A pesquisa por trás do selo de procedência do artesanato em tear


Cultura

José Venâncio de Resende0

O selo de procedência irá valorizar ainda mais o autêntico artesanato produzido em Resende Costa (foto Fernando Chaves)

“Não sei dizer se a pesquisa contribuiu para a obtenção do selo ou se o obtenção do selo contribuiu para a pesquisa. As duas partes andaram de forma paralela.” Assim reagiu Bruno Dilascio, “simplesmente, um são-joanense

Apaixonado pela cidade”, ao ser questionado sobre a contribuição da sua dissertação de mestrado para a obtenção do selo de indicação de procedência do artesanato em tear de Resende Costa, anunciada no dia 10 de agosto pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).

A dissertação “Indicação de procedência do artesanato em tear da cidade de Resende Costa – MG” foi aprovada, no dia30 de agosto, junto ao Programa de Pós-Graduação em Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para a Inovação (PROFNIT) da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). O principal objetivo foi o de identificar os procedimentos adotados para o registro da Indicação Geográfica do artesanato em tear manual do município, “de modo a apresentar um processo integrado capaz de contribuir para o aprimoramento e a compreensão acerca do registro desses sinais distintivos”.

Também influenciou nos propósitos da pesquisa o fato de Dilascio gostar muito de Resende Costa; “e quando comecei a conhecer a história e a ter o contato com as pessoas da cidade, especialmente os produtores e membros da ASSETURC (Associação Empresarial e Turística de Resende Costa), a obtenção do selo se tornou mais importante do que a própria pesquisa”. Por isso, a conquista do selo “me trouxe uma satisfação imensa, mas não posso deixar de citar que me aprofundar na história de Resende Costa foi extremamente gratificante, conhecer a fundo a produção têxtil com o uso do tear foi incrível”.

A pesquisa partiu do princípio de que “a atividade do artesanato manual em tear é preponderante no município, sendo base do desenvolvimento econômico local”, explica seu autor. “Ao se pensar numa forma de manter o artesanato manual em tear da cidade, o instituto das Indicações Geográficas despontou como uma alternativa plausível”. Dessa forma, este relato teve como meta apresentar os passos para se chegar à solicitação do registro, conclui Dilascio, que é o técnico responsável pelo setor de contratos da UFSJ.

 

Grupo de trabalho

Bruno Dislacio coordenou o grupo de trabalho que elaborou o projeto, cujos membros foram Fernando Chaves, pela ASSETURC, e Luciene Cardoso, pelos produtores. “O selo servirá para valorizar o trabalho manual e distinguir o produto de Resende Costa. E permitirá que os consumidores tenham a certeza de estarem adquirindo um produto diferenciado”, diz Fernando Chaves, que atualmente é vereador.

Uma grande conquista, concorda Luciene. “Uma das coisas boas que aconteceram em plena pandemia foi a aprovação do selo de Indicação Geográfica, cuja importância é estritamente relevante para proteger, divulgar, valorizar e fazer perpetuar o nosso grande patrimônio imaterial: o nosso artesanato.”

Mas nem todos os produtos artesanais do município estão aptos a receber o selo, alerta Fernando. “Para possuí-lo, o produto deve seguir um regulamento. Basicamente, precisa ser um produto têxtil, efetivamente feito a mão e produzido em Resende Costa, seguindo as técnicas tradicionais de artesanato local.”

O projeto do selo de procedência do artesanato de Resende Costa contou também com o apoio do Circuito Turístico Trilha dos Inconfidentes e da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais. Paralelamente à busca pela certificação, Resende Costa vem investindo na estruturação da cidade para o turismo. Além do selo de procedência do artesanato obtido pela ASSETURC, está sendo construído pela prefeitura um Centro de Atendimento ao Turista (CAT). A previsão é de que o local possa ser inaugurado até o início de 2022.

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