Na Festa de Corpus Christi, a arte dos coloridos tapetes de rua


Religião

José Venâncio de Resende0

fotoTapete de rua confeccionado por Carlos Magno em El Salvador.

A tradicional Festa de Corpus Christi, que este ano acontece no dia 19 de junho, é marcada por missas e procissões pelas ruas das cidades, em geral enfeitadas com tapetes coloridos feitos artesanalmente com areia, serragem e outros tipos de material. Uma arte efêmera, que pressupõe fé e fraternidade, considerando que exige grande esforço físico (posição incômoda, transporte de material etc.) para a confecção de tapetes que, passadas as procissões, sobrevivem apenas nas fotografias e imagens.

É justamente essa “sensação de irmandade” entre os artistas dos tapetes de rua que Carlos Magno Araújo trouxe da sua viagem a El Salvador, durante a Semana Santa. O artista são-joanense participou de um evento da associação latino-americana Lunarte, na cidade de Izalco, juntamente com representantes de países como México, Panamá e Nicarágua. O objetivo foi o de incentivar o renascimento dessa tradição secular em El Salvador, que sobrevive, atualmente, no país através da família Arucha. 

A Lunarte foi criada recentemente no Panamá por artistas de tapetes em areia ou “alfombristas” (como são conhecidos em outros países) com o objetivo de promover o intercâmbio entre as várias experiências latino-americanas. Em geral, os artistas desses países trabalham com serragem, mas no México e El Salvador utilizam frequentemente o pó de mármore e, no Panamá, a matéria-prima dos tapetes de rua é preferencialmente o sal.

São Tomé das Letras

Essa mesma ideia de retomada da tradição do tapete de rua por parte do pároco vai levar Carlos Magno a São Tomé das Letras, no sul de Minas, durante o Corpus Christi. O artista são-joanense, que desenvolve trabalho de restauro da parte interna da igreja matriz da cidade, vai realizar curso e oficina durante quatro dias (para artistas a partir de 12 anos), dos quais três teóricos (história dos tapetes de rua, tipos de material utilizados e técnicas de tingimento e recortes) e um prático (confecção dos tapetes para a procissão).

Carlos Magno vai enfrentar dois desafios nesse curso/oficina: obter cores com um material novo, o pó de pedra (extremamente fino, mais escuro e um pouco tóxico), o que deve resultar em cores mais voltadas para pasteis; e ajudar os artesãos locais a criarem um novo tipo de souvenir (tapetes sobre pequenas lajes de pedra São Tomé com silhuetas do casario da cidade). 
            

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