A percepção dos residentes em cidades pequenas sobre a atividade turística

Fruto da pandemia, cidades pequenas devem planejar-se para maior procura


Cidades

José Venâncio de Resende0

Covilhã, na Serra da Estrela, Portugal.

Para os residentes em cidades pequenas, os impactos socioculturais da atividade turística são mais importantes do que os impactos econômicos, conclui um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Coimbra (UC) e do Instituto Politécnico de Viseu (IPV). A pesquisa envolveu 350 habitantes de cidades portuguesas como Aveiro, Covilhã, Figueira da Foz, Gouveia, Guarda, Leiria, Seia e Viseu.

O objetivo foi o de analisar a relação entre a ligação ao lugar e os impactos percepcionados pelos residentes em cidades de pequena dimensão relativamente à atividade turística. “A investigação sobre a visão dos residentes relativamente à atividade turística é pouco explorada, mais ainda em cidades de pequena dimensão”, diz Cláudia Seabra, pesquisadora e docente da Faculdade de Letras da UC. “Por isso, este estudo pretende precisamente colmatar essa lacuna na literatura e contribuir para um melhor planeamento destes destinos que, fruto da pandemia, vão ter uma maior procura”, acrescenta.

Uma explicação para os dados obtidos no estudo, financiando pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), prende-se com o fato de «nas pequenas cidades o espírito de comunidade ainda ser forte”, explica a pesquisadora. “As pessoas estão mais conscientes dos efeitos sociais que o desenvolvimento do turismo tem nas suas vidas do que os efeitos econômicos ou ambientais. Em geral, as pequenas cidades têm uma população pequena e envelhecida, com menos oportunidades de emprego, cuidados de saúde e grandes infraestruturas de comunicação.”

Nessas comunidades, «as pessoas geralmente estão ansiosas para conhecer novas pessoas e se conectar com outras culturas e gerações diferentes”, fundamenta a pesquisadora. “Em geral, os impactos negativos dos grandes centros urbanos onde milhares de turistas se aglomeram não são sentidos. Os turistas são vistos como pessoas que trazem oportunidades de negócios, visitando bares, restaurantes, hotéis e atrações da região, ao mesmo tempo que compram produtos locais para levar. Por outro lado, os turistas são fontes de rejuvenescimento cultural.”

A docente e pesquisadora do Centro de Estudos em Geografia e Ordenamento do Território (CEGOT) considera que os resultados deste estudo não apenas contribuem para uma “maior consciência dos efeitos que o desenvolvimento do turismo está a ter na comunidade dos destinos das pequenas cidades, porque o turismo pode ser um desafio para as pequenas localidades e cidades, sobretudo de forma sustentável”. Também podem ajudar “os gestores a fornecer benefícios econômicos, sociais e culturais de longo prazo para a comunidade local, melhorando a qualidade de vida e, assim, fortalecendo o lugar e o vínculo com a comunidade”.

Com informações de Cristina Pinto / UC

 

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