Ex-prefeito Aurélio Suenes é pré-candidato a deputado estadual


Entrevistas

José Venâncio de Resende0

fotoEx-prefeito Aurélio Suenes assume pré-candidatura a deputado estadual (foto arquivo pessoal)

Vereador eleito em 2004, prefeito eleito de Resende Costa (MG) pela primeira vez em 2012 (cumprindo dois mandatos), Aurélio Suenes agora é pré-candidato a deputado estadual pelo PSD. Sua bandeira principal é a Educação, inspirando-se no ex-senador e candidato à Presidência da República, Cristovam Buarque.

Com larga experiência regional, Aurélio foi presidente da Associação dos Municípios da Microrregião do Campo das Vertentes (AMVER), do Consórcio Intermunicipal de Gestão e Desenvolvimento Ambiental Sustentável das Vertentes (CIGEDAS), do Circuito Trilha dos Inconfidentes e do Comitê de Bacias GD2 (pela Copasa). Nesta entrevista ao JL, ele fala de sua trajetória política e de suas ideias e propostas, caso seja confirmado como candidato e seja eleito nas próximas eleições.

Por que você entrou na política? Entrei porque acredito que a boa política pode transformar, melhorar a vida das pessoas e da comunidade. De certa forma, estou na política por um ideal, pela possibilidade de fazer a boa aplicação do recurso público para ajudar as pessoas. Alguém, quando exerce um cargo público eletivo, tem a oportunidade de fazer o melhor; no final das contas, ser político é uma missão que a gente deve cumprir com muito zelo, muito gosto e de forma a não decepcionar as pessoas que acreditaram.

Quando você se candidatou a prefeito pela primeira vez, acreditava ser possível vencer? Eu me preparei para isso, na verdade. Mas, no decorrer do mandato de vereador, percebi que ainda não era a hora. Eu ainda era muito jovem, estava com 29 anos. Então decidi compor uma chapa com o Dr. Paulo, pelo PSDB. Fomos derrotados pelo Adilson, do PT. Fiquei quatro anos sem mandato. Obviamente, quem é político, quem se interessa pelas questões sociais, continua envolvido. Não me desliguei de forma alguma, continuei sempre participando dos assuntos locais; apesar de estar na Copasa, em São João del-Rei, sempre estive atento às movimentações na comunidade.

Aí veio a candidatura a prefeito… Eu investi na pré-campanha, na pré-candidatura – na ocasião, estava com 33 anos – e participei das eleições de 2012. Eu sabia que não seria fácil. Na verdade, entrei naquela disputa pensando em deixar o nome para as eleições de 2016. A gente sempre fazia levantamentos, acompanhava o posicionamento de cada candidato – os outros candidatos eram o Gilberto (PSDB) e o Adilson (PT) – e percebia que realmente seria muito difícil vencer aquela eleição. Os números favoreciam a eleição do Gilberto. Consegui fazer uma aliança importante com o PMDB, que indicou o Toninho Ribeiro para vice – ele havia sido candidato a prefeito em 2008 e teve mais de 1.500 votos. Isso conferiu uma certa estrutura e credibilidade à campanha. Também veio o apoio de colegas, como o Cícero Chaves, que sempre foi muito envolvido com política.  

Em que momento você percebeu que dava pra vencer? Pelos nossos levantamentos, eu e o Toninho, com apenas um mês de campanha, conseguimos empatar as eleições com o Gilberto. Nós percebemos, no decorrer da campanha, que seria possível ganhar aquela eleição. E trabalhamos firmes para isso. Fizemos uma campanha bonita, sem falar mal de adversário, colocando as nossas ideias, novas propostas…Foi um momento histórico, em que as pessoas queriam mudar, renovar. No cargo executivo, principalmente, a pessoa não consegue se perpetuar por melhor que ela seja – e nós temos que considerar que o Gilberto tinha todos os méritos porque já tinha feito três mandatos em Resende Costa. No entanto, a população nos deu um voto de confiança. Assim, tivemos a oportunidade de mostrar um pouco do nosso trabalho, que, em seguida, foi reconhecido pela comunidade de Resende Costa.

Qual é o balanço que você faz das suas gestões? Como vereador, me envolvi nas questões da comunidade: associações de bairro, esporte, meio rural etc. Assim, tive o reconhecimento para avançar para o mandato executivo. Já na prefeitura, o desafio foi maior. Pegamos uma prefeitura com muita coisa para ajustar, inclusive o caixa negativo. Além disso, a situação econômica do país se refletia nos repasses para as prefeituras; tanto que, por diversas vezes, a imprensa relatou a quebradeira de prefeituras… Não havia recursos para fazer uma melhoria no município, fazer investimento. Praticamente, o recurso que tinha era para custear a estrutura da prefeitura.

E como foi possível reverter a situação? Com parcerias, uma forte parceria com o deputado federal Diego Andrade, que foi diretor da Copasa, e com o então deputado Wander Borges, hoje prefeito de Sabará. Eles foram carreando recursos para o município e, assim, conseguimos ir mostrando o nosso trabalho. Também conseguimos uma aproximação com o PSDB – na época, tivemos uma conversa com o Gilberto –, sendo que no terceiro ano de mandato já era possível prever que iríamos caminhar juntos nas eleições de 2016. A população entendia a situação da prefeitura e via o nosso esforço. Assim, conseguimos avançar para o segundo mandato. Tivemos uma reeleição com uma confiança da população que eu poderia chamar de histórica, uma dianteira de 2089 votos, 65% dos votos válidos.

E o segundo mandato? Também foi muito difícil. Na verdade, a dificuldade até aumentou porque o governo do Estado começou a reter recursos dos municípios: da Saúde, do ICMS, da Educação… Resende Costa, por exemplo, deixou de receber, na ocasião, em torno de 2 milhões e meio de reais. Mas continuamos com as parcerias. Fizemos parceria até com presídio para fazer pré-moldados e conseguimos calçar muitas ruas. Melhoramos consideravelmente a infraestrutura do município. Ajustamos muitas leis e regras que estavam atrapalhando o andamento da prefeitura. Com as mudanças de governo, os repasses para as prefeituras começaram a melhorar. Podemos dizer que, atualmente, as prefeituras estão com dinheiro, cada vez mais batem recorde de arrecadação. E nós ficamos felizes porque deixamos a prefeitura numa condição que, acredito, seja inédita. Deixamos no caixa da prefeitura, acho eu, um pouco mais de três milhões de reais de recurso próprio. Somados com recursos vinculados, nós chegamos à casa de quase oito milhões de reais. Deixamos a prefeitura numa situação muito boa, apesar da pandemia em 2020, que nos impediu de desenvolver os projetos, pois havia sempre uma interrogação. Talvez até por um excesso de zelo, seguramos bastante e fechamos 2020 com muito recurso, ficando para o sucessor uma prefeitura totalmente saneada, equipada e organizada.

Fale um pouco da sua experiência como empreendedor. Acho que herdei esse espírito de empreendedor um pouco do meu avô José Cupertino, que era bem arrojado, bem ousado nos negócios. Tudo surgiu com a criação da nossa loja, a KS Modas, que hoje está com a minha irmã. Assim que eu entrei na Copasa, nós abrimos esse empreendimento. Em seguida, entrei no ramo dos eventos com a KS Eventos, mesmo nome da loja. Fiquei oito anos trabalhando com eventos em Resende Costa. Aí eu entrei para o mercado imobiliário: compra, venda, construção de casas; comprava lote, fazia casa e vendia em São João del-Rei. Depois, eu fundei a Britax, uma empresa do ramo da construção civil: tem uma produção de britas e a concreteira que trabalha com concreto usinado. E agora, em 2021, eu entrei, novamente, para o mercado imobiliário, como corretor de imóveis. Entre os empreendimentos imobiliários, a gente está lançando um condomínio, com o nome de Condomínio Esplanada, em Resende Costa. Pra mim, a experiência como empreendedor sempre foi positiva. 

Por que a decisão de ser pré-candidato a deputado estadual? Sempre que a gente anda pelas ruas, o pessoal comenta: “Você tem que ser candidato, você ficou com uma imagem muito boa na cidade, na região…” Em meados do mês de julho, decidi avançar com a ideia de ser pré-candidato. Eu acho que este é o momento. Saí com uma avaliação em Resende Costa, medida em duas pesquisas, na casa de 94%. Apesar disso estou ciente de que se trata de uma eleição muito difícil. Nós temos uma base eleitoral em Resende Costa relativamente pequena para uma eleição para deputado. Portanto, vamos ter que trabalhar muito nas cidades da região para buscar os votos necessários. Se chegarmos lá, certamente iremos fazer tudo para sermos diferentes. Temos a experiência da passagem pelo executivo, inclusive com uma premiação de melhor prefeito das Vertentes – uma pesquisa que foi feita –, e isso me deu mais força para acreditar que o momento chegou.

Você se considera preparado para esse novo salto na atividade política? Tenho plena convicção de que sim. Depois de quatro anos como vereador e oito como prefeito, eu me sinto preparado para um cargo no legislativo estadual; eu acredito ter o conhecimento necessário para fazer um ótimo trabalho, caso chegue lá. E acredito ter o discernimento e a clareza necessários para fazer um trabalho que traga bom resultado para a nossa região e o Estado.

E qual será o maior desafio? O maior desafio é fazer as pessoas saberem quem é o candidato e o que ele realmente propõe. O tempo de fazer uma campanha é muito curto (45 dias) para a pessoa se apresentar de forma tão abrangente a ponto de se eleger. O candidato precisa ter uma atuação em várias cidades. Se as pessoas me conhecessem como os resende-costenses me conhecem, eu acho que seria bem mais tranquilo. Sendo assim, o desafio maior é como fazer chegar às pessoas que não me conhecem minha biografia, minhas propostas, minhas bandeiras, minhas ideias, tudo dentro de uma nova forma de fazer política.

Como você pretende financiar a sua campanha? Eu me proponho a abrir mão do fundo eleitoral e do fundo partidário porque não concordo com eles. Farei uma campanha mais simples, com recurso próprio, e vou tentar fazer com que as ideias, as informações cheguem até as pessoas pelas redes sociais, através dos amigos, dos conhecidos, dos aliados que tenho nos municípios.

E quais são suas principais bandeiras? Minha principal bandeira será a Educação, pois ela é o caminho para termos um cidadão melhor, uma nação mais desenvolvida. Vou trabalhar muito as questões da Educação, a qualificação e a valorização dos profissionais da Educação, por exemplo. Eu ainda me lembro do senador Cristovam Buarque, que chegou a disputar a presidência da República. A todo o tempo só falava de Educação, Educação… Hoje, eu tenho uma clareza, depois de ter passado pelo executivo: ele estava correto. Temos que colocar a Educação como uma prioridade, uma vez que ela é condição para que o cidadão tenha lucidez, por exemplo, para escolher melhor os governantes e os membros do parlamento para cuidarem melhor da Saúde ao adotarem ações preventivas, como alimentação e práticas esportivas adequadas, entre outras coisas.

Que outras ideias mais? Uma das coisas que eu vou defender sempre é a redução do tamanho do legislativo; os Estados Unidos são uma vez e meia o Brasil e tem 425 deputados federais, enquanto nós temos 513. Além da economia, haveria melhor governabilidade. Outra coisa é uma reforma política: é preciso alterar esse sistema de partidos que é um mercado de negócios. Não existem tantas ideologias: 33 partidos, 33 ideologias; existem, me perdoem, 33 interesses. É um jogo de poder onde se usa a sigla partidária para se ter acesso a cargos públicos. Não vejo outra forma de transformar uma nação que não seja pelo principal poder: o legislativo. Ele é que pode fazer reforma do judiciário, reforma partidária, reforma tributária etc., reformas de que o país precisa para ser uma nação desenvolvida. 

O que você acha do custo para o país que um político representa no modelo atual? A questão dos privilégios dos políticos precisa ser combatida, não há necessidade de tantos privilégios; é possível termos políticos com um custo mais baixo. Devíamos seguir o exemplo de países de primeiro mundo. Eu tenho os meus empreendimentos, que, graças a Deus, estão indo bem. Eu me propus, nesta candidatura, abrir mão do próprio salário de deputado, caso seja eleito, e fazer uma doação para instituições filantrópicas, como a Apae. Meu direcionamento não é pelo dinheiro, não é pelo poder, não é pelo prestígio, se é que existe. É realmente pelo desejo de fazer alguma coisa diferente, que ajude a mudar o que hoje existe na política. O que eu pretendo como deputado é nada diferente do que eu sempre fui na política: uma pessoa acessível, simples. 

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