A conta-gotas, peregrinos estão de volta ao Caminho rumo a Santiago de Compostela

Algumas dezenas de peregrinos de diferentes países percorrem, a partir de 1º de julho, o Caminho Português (ou Caminho Central) de Santiago.


Religião

José Venâncio de Resende0

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Os peregrinos estão de volta ao Caminho Português (ou Caminho Central) – rumo a Santiago de Compostela na Galiza, Espanha -, com a reabertura das fronteiras no dia 1º de julho, embora quase nenhum albergue tradicional de acolhimento tenha aberto as portas. Um deles é o Albergue Cidade de Barcelos (ACB), localizado em Barcelos, cidade portuguesa com cerca de 20.625 habitantes no distrito de Braga, região norte do país, conhecida pelo seu artesanato e pelo famoso Galo de Barcelos.

Segundo a imprensa de Barcelos, o número de peregrinos ainda é reduzido, não passando de algumas dezenas. É o “novo normal”. Esses peregrinos chegam da vizinha Espanha, mas também dos Estados Unidos, da Irlanda, da República Checa, de acordo com o jornal “Barcelos Popular” (09/07). E, “no entanto, são os peregrinos do Leste (europeu) aqueles que mais tem marcado o Caminho nestes primeiros dias de retoma, talvez (diziam-nos) porque os países do Leste foram os menos afetados pela pandemia”.

De acordo com o presidente do ACB, Lúcio Lourenço, a capacidade do albergue é bastante menor. Das 25 camas disponíveis, apenas três estão liberadas. “Podemos receber três peregrinos ou três pequenos grupos de peregrinos, desde que coabitantes. Um casal, por exemplo, conta como um porque temos três quartos.”

Ao “Jornal de Barcelos” (08/07), Lourenço alertou para a necessidade de se aumentar a capacidade, porque, “com a abertura das fronteiras, já notámos um aumento muito grande”. Ele prevê maior afluxo de peregrinos com a tendência de normalização dos voos das companhias aéreas slow-cost.

O ACB tem recebido peregrinos todos os dias, desde que reabriu a 27 de Junho. É necessária reserva prévia, com pelo menos dois dias de antecedência, informa Lourenço. Além disso, a cozinha está desativada e é obrigatório o uso de máscara. Há gel desinfetante à disposição e os lençóis são descartáveis.

O ACB é um espaço tradicional de acolhimento específico para peregrinos, por isso só aceita detentores de Credencial de Peregrino devidamente preenchida. “Não é um estabelecimento hoteleiro nem mesmo alojamento local. Funciona por donativo livre e voluntário.”

A maioria dos albergues de gestão associativa ou municipal ainda está encerrada, segundo o Jornal de Barcelos. Nuno Silva, presidente da associação Sobram Sonhos, que gere o Albergue Municipal “A Recoleta”, acredita que muitos “procurem alojamentos privados para terem quartos individuais”.

A maioria dos espaços privados está aberta e a receber hóspedes e peregrinos, de acordo com o jornal Barcelos Popular. Entre os albergues tradicionais de acolhimento de peregrinos, alguns planejam retomar as atividades ainda este mês.

A abertura dos albergues “passa uma mensagem internacionalmente” de que “o Caminho Português está aberto”, disse Lourenço ao Jornal de Barcelos. “Associações como a nossa devem defender os agentes econômicos que estão à volta do Caminho e a melhor forma de os defender é dizer que o Caminho está aberto.”

Apesar de o fluxo de peregrinos não poder chegar ao nível de anos anteriores, “vai ajudar a minimizar os impactos que a pandemia tem provocado”, observa Lourenço. Os peregrinos não são indiferentes a isso e fazem questão de contribuir.

 

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