O escultor resende-costense Valcides Mairinque Arvelos, de projeção internacional, figura ao lado de nomes, como o arquiteto Oscar Niemeyer, a artista plástica Marianne Peretti e o paisagista Roberto Burle Marx, na história do Palácio do Jaburu, ocupado desde 1º de janeiro pelo vice-presidente Geraldo Alckmin.
A imagem de Nossa Senhora Aparecida, entalhada em bloco de madeira pelas mãos de Valcides, encontra-se no altar da capela do Palácio do Jaburu, que é repleta de obras de arte. Os vitrais são de Marianne Peretti e os bancos e o altar foram desenhados pela arquiteta Anna Maria Niemeyer, filha de Oscar.
O palácio, às margens da Lagoa do Jaburu em Brasília, é designado como a residência oficial do vice-presidente da República. Foi projetado por Oscar Niemeyer em 1973, tendo sido ocupado pela primeira vez, em 1977, pelo vice-presidente Adalberto Pereira dos Santos. É tombado como Patrimônio Cultural pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Antes de Alckmin, ocuparam o Palácio do Jaburu: Adalberto Pereira dos Santos (vice-presidente de Ernesto Geisel); Aureliano Chaves (vice de João Figueiredo); José Sarney (vice de Tancredo Neves); Itamar Franco (vice de Fernando Collor); Marco Maciel (vice de Fernando Henrique Cardoso); José Alencar (vice de Luiz Inácio Lula da Silva); Michel Temer (vice de Dilma Rousseff) e Hamilton Mourão (vice de Jair Bolsonaro). Nos períodos 1985-1990 e 2016-2018, mesmo presidentes, Sarney e Temer continuaram a usar o palácio.
Quem foi Valcides
Nascido em 6 de setembro de 1926, este mestre de ofício, autodidata, aprendeu a desenvolver desenhos e esculturas em madeira fazendo brinquedos, segundo sua irmã Ana Rita Mairinque*. “Ele ficou conhecido nos anos 70 como santeiro, mas começou muito antes, fazendo passarinhos e carrinhos para crianças. Valcides esculpiu o primeiro santo após uma visita a São João del-Rei, onde, através de um santinho, ele conseguiu reproduzir a imagem de um Senhor dos Passos.”
Após a primeira escultura, Valcides não parou mais de receber encomendas de religiosos e colecionadores de arte sacra. Em 1972, o artista ganhou as páginas da revista Veja com a escultura de São Francisco de Assis. Com o título “Visões Esculpidas”, trazia a história de um homem humilde que aprendeu o ofício nobre sem qualquer influência acadêmica, mas valorizava a autenticidade.
Dos diversos santos esculpidos por Valcides, um em especial está exposto no Museu Paroquial de Nossa Senhora da Penha de França, em Resende Costa. A escultura da padroeira da cidade tem um valor artístico e cultural muito grande para a história local, segundo o então seminarista, hoje padre, Adriano Melo de Oliveira.
Valcides faleceu no dia 2 de agosto de 2008, aos 81 anos, sem possuir bens. Durante 3 anos, ele ficou de cama após sofrer um derrame. Mas, segundo Ana Rita, não deixou de trabalhar. “A última obra que o Valcides fez foi um São Bento, encomendado por um turista, mas não ficou perfeita, porque ele já estava doente. O dono da obra não quis levar, deixou pra ver se ele consertava, mas não teve mais tempo.”
Valcides, conhecido na comunidade como “santeiro”, viveu a vida toda em Resende Costa; é lembrado como um artista local, embora sua obra tenha abrangência nacional e internacional.
*http://jornalismo.ufsj.edu.br/van/memorias-do-mestre-da-arte-sacra-de/
Fonte Wikipedia e Uol