Coronel Xavier Chaves ganha Associação para estimular produção de mel


Economia

José Venâncio de Resende0

Colmeias no sítio de Air Resende, em Cel. Xavier Chaves.

Produtores de mel e outros produtos apícolas fundaram, em assembleia realizada em julho de 2018 na Casa de Cultura, a Associação de Apicultores Xavierenses (APIC), com sede no município de Coronel Xavier Chaves, microrregião dos Campos das Vertentes. A sigla “APIC” inspira-se na antiga Associação de Apicultores de Canudos, na Bahia, diz Francisco Dimas de Resende, o Chiquinho do Mel, um dos fundadores da entidade xavierense.

Um dos objetivos da APIC é proteger o meio ambiente de forma a garantir o desenvolvimento e a sobrevivência das abelhas, que trazem a polinização, resume Chiquinho. “A vida humana depende das abelhas.”

A associação surgiu como decorrência natural de encontros e discussões entre apicultores desde 1998, explica Chiquinho. Naquele ano, a ideia era criar uma associação regional, “mas não conseguimos”. Então, nasceu na época um grupo com representantes de São João del-Rei, Resende Costa e Coronel Xavier Chaves. “Esse grupo começou a trabalhar na qualificação dos produtores para aquecer este setor.”

Ainda em 1998, por iniciativa do então presidente do Sindicato Rural de São João del-Rei, Silvio Rodrigues, foi realizado o primeiro encontro de apicultores em Coronel Xavier Chaves. A partir desse movimento, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) passou a oferecer cursos de qualificação para iniciantes, como em técnicas de manejo (produção de mel e cera, própolis, rainhas etc.).

O primeiro curso do SENAR foi realizado em 2002 com a presença de 48 pessoas entre apicultores e interessados em ingressar na atividade. Segundo Chiquinho, havia participantes de São João del-Rei, Resende Costa, Prados, Coronel Xavier Chaves, São Tiago e Ritápolis. A partir daí, os cursos do SENAR aconteceram regularmente na região, de maneira a atender a demanda.

Outra consequência desse movimento foi o surgimento das associações de apicultores de Resende Costa e São João del-Rei. Também surgiu a Apichi (Associação de Apicultores Chico Mendes), que está desativada.

Em 2017, cerca de 13 apicultores decidiram criar a APIC - oficializada no ano seguinte – com “propósito social, ou seja, promover a inclusão social por meio de um apiário- escola (alunos, pessoas deficientes, idosos etc.), e de sustentabilidade dos apicultores (aperfeiçoamento profissional, troca de experiências e informações)”, resume Chiquinho. Entre as informações, ele cita técnicas de manejo, tecnologia, saúde preventiva, comercialização, turismo etc.

Casa de Mel

Uma das ideias da APIC é a criação da Casa de Mel, e para isso já tem até projeto aprovado e local cedido pela prefeitura, informa Chiquinho. Só está aguardando o registro da associação em cartório.

O papel principal da Casa de Mel será o de proteger a qualidade do produto que a ser comercializado. Por meio da Associação, a ideia é obter a classificação concedida pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) do mel orgânico a ser vendido na Casa de Mel e mesmo exportado para outras regiões.

Em Coronel Xavier Chaves, existem cerca de 16 apicultores com dois a três apiários em média, conta Chiquinho. “O ideal é 12 a 16 colmeias em cada apiário, o que torna mais fácil a sobrevivência das abelhas num raio de 700 hectares e a garantia de uma produção adequada.”

Chiquinho começou a fazer apicultura por volta de 1964 com o pai José Pedro Teodoro de Resende, quando morava no Córrego das Pompas, divisa com Resende Costa. “Desde os 7 anos eu já vendia mel.”

Além disso, a produção de cera era destinada principalmente a atender à demanda de vela nas igrejas, lembra Chiquinho. “Hoje, a maior parte da cera é para depilação e produtos cosméticos.”

“Experiência saudável”

Air Sousa Resende, apicultor em Coronel Xavier Chaves, considera saudável a experiência de conviver com as abelhas. “Com as abelhas, aprende-se a ser defensor da natureza, a preservar o meio ambiente. A ponto de se criar caso com vizinhos por causa do uso de agrotóxicos.” 

“As abelhas são uma grande sociedade não governamental que serve de espelho para a sociedade humana”, complementa Chiquinho.

A criação e fortalecimento da APIC pode ajudar no impulso à apicultura no município, cuja média de produção está bem abaixo da média. De acordo com o último levantamento por cidade do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção de mel somou 84,3 mil quilos na microrregião dos Campos das Vertentes, dos quais apenas 300 quilos em Coronel Xavier Chaves. Os maiores produtores são: São João del-Rei (30 mil quilos) e Resende Costa e São Tiago (20 mil quilos cada um).

 

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