Cuba envolvida em suspeita de escravização de imigrantes


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José Venâncio de Resende0

Além das vinhas e das azeitonas, a produção de grãos é outra atividade econômica relevante em Cuba. Mas, em meio à polêmica dos direitos humanos na Copa do Mundo do Catar, a agricultura cubense viu-se às voltas com uma megaoperação policial, divulgada pela imprensa portuguesa. São suspeitas de exploração em condições sub-humanas e de semiescravidão de centenas de trabalhadores estrangeiros, principalmente asiáticos, em campos agrícolas do baixo Alentejo e do centro do país.

A operação da Polícia Judiciária, que envolveu mais de 400 inspetores, realizou em 23 de novembro 60 buscas e deteve cerca de 40 pessoas. São suspeitos de ficar com os ordenados das vítimas, pagos pelos empregadores, e fazer fortuna, ostentada por vários sinais exteriores de riqueza. Contariam ainda com a colaboração de uma solicitadora da Vila de Cuba para a criação de empresas-fantasma e falsificação de documentos.  

As vítimas são atraídas nos seus países de origem para uma vida melhor em Portugal, com direito a alojamento, condições de trabalho e salários dignos, mas tudo não passa de um logro. Para isso, a rede organizada a partir do distrito de Beja conta com angariadores no Leste da Europa (Ucrânia, Romênia etc.), além de países como Índia, Paquistão ou Timor.

Esses trabalhadores ficam em dívida com a rede, que cobra pelas viagens, logística e alojamento milhares de euros que as vítimas não podem pagar. Como estão ilegais no país, ficam vulneráveis e sujeitos a trabalhos pesados com raro descanso e escassa recompensa. A maior parte do ordenado é retida na fonte pelos capatazes que são, em geral, compatriotas das vítimas.

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