Exposição busca promover criação de caprinos e ovinos nas Vertentes e Zona da Mata


Notícia

José Venâncio de Resende0

fotoCordeiros oriundos do processo de IA. Muitos partos num curto período.
A V Exposição de Caprinos e Ovinos de Barbacena e Região - promovida pelo Núcleo de Criadores de Caprinos e Ovinos das Regiões dos Campos das Vertentes e Zona da Mata (NUCCORTE) – acontece no período de 16 a 20 de maio, em Barbacena (MG), durante a 45ª Exposição Agropecuária do Município. A programação prevê a entrada dos animais no dia 16, a pesagem no dia 17 e o julgamento de classificação das raças Dorper e White Dorper nos dias 17 de 18 de maio.
 
A ideia, este ano, é ampliar o apoio aos criadores de ovinos e de caprinos (leite e corte), visando promover a atividade na região onde a ovinocaprinocultura já está em franca expansão, diz Luciano Piovesan Leme, presidente do NUCCORTE.  Tanto que será realizado o I Torneio Leiteiro de Cabras, que dá direito a prêmios em dinheiro no valor de R$ 6.500,00, além de troféus e faixas.
 
Também está previsto, no dia 18, o I Ciclo de Palestras sobre Cabras Leiteiras, com palestras de especialistas sobre inseminação artificial (09h00min), transferência de embriões (10h00min) e nutrição e alimentação (11h00min).  
 
Além disso, haverá sorteio de 30 doses de sêmen de bodes testados e aprovados, entre os expositores de caprinos, fruto de parceria entre o NUCCORTE e a CRV Lagoa, de Ribeirão Preto (SP).
 
Os organizadores esperam que haja venda permanente de animais durante a feira, com bom volume de negócios. Está prevista a degustação de cordeiros, de queijos e de derivados de leite de cabra e ovelha, roda de viola e rodada de negócios, entre outras atividades.    
 
Piovesan faz um apelo especial à participação dos criadores de caprinos voltados para o corte, para que o setor seja fortalecido. “Enviamos 17 meses consecutivos, sem interrupção, cordeiros para abate em frigoríficos, com mais de 2800 cordeiros, mas não temos ninguém com criatórios de caprinos de corte em nossa região.”
    
A exposição será no Parque de Exposições “Senador Bias Fortes”, em Barbacena. Mais informações podem ser obtidas pelos telefones (32) 3331-7878/6516 e 9928-2965.
 
Inseminação artificial - No final de2011, o criador Wilson  Ashidani, de Piedade do Rio Grande (MG), teve o primeiro contato com a tecnologia de inseminação artificial (IA) em caprinos e ovinos, por ocasião de curso promovido pelo NUCCORTE em parceria com o Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia (IFET) de Barbacena. A partir daí, testou a tecnologia “com mais convicção” em seu rebanho.
 
   O trabalho começou com a aplicação do protocolo de sincronização de cio nas matrizes (que tinham sido separadas dos reprodutores meses antes) sob orientação do corpo técnico da empresa Embryo Sys Reprodução Animal. Concluído o protocolo de indução de cio, o pessoal da Embryo retornou à fazenda para realizar a IA, utilizando sêmen fresco diluído de reprodutores (os serviços prestados pela Embryo e parte dos reprodutores foram cedidos pela empresa VPJ).
 
   No dia da inseminação (e verificação da resposta dos animais ao protocolo de sincronização de cio), Ashidani constatou uma característica peculiar (mas nem sempre observada), de que a IA "mostra" como está o rebanho, ou seja, qualquer problema nutricional, sanitário ou de manejo afeta diretamente a reprodução das matrizes (que não dão cio), prejudicando o processo. Nesse caso “é preferível uma ovelha relativamente magra, mas que está ganhando peso, do que outra com bom escore corporal emagrecendo (sob estresse)”.
 
   Entre os benefícios da IA nos ovinos, Ashidani cita a concentração das parições, o que facilitando o manejo do rebanho (menos lotes que são mais homogêneos); padronização dos animais (muito desejável ao mercado comprador); e maior aproveitamento dos melhores reprodutores (sêmen fresco diluído permite alcançar a proporção de 1 macho para 250 fêmeas, quando o normal para monta natural é de 1 macho para 50 fêmeas).
 
   Polêmica - A proposta de se trabalhar com apenas uma monta/matriz x ano tem gerado polêmica entre produtores e técnicos que atuam na ovinocultura, por ir na contra-mão do menor intervalo entre partos que é o que se busca normalmente.  É que, na prática, pouquíssimos rebanhos de corte da região Sudeste, que buscam maiores coberturas/ano, obtém taxas de desfrute maiores que 100% (passível de ser obtido para quem faz apenas uma monta a cada ano),  observa Wilson  Ashidani, que é diretor do Sindicato de Produtores Rurais de Piedade do Rio Grande (MG) e associado do NUCCORTE.
 
   “Isto se deve ao fato de haver alta mortalidade dos cordeiros que nascem em pleno período chuvoso ou de muito frio (inverno). Épocas em que não apenas os cordeiros são flagelados, mas as próprias matrizes também sofrem para se manterem e dar de mamar às suas crias, demandando investimentos em estrutura, alimentação suplementar, assistência veterinária, manejo e medicamentos, nem sempre eficazes e onerando o custo total da atividade.”
 
   Entre as vantagens desta nova proposta, Ashidani destaca a possibilidade de se programar a cobertura anual, para obter os cordeiros no meio da entressafra de mercado. Como o Sul do país e o Uruguay (maiores fornecedores de carne ovina) tem poucos animais para venda na entressafra, há espaço para melhorar o lucro da atividade e facilitar a logística e o fechamento de lotes pra comercialização. A própria indústria ganha, ao diminuir a sazonalidade no fornecimento e melhorar a eficiência dos processos de abate, processamento, armazenamento e distribuição da carne.
 
   O ideal é que essas coberturas ocorram a partir do mês de setembro, observa o produtor, de maneira que as ovelhas passem pelo período mais chuvoso, sem cordeiros ao pé. “A parição ocorreria a partir de fevereiro, época em que as pastagensoferecem abundância de alimento para as matrizes em fase de aleitamento dos cordeiros, mas já com menos chuvas e sem os rigores do inverno, o que favorece o desenvolvimento das crias, reduzindo o uso de medicamentos e a mortalidade.”
 
   Outras vantagens são a racionalização do manejo do rebanho, a melhoria do “conforto animal” com a desmama mais natural e a eliminação da necessidade de se criar e manter os reprodutores. Com isso, Ashidani espera redução no custo de produção em torno de 30%, maximização dos lucros e simplificação do manejo, principalmente em maiores escalas (outro fator crítico na ovinocultura de corte). “Esse é o caminho.”
 
   Porém, ele alerta que há casos em que essa proposta deixa de ser interessante. “Por exemplo, quando há interesse do produtor/associação em manter a regularidade de fornecimento de animais para abate. E, em regiões mais quentes e secas, como na região Nordeste do país, as condições climáticas favorecem partos ao longo do ano.”
 

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