A UFSJ já está conectada à quarta missão da universidade – “Inovação, empreendedorismo e internacionalização” - através do NETEC, vinculado à Reitoria (as três missões anteriores são ensino, pesquisa e extensão). Duas mudanças foram importantes para impulsionar esse processo: a transferência do NETEC para o Campus Santo Antônio, no centro da cidade (antes estava instalado no CTAN), e a criação da aba “Inovação” no portal da universidade.
O NETEC (Núcleo de Empreendedorismo e Inovação Tecnológica) tem como principal objetivo contribuir para a inovação tecnológica no ambiente produtivo. Para isso, promove a transferência de tecnologia gerada pelas pesquisas desenvolvidas na instituição e incuba empresas de base tecnológica e de setores tradicionais. A unidade é coordenada pelo professor Paulo Afonso Granjeiro (do Curso de Bioquimica do Campus Centro Oeste da UFSJ), e tem um conselho deliberativo composto por professores e pró-reitores.
Na aba “Inovação” do portal da UFSJ , encontram-se sob o “guarda-chuva” do NETEC os setores: INDETEC-Incubadora de Empresas, Propriedade Intelectual, Acompanhamento de Projetos/Transferência de Tecnologia e, ainda, a Central de Empresas Juniores, o Compartilhamento de Laboratório e a Prestação de Serviços Técnicos Especializados.
As conexões entre o NETEC-UFSJ e as empresas são realizadas através de parcerias “público-público” e “público-privado”, por meio de acordos de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), explica Paulo Granjeiro. Um exemplo é o acordo entre a UFSJ e a empresa Farmax (de higiene e beleza) para o desenvolvimento de um produto “cosmecêntico”, com propriedade antioxidante para aplicação na pele e ter efeito antienvelhecimento.
Tanto neste quanto em outros casos, a UFSJ fornece o conhecimento que a empresa transforma em produto, passando por vários processos intermediários. A empresa torna-se cotitular da universidade que então deposita a patente no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual), explica Paulo Granjeiro. “Todos os benefícios desse produto são compartilhados com base no capital econômico e intelectual aportado por cada um dos titulares do acordo. A universidade licencia a exploração da patente, prioritariamente, para a empresa cotitular.”
Incubação de empresas
Cerca de 15 empresas de cidades da região (São João del-Rei, Resende Costa, Conselheiro Lafaiete, Divinópolis, Sete Lagoas e São Tiago) encontram-se incubadas no INDETEC-Incubadora de Empresas, em diferentes estágios. Uma delas é a MF Charcutaria, de Resende Costa, que transforma carnes em produtos especiais com aroma e sabor. A empresa, de propriedade de Marco Faro, já fez a pré-incubação e se encontra na metade da incubação, preparando-se a graduação, de acordo com Paulo Granjeiro.
A incubadora também está inserida no projeto “PROINOVA” (2024-2026), desenvolvido pelo NETEC-UFSJ com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FEPAMIG), para a conexão da Universidade com os ambientes de inovação (Hub Rockfort). O objetivo é fomentar a cultura de inovação na microrregião (São João del-Rei, Tiradentes e Coronel Xavier Chaves), com potencial participação de outros municípios como Resende Costa, explica Paulo Granjeiro. “Este é um espaço de coworking (cotrabalho), como as incubadoras e os parques tecnológicos.”
Cinco bolsistas estão distribuídos em três eixos do PROINOVA: educação empreendedora (básica e adultos), incubação de empresas e mercado.
E desde 2021 vem sendo consolidado o “INOVA Vertentes”, ecossistema local de inovação, que visa a conectar os atores da “quádrupla hélice” (governo, academia, empresas e sociedade). “Esse ecossistema organizado faz com que haja sinergia de esforços para as ações”, resume Paulo Granjeiro. Ele cita como exemplos as incubadoras, os HUBs, eventos como o Del Rei Next e parques tecnológicos.
Com a consolidação da quádrupla hélice (criação de governança sólida, perenidade dos atores e ações como eventos, workshops de empreendedores, rodadas de investimento etc.), a intenção é chegar na “quíntupla hélice” (sustentabilidade ou a economia preocupada com o meio ambiente).
Segurança jurídica
O NETEC-UFSJ lança mão de instrumentos jurídicos para a interação com a comunidade (pessoas, empresas e governos) e o compartilhamento de laboratório. É uma forma de promover o desenvolvimento de produtos, processos e serviços e aumentar o grau de inovação e a competitividade desses agentes no mercado local. “Isto é a segurança jurídica para as alianças estratégicas entre esses entes, embasado pelo marco legal de ciência, tecnologia e inovação e pela política de inovação da Universidade”, conclui Paulo Granjeiro.