Brasiliense Danielle Rezende busca suas raízes familiares em Minas Gerais


Entrevistas

José Venâncio de Resende1

Danielle e a família (foto cedida pela entrevistada).

Desde março, a bióloga Danielle Rodrigues Rezende Moreira, 36 anos, natural de Brasília, concilia as atividades escolares (ela é professora de Ciências Naturais no ensino fundamental), em regime de home office, com pesquisas genealógicas sobre a sua herança familiar, mais precisamente a família Ferreira Rezende. Contribuiu para isso o fato de Danielle ter conhecido sua prima de 3º grau, a goiana Fernanda Ribeiro Leite, que atualmente mora nos Estados Unidos. Desde 2015, Fernanda pesquisa a história da sua família, que inclui os trisavós coronel José Ferreira de Mendonça e a esposa Luiza (Cândida de Jesus) Ferreira de Mendonça.

Danielle cresceu ouvindo a sua avó Hilda Rezende contar histórias sobre a família, enquanto assava um delicioso pão de queijo. Casada com o goiano Samuel da Silva Moreira e mãe do pequeno Davi, de 3 anos, ela achava que o seu hobby era a costura. Até que começou a se interessar por genealogia e se descobriu uma entusiasta pelo ramo, apesar de ter pouco tempo para se dedicar a pesquisa. As descobertas a tem motivado a aprofundar ainda mais as pesquisas.

“Juntas, eu e a Fernanda estamos tentando desvendar qual era o ´elo´ de ligação entre a família Ferreira da Fonseca / Ferreira de Mendonça e os Rezende, mais precisamente os descendentes de Francisca Cândida de Jesus Rezende e Raphael Fortunato de Mello, este descendente dos Prados e Leme. Eles casaram mais de oito filhos e netos entre as famílias.”

Por que este interesse pelos Resendes?

Sempre fui apaixonada pelo meu sobrenome Rezende, mesmo antes de conhecer a origem. Tudo começou quando, ao revelar algumas fotos, eu senti um pesar por não ter fotografia de todos os meus bisavós. Então, decidi que deixaria de herança para o meu filho os nomes e a história dos nossos ancestrais. Sempre achei que é importante o ser humano conhecer as suas origens e a história dos seus ancestrais. Nesse percurso, tive a grande oportunidade de conhecer a Fernanda Ribeiro Leite, minha prima de 3º grau, que já fazia o levantamento genealógico da família há alguns anos. Aprendi muito com ela, que se dedica com afinco às pesquisas. Enquanto ela estudava as famílias Ferreira da Fonseca e Ferreira Mendonça, eu me dedicava à família Ferreira Rezende. O interesse em descobrir os ancestrais e o compartilhamento de DNA nos uniu fortemente na mesma direção, e as pesquisas se tornaram menos solitárias.

E como você chegou aos Resende Costa?

Há alguns meses, iniciei o levantamento genealógico da minha família e foi uma grande surpresa e alegria chegar até os Resende Costa e poder descobrir mais sobre a história e o contexto social que viviam. Tenho duas trisavós descendentes dos Resende Costa, que dão origem aos meus bisavós que eram primos. Ou seja, orgulho em dobro em ter o sobrenome. Fico extremamente honrada em saber que tenho um sobrenome passado entre os descendentes por mais de 400 anos e que não desapareceu durante as gerações.

Fale um pouco da sua descendência…

Descendo de Francisca Cândida de Jesus Resende casada com Raphael Fortunato de Mello. Ela era bisneta de João de Resende Costa e Helena Maria de Jesus e neta de Maria Helena de Jesus e do português José Antônio da Silva. Francisca e Raphael tiveram, entre outros, os filhos Pedro Olympio de Rezende e Joaquim Carlos de Rezende. Estes, por sua vez, se casaram com duas irmãs da família Ferreira da Fonseca, respectivamente, Guilhermina Maria Ferreira da Fonseca e Joaquina Ilidia da Conceição (filhas de Manoel Ferreira da Fonseca e de Maria Romana da Conceição). Pedro e Guilhermina geraram a Isabel Francisca de Rezende, minha trisavó, que se casou com Eduardo Ferreira de Mendonça em 04 de abril 1891 em Lagoa Dourada. Ele, filho do Coronel José Ferreira de Mendonça e Luiza Cândida de Jesus; ela, também, descendente dos Ferreira da Fonseca e irmã de Guilhermina e de Joaquina. Assim, Isabel e Eduardo eram primos. Após o matrimônio, eles passaram a viver em Belo Vale. Deste casamento, nasceu o meu bisavô Eduardo Francisco de Rezende.

Então, no caminho do Distrito Federal existe um Belo Vale?

O Eduardo Ferreira de Mendonça, após o casamento, passou o assinar o sobrenome Rezende da esposa, mudando o nome para Eduardo Ferreira de Rezende. Durante pesquisas, eu havia lido que as mulheres da família Rezende Costa, provavelmente devido a um acordo, não perdiam o sobrenome Rezende ao casarem. Interessante foi observar na prática o marido adquirir o sobrenome da esposa. Por outro lado, Joaquim Carlos e Joaquina geraram a Maria Joaquina de Rezende, outra trisavó, que se casou com Emidio Ferreira da Fonseca e passaram a viver também em Belo Vale. Deste matrimônio, nasceu a minha bisavó Cecília Ferreira de Rezende que se casou com o seu primo Eduardo Francisco de Rezende e tiveram descendência em Belo Vale. Mais tarde, eles migram para o Distrito Federal, onde se desenvolve a família. A família, de certa forma, foi formada da sucessão de matrimônios consanguíneos.

E como se deu este processo de busca das origens?

Comecei a buscar pelos meus familiares maternos, mas na região que viveram há uma escassez de documentos o que dificultou alavancar a pesquisa. Então voltei a pesquisa para o meu lado paterno. Minha avó, que é Rezende, me ajudou bastante com as histórias que são vivas na lembrança dela. A partir de pesquisas da Fernanda e conversas com minha avó, descobri que os meus tetravós, o Coronel José Ferreira de Mendonça e a Luisa Candida de Jesus/Luisa Ferreira de Mendonça, após a morte do Barão de Paraopeba, foram proprietários da Fazenda Boa Esperança em Belo Vale, hoje tombada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). É impossível não se apaixonar pela história.

E por Minas…

Sou apaixonada por Minas, apesar de conhecer pouco. Meu projeto esse ano era uma viagem para o Estado, de carro e com tempo, para conhecer os locais onde viveram meus familiares, mas os planos foram adiados devido a pandemia.

Como andam as pesquisas?

Juntas, eu e a Fernanda estamos tentando desvendar qual era o “elo” de ligação entre a família Ferreira da Fonseca / Ferreira de Mendonça e os Rezende, mais precisamente os descendentes de Francisca Cândida de Jesus Rezende e Raphael Fortunato de Mello, este descendente dos Prados e Leme. Eles casaram mais de oito filhos e netos entre as famílias.

E qual é a sua indagação principal neste momento?

Já sabemos que as famílias, tantos os Resende Costa como os Ferreiras da Fonseca, realizavam muitos casamentos consanguíneos para a manutenção das riquezas e poder. Agora, a nossa indagação é se, entre as duas famílias, havia um acordo pelo qual mantinham as heranças ou se tiveram um ancestral em comum que ligava as duas famílias. Estamos tentando descobrir quem são os pais de uma matriarca que deu origem aos Ferreira de Mendonça para responder a esta pergunta. Lendo a entrevista do professor Guilherme Rezende*, observo que houve casamento entre Rezende e Mendonça, o que confirma a nossa hipótese. Teremos um longo e bom debate pela frente... Outra questão levantada é como o coronel José e a Luíza Ferreira de Mendonça, um jovem casal, conseguiram adquirir a fazenda Boa Esperança, umas das mais valiosas da região. Além da família Resende Costa, buscamos entender se eles teriam também alguma relação com a família do Barão de Paraopeba.

Como você está avançando na trajetória genealógica dos Resende Costa?

Como os Resende Costa tem uma trajetória genealógica bem documentada em livros - como “As Três Ilhoas”, de José Guimarães, e “Genealogia Mineira”. de Arthur Vieira de Rezende e Silva -, consegui a conexão que João de Resende Costa é bisneto de Jorge de Resendes e Catarina de Freitas. Todavia, os seus artigos no Jornal das Lajes têm sido de grande valia para mim, pois tem me auxiliado a entender melhor a origem dos Resendes dos Açores. Foi a partir do artigo “Resendes da Ilha Santa Maria podem ter origem nos Curvello da Espanha” que me foi revelado quem eram os pais de Jorge de Resendes.

Como andam as pesquisas?

Tenho realizado pesquisas a tentar descobrir quem eram os pais de Catarina de Freitas. Já pesquisei nos livros paroquiais de Santa Maria o matrimônio de Jorge e Catarina, mas encontrei somente os de pais de Jorge e também o de Margarida com André, filha do casal. Mas nenhum registro do casamento deles. Consegui a cópia do jornal Açoriano Oriental, mas o artigo cita apenas a descendência do casal. A paternidade de Catarina de Freitas tem sido um mistério. Eu tinha esperança que poderia encontrar na obra de Rodrigo Rodrigues, mas tem sido um livro inacessível para mim. Pelo que pesquisei não existe nenhum exemplar no Brasil, têm alguns restritos em bibliotecas de Portugal e Estados Unidos. Isso travou a minha pesquisa.

Mas você não desistiu, né?

Há uma linha de pesquisa que mostra que Catarina era filha de Sebastião de Freitas e Maria Pedrosa de Alvarenga. No entanto, são informações sem comprovação. Segundo a obra “Genealogia Paulistana”, Catarina, filha de Sebastião de Freitas, casou-se em 1632 com Francisco de Barros de Freire, tendo descendência. Não conta na obra o casamento com Jorge e nem cita sua filha Margarida. Minha dúvida é se Catarina é filha dos pais citados acima, se há algum registro que comprove essa filiação. Caso ela seja filha do casal Sebastião e Maria Pedrosa, a família Resende Costa terá descendência em cristãos novos. Segundo uma página de advogados portugueses Castro e Martins, os Resende da Costa são descendentes de Sebastião de Freitas. Mas, para tal afirmativa é necessária a comprovação. Onde está este tesouro que ninguém mais encontra?! Rs

*O ramo dos Reszende em São Vicente de Minas - https://www.jornaldaslajes.com.br/integra/o-ramo-dos-reszende-em-sao-vicente-de-minas/2908

 

 

 

Comentários

  • Author

    Têm sido uma jornada bem interessante; e no caminho tenho tido a oportunidade de conhecer pessoas especiais como a Dani; que têm a mesma sede e interesse em saber mais sobre nossos ancestrais. Este artigo apenas reafirma o quão importante é para nós sabermos mais sobre os caminhos percorridos por nossos antepassados.


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