Montese propõe protocolo histórico-cultural com São João del-Rei sobre FEB


Cidades

José Venâncio de Resende0

A partir da esquerda, prefeito Luciano Mazza, "embaixador da FEB" Mário Pereira e o assessor do prefeito Anselmo Uguccioni

O prefeito de Montese - comuna italiana da região da Emilia-Romagnia, na Cordilheira dos Apeninos, onde a Força Expedicionária Brasileira (FEB) lutou na Segunda Guerra Mundial -, Luciano Mazza, defendeu um novo modelo de parceria com São João del-Rei, em substituição à proposta inicial de pacto de cidades irmãs. Seria um protocolo de intercâmbio histórico-cultural que não teria custos de eventos e viagens. Este modelo de pacto de cidades-irmãs está fora de moda na Itália por causa de seus custos, justifica o prefeito.

 A ideia é promover ações em áreas como cultura, educação e comércio, aproximando brasileiros e italianos das duas regiões. Poderiam ser estimuladas ações como concursos de redação nas escolas públicas, pesquisas acadêmicas pelas universidades regionais, difusão de roteiros turísticos e valorização da herança cultural.

Na visita à prefeitura de Montese, este repórter estava acompanhado do ítalo-brasileiro Mário Pereira, zelador responsável pelo Monumento Votivo Militar Brasileiro, na cidade medieval de Pistoia. É também conhecido como “embaixador da FEB” na região por desenvolver um trabalho voluntário de divulgação histórica e de apoio aos turistas.

A proposta de protocolo histórico-cultural com Montese baseia-se no fato de que São João del-Rei é sede do antigo 11º Regimento de Infantaria (atual 11º Batalhão de Infantaria de Montanha - Regimento Tiradentes) que enviou à Itália cerca de 7000 soldados como parte do efetivo total da FEB (25.334 soldados, inclusive oficiais). O efetivo do 11º R.I. era mais que o dobro dos 2947 “pracinhas” enviados à Itália pelo Estado de Minas Gerais, porque parte dos integrantes do regimento são-joanense eram procedentes de outros estados.

Durante a Segunda Guerra Mundial, 465 soldados brasileiros morreram em combate no solo italiano (457 soldados e oficiais da FEB e 8 pilotos da FAB). Entre as baixas, estava o capelão militar do 11º R.I. Antônio Álvares da Silva, conhecido como frei Orlando, morto em 20 de Fevereiro de 1945 por tiro acidental de metralhadora disparado por um “partigiano” (civil local que se organizava para ajudar os aliados contra os alemães).

Durante a Segunda Guerra, o então 11º R.I. Month. Regimento Tiradentes, unidade do Exército brasileiro, participou do ataque, em 14 de Abril de 1945, a Montese com o objetivo de resgatar esta região estratégica das mãos do nazismo. Soldados de São João del-Rei, que constituíam a principal frente de infantaria no centro da operação ofensiva, participaram ativamente da vitória.

Todo ano, um evento cívico-militar comemora a “Tomada de Montese”, no quartel do 11º B.I., como forma de homenagear os pracinhas e relembrar o seu feito.

 Centro de Documentação. Um dos 45 monumentos na Itália em homenagem à participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial é o Monumento Votivo Militar Brasileiro, em Pistoia, cujo zelador responsável é Mário Pereira, filho do subtenente Miguel Pereira (1918-2003), o único combatente da FEB que permaneceu na Itália depois da guerra. Inaugurado em 1966, este monumento foi construído com recursos da Embaixada brasileira numa propriedade do governo italiano, cedida em concessão por 30 anos, recentemente renovada até 2025, pela qual o Brasil paga um aluguel simbólico.

Mário Pereira defende a criação de um Centro de Documentação no Monumento de Pistoia, no local onde existe o escritório e um pequeno museu da FEB, criado por ele. A ideia é ampliar o espaço físico e organizar um acervo físico e virtual, de maneira a divulgar mais a memória da FEB, que tem sido mais valorizada na Itália do que no Brasil.

Além disso, Mário quer aproveitar a oportunidade de Pistoia ter sido escolhida a Capital Europeia da Cultura de 2017, para incluir ações relacionadas com o Monumento na programação das festividades. Um exemplo poderia ser a realização de seminário sobre  a FEB e sobre o trabalho do subtenente Miguel Pereira, cujo centenário de nascimento será lembrado em 2018.

Para ambas as ações, Mário espera contar com o apoio do governo brasileiro. Ele lembra que, apesar da crise econômica, o fluxo de visitantes brasileiros às regiões da Toscana (Pistoia) e  Emilia-Romagnia (Montese, Monte Castelo e Abetaia), onde a FEB atuou, está voltando ao normal depois de um período de retração

Mário Pereira estima que cerca de 50 a 100 brasileiros por mês visitam a região, com tendência de aumento da presença de jovens entre  25 e 35 anos. Além disso, ele realiza ao longo do ano cerca de duas palestras mensais na Itália sobre a história da FEB em escolas, universidades e círculos de Lions e Rotary entre outras instituições.

http://www.jornaldaslajes.com.br/integra/2a-guerra-mundial-por-que-montese-italia-e-sjdr-ainda-nao-sao-cidades-irmas/1702/

 

 

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