicas do Djavan com os arranjos vocais primorosos que são a marca do grupo, além de um belo acompanhamento instrumental.

“Cobra Coral”, Cobra Coral: um quarteto idealizado pelo talentosíssimo Flávio Henrique – um dos grandes compositores de sua geração – e que reuniu a brilhante cantora Mariana Nunes e os competentes Kadu Vianna e Pedro Morais. O quarteto, infelizmente, produziu somente dois álbuns e teve sua trajetória afetada tragicamente após Flávio Henrique partir antes do combinado, como diria o mestre Boldrin. Ainda assim, deixou dois discos excelentes que misturam música autoral com ótimas versões de grandes nomes da MPB. Além do disco citado, vale conhecer também “Pra cada um ser o que é”, outro ótimo registro. O grupo segue como trio e tem se apresentado, mas ainda não gravaram neste formato.

“The Beatles Connection”, The King’s Singers: fugindo do que mencionei na introdução, o King’s Singers é um grupo “a capella” inglês com vários anos de história e fama mundial. Em seu currículo estão grandes interpretações de intricadas peças eruditas, mas eles sempre fizeram arranjos incríveis para música popular também. Incluí esse álbum na lista (disponível no Spotify) por trazer arranjos criativos e diferenciados para clássicos dos Beatles e com uma interpretação irretocável. Está aí uma prova viva do que a voz humana, este instrumento maravilhoso, pode fazer.

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