Duzentos anos sem Bárbara Eliodora

Bárbara faleceu em 24/05/1819 em São Gonçalo do Sapucaí onde foi sepultada. Antes, porém, entrou para a Ordem Terceira do Carmo de São João del-Rei.


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José Cláudio Henriques*0

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Bárbara Eliodora Guilhermina da Silveira nasceu em São João del-Rei em 1759, filha do português Dr. José da Silveira e Souza (1725-1794) e da paulista Maria Josefa Bueno da Cunha, falecida a 29/05/1806, esta filha do casal Dona Mariana Bueno da Cunha, falecida em 1786, e do Capitão Mor de Goiás Velho, José Teixeira Chaves.

Bárbara teve mais nove irmãos e teve quatro filhos, sendo a mais velha Maria Efigênia, nascida em São João del-Rei (1779-1797) quando Bárbara ainda era solteira, fruto do relacionamento com o inconfidente Inácio de Alvarenga Peixoto. Posteriormente, já casada com Alvarenga Peixoto, teve mais três filhos, na sequência: José Eleotério (1787-1831), João Evangelista, nascido em 1788 e Tristão (1789-1816). Todos nascidos em São João del-Rei.

Mais do que bela, Bárbara foi uma heroína ao perder seu marido preso no movimento da Inconfidência Mineira em 1789, quando ela tinha apenas trinta anos de idade e teve que cuidar sozinha de seus quatro filhos, de suas fazendas e de suas minas de ouro.

Em 1780, seu marido deixou o cargo de Ouvidor Mor da Comarca do Rio das Mortes para dedicar-se a fazendas e minas de ouro no sul de Minas Gerais, morando nas cidades de Campanha e São Gonçalo do Sapucaí, de onde suas fazendas se estendiam até a cidade de Heliodora. Alvarenga Peixoto faleceu em 1792, logo que chegou ao seu destino, ao ser degredado para a localidade de Mombaça, na África.

Depois da morte de Alvarenga, Bárbara teve a escora de seu compadre, João Rodrigues de Macedo, padrinho do seu filho Tristão e uma espécie de tutor de seus filhos. Pego pelo fisco português por dívidas de entradas e comércio de mercadorias e escravos, viveu ao lado de Bárbara até sua morte em 1807.

No inventário de Alvarenga, Bárbara ficou com a metade do espólio, ficando por conta de Macedo a compra da outra metade, para que ele se tornasse sócio nos negócios de Bárbara. Como parte da compra não foi paga, coube a Bárbara ressarcir ao fisco português a dívida de Macedo, perdendo parte dos seus bens. Foi nessa época que inventaram que Bárbara tinha ficado louca para não perder os seus bens.

Bárbara faleceu em 24/05/1819 em São Gonçalo do Sapucaí e lá foi sepultada na Matriz local. Antes, porém, entrou para a Ordem Terceira do Carmo de São João del-Rei.

*José Cláudio Henriques foi presidente da Academia de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico (IHG) de São João del Rei e autor do livro “Bárbara Eliodora, muito mais que bela”.

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