MAC realiza 3ª edição do Circuito das Artes


Cultura

Fernando Chaves0

Jovens participantes do Projeto Arte por toda Parte

O ano do centenário encerrou-se deixando uma boa novidade para muitos resende-costenses. Músicos e artistas locais, apreciadores da cultura em geral, saudosistas e muitos outros puderam se alegrar com a reinauguração do Teatro Municipal, celebrada em grande estilo durante o 3º Circuito das Artes, entre os dias 19 e 23 de dezembro último.

Música, cinema, teatro, poesia e uma exposição de pinturas e desenhos ditaram o ritmo do festival promovido pelo Movimento Arena Cultural (MAC) com o apoio da prefeitura municipal de Resende Costa.  De quarta a domingo, a quase centenária Casa de Cultura foi ventilada pelo canto e pelos passos de artistas, em maioria resende-costenses, e pela presença curiosa de jovens, crianças e adultos espectadores.

A reinauguração oficial do prédio ocorreu na noite de quarta-feira, com a presença de autoridades municipais e com a encenação da peça A flor, a fada e a princesa, da Cia Teatral Manicômicos.  O então secretário municipal de educação, Adriano Magalhães, em seu pronunciamento ressaltou a importância das entidades da sociedade civil na retomada e na manutenção das atividades na Casa de Cultura. “O poder público não faz cultura. Cabe a ele incentivar, fomentar as iniciativas culturais. Mas quem realmente faz cultura é o povo. Se o funcionamento do Teatro Municipal ficar exclusivamente nas mãos da prefeitura, vamos correr o risco de ver, novamente, as luzes da Casa de Cultura se apagando aos poucos. Para darmos vida efetiva e prolongada ao Teatro Municipal, é fundamental a participação de grupos culturais do município na movimentação da casa”, destacou Adriano.

Na noite de quinta-feira, o Circuito das Artes levou até o público uma discussão importante: a questão da valorização e da preservação do patrimônio histórico e cultural do município. Três palestras foram realizadas por iniciativa do Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural.  André Eustáquio Melo de Oliveira, ex-presidente do Conselho, e Ângelo Márcio Resende, atual presidente, apresentaram as principais iniciativas e os maiores desafios enfrentados hoje pelo órgão. A terceira palestra ficou por conta de Ryanddre Sampaio, museólogo do Museu Regional de São João del-Rei, que apresentou conceitos fundamentais ligados à preservação dos patrimônios histórico, artístico, arquitetônico e cultural, sejam de ordem material ou imaterial. Ao fim das palestras, houve apresentação musical com a banda do Chá Preto e, em seguida, passou-se à exibição de estreia do documentário Resende Costa Tecendo Histórias, produzido pelo Instituto Rio Santo Antônio (IRIS), em homenagem aos 100 anos do município. O filme traz depoimentos sobre a Inconfidência Mineira, sobre a tradição têxtil do município, sobre a tradição religiosa, dentre outros relatos e costumes que ajudam a tecer a identidade cultural e histórica do povo resende-costense. Ao registrar narrativas populares e históricas que permeiam a cultura local, o filme vai ao encontro das reflexões sobre a importância do patrimônio histórico e cultural. De acordo com a documentarista Mariana Fernandes, responsável pela direção do filme, a obra contribui para a preservação da memória coletiva local e pode ser usada também em escolas e em pontos de informação e recepção turística.      

O terceiro dia de Circuito das Artes foi dedicado à literatura e ao teatro. Um sarau literário contou com a participação de vários poetas da cidade, recitando seus versos sobre o tema “o fim do mundo previsto pelos maias”. Logo em seguida, o eminente escritor e professor do curso de Letras da UFSJ, José Antônio Oliveira de Resende, ministrou sua palestra intitulada  Por que a poesia? , conseguindo arrebatar a atenção e a curiosidade de um público diversificado de adultos e crianças. No final da noite de sexta-feira, foram apresentadas as peças A Grande Chacota e O Quilombo, ambas encenadas por jovens de Resende Costa, participantes do Projeto Arte Por Toda Parte.

Já na noite de sábado, o Teatro Municipal abria espaço para uma oficina de dança ministrada por Rafael Santos e, em seguida, para a apresentação de duas peças teatrais:O dia seguinte à morte do Inconfidente, uma performance improvisada por alunos do Projeto Arte Por Toda Parte, e Reconto de fadas, peça infantil dirigida pela resende-costense Renata Sousa.  No domingo, além da reexibição do Documentário Resende Costa Tecendo Histórias, o público pôde apreciar as belíssimas apresentações do coral Opus Mater Dei, da banda de música Santa Cecília e do grupo de congado Santa Efigênia.  

Um dos objetivos do Circuito das Artes é congregar no MAC diversas modalidades de manifestação artística, além da música. De acordo com Ângelo Márcio, coordenador do movimento, a ideia de se criar o evento surgiu com o intuito de ampliar as áreas de atuação do MAC, que foi fundado inicialmente por músicos. “No Circuito das Artes, colocamos todas as manifestações artísticas em diálogo. O MAC surgiu da união de músicos que procuravam espaço para mostrar o seu trabalho, mas o movimento não ficou restrito a essa modalidade artística. O objetivo do MAC é valorizar e oferecer palco para todo o tipo de manifestação cultural e artística. Por isso criamos o festival Circuito das Artes”, explica Ângelo.

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