“App” para contabilizar e mapear o lixo marinho em praias


Ciência e Tecnologia

José Venâncio de Resende0

Sensibilizar a população para o combate ao lixo marinho, contribuindo para a preservação dos oceanos, e alertar as entidades competentes para a urgência na adoção de medidas que permitam mitigar este grave problema ambiental global. Este é o principal objetivo da plataforma lixomarinho.app, lançada recentemente em formato de aplicação (app).

Trata-se de um projeto de ciência-cidadã promovido por pesquisadores (investigadores) do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) da Faculdade de Ciências e Tecnologia/Universidade de Coimbra (FCTUC), em parceria com a Associação Portuguesa do Lixo Marinho (APLM).

É considerado lixo marinho qualquer material sólido, persistente, manufaturado ou processado, que é eliminado, abandonado ou perdido no ambiente marinho e costeiro. Apesar deste tipo de lixo incluir uma vasta gama de materiais, entre os quais metal, madeira, borracha, plástico, vidro e papel, vários estudos indicam que mais de 80% dos materiais identificados são plásticos de vários tamanhos e formas.

Esta plataforma, também disponível no facebook e no instagram, permite a contagem simples e o mapeamento de lixo marinho em praias da costa portuguesa, principalmente em eventos de limpeza dos areais, visando funcionar como observatório nacional de lixo marinho. Espera-se que esta tecnologia possa vir a ser adotada em outros países.

Atualmente existem muitas iniciativas de limpeza de praias em Portugal, «no entanto, é necessário compilar de forma simples e organizada todos os dados que se estão a produzir, para que possamos informar outros atores da sociedade e decisores políticos sobre os níveis de poluição, com o objetivo de sensibilizar e reduzir as emissões de lixo marinho para o ambiente, isto é, promover alterações efetivas nos níveis de poluição na nossa costa», afirma Filipa Bessa, pesquisadora do MARE e coordenadora da plataforma.

Dois tipos de contagens

A colaboração de todos é essencial. Por isso, qualquer pessoa pode participar, «quer em tempo real na praia ou, mais tarde, através do registo no Site da plataforma, onde é possível efetuar as contagens das suas recolhas de lixo marinho», observa a pesquisadora, clarificando que existem duas tipologias de contagens: uma simples e outra de caráter científico.

A contagem simples - composta por 20 itens, representando os materiais e resíduos que mais se registam nas praias de Portugal –, indicará as tendências dos tipos de lixo ao longo do tempo. Já a contagem científica, dirigida a investigadores/técnicos especializados, inclui uma lista mais alargada de tipos de lixo marinho e poderá ser útil às entidades responsáveis pelas monitorizações nacionais e internacionais deste tipo de poluição.

Esta contagem do lixo marinho por categorias permite «produzir uma plataforma alargada, de acesso livre de dados, sobre a ocorrência de lixo marinho na nossa costa. Esses dados estarão disponíveis para todos os utilizadores registados de forma gratuita (cidadãos, organizações não governamentais, empresas, organizações estatais, nacionais, regionais e internacionais) que queiram colaborar connosco, contribuindo para a redução e mitigação do lixo marinho», salienta Filipa Bessa.

Inimigo global

Os plásticos têm sido identificados como um dos maiores problemas ambientais globais dos nossos tempos, devido à sua dificuldade de degradação no ambiente, observa a coordenadora da plataforma lixo marinho. Isto por causa “do excesso de consumo destes materiais e de algumas falhas na gestão destes resíduos. Sabe-se que, em média, cerca de 8 milhões de toneladas de lixo terminam nos oceanos e as tendências indicam um aumento destas projeções», alerta.

Existem registos de lixo marinho, particularmente plásticos de vários tamanhos, em praticamente todos os ambientes do planeta (rios, lagos, oceanos, praias, solos, gelo e até no ar), «com vários impactos adversos para a fauna e flora, bem como em termos sociais e económicos para o Homem», conclui a pesquisadora.

LINKS:

Facebook: www.facebook.com/lixomarinhoapp

Instagram: www.instagram.com/lixomarinho.app/

Fonte: Cristina Pinto, assessora de imprensa da Universidade de Coimbra

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