O impacto da pandemia da Covid-19 tem sido devastador para a economia mundial, além obviamente das dolorosas perdas humanas que vem ocorrendo. Em todo ano passado, os economistas debateram o tamanho e a profundidade da recessão, tendo prevalecido a ideia de que o estrago em termos de queda do PIB (total da produção de bens e serviços de um país) seria o maior desde a depressão mundial dos anos de 1930. E que a recuperação, quando viesse, seria lenta ao longo dos próximos anos.
Felizmente a realidade contrariou nossas previsões. O PIB mundial caiu de 3,3% no ano passado e a previsão do FMI (Fundo Monetário Internacional) para 2021 é +6%. Os números para o Brasil são, respectivamente, menos (-) 4,1% e +3,5%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e a mediana das previsões no Boletim Focus do Banco Central.
Na comparação com o Brasil, a menor queda do PIB mundial em 2020 é explicada pelo desempenho da China, onde não houve recessão. E o maior crescimento mundial previsto para este ano é influenciado pelas previsões para a Índia (12,5%), China (8,4%) e Estados Unidos (6,4%).
Para as economias dos municípios brasileiros, não dispomos de estimativas recentes do PIB, que são divulgadas pelo IBGE num trabalho técnico e minucioso em parceria com órgãos estaduais de estatística e pesquisa. Por isso, o indicador municipal que temos para analisar mensalmente a atividade econômica são as estatísticas do emprego com registro na carteira profissional – emprego formal – do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério da Economia.
São João del-Rei
O impacto negativo da pandemia no mercado de trabalho formal de São João del-Rei pode ser dimensionado pela perda de postos de trabalho no período de março a maio: 944 empregados com carteira assinada. Para que tenhamos uma ideia da gravidade da recessão local, esse volume de desempregados em três meses foi maior do que o emprego de 819 trabalhadores gerado durante oito anos, de 2012 a 2019.
A boa notícia nos traz a publicação sobre o mercado de trabalho em São João del-Rei e região, produzida pelo Departamento de Ciências Econômicas da UFSJ (Universidade Federal de São João del-Rei). No primeiro trimestre de 2021, as contratações em todos os setores superaram as demissões, gerando 415 novos postos de trabalho. Assim, segundo a publicação, o total de empregos formais chegou a 18.143, “voltando aos patamares pré-crise em fevereiro de 2020”.
Em outras palavras, a recuperação dos empregos formais prossegue em 2021, refletindo crescimento econômico como perspectiva para o corrente ano. Alguns setores crescem mais rápido do que os demais; outros setores ainda contabilizam perdas. O comércio é responsável por mais 6 mil empregos formais. Os setores de comércio, transporte, viagens, de alojamento (hotéis, pousadas) e alimentação (restaurantes, bares e lanchonetes) e de serviços pessoais foram os que mais sofreram com a pandemia. Sendo uma cidade turística, São João del-Rei foi afetada, embora não saibamos ainda a magnitude do impacto, uma vez que muitos serviços são prestados na informalidade.
Vacinação
O que pode dar errado na recuperação econômica que estamos observando hoje? A maior preocupação dos governantes e de todos nós é garantir o sucesso no enfrentamento da pandemia, como pré-requisito para uma economia em crescimento. Sabemos que nem todos os países conseguiram resultados sólidos até o momento. O vírus continua se disseminando na população a taxas elevadas.
Por outro lado, o esforço de vacinação vem adquirindo mais coordenação e eficiência. A vacina é a principal arma para o controle da pandemia.
Vamos aos números para São João del-Rei. Nesta semana, foi registrado um recorde de novos casos confirmados de Covid-19: a média móvel diária atingiu 55 casos, segundo acompanhamento do Departamento de Ciências Econômicas da UFSJ. Há duas semanas, este número era 40 casos e, no inverno de 2020, era 10.
A vacinação vem acontecendo em ritmo menor do que o ideal, mas o Brasil não está de todo mal na fita. De acordo com o site da prefeitura, São João del-Rei com 90 mil habitantes recebeu até o dia 20 de maio 24.101 doses (1ª dose), ou seja, 27 doses por 100 pessoas.
O Brasil registra 30 doses por 100 pessoas em 25 de maio, segundo as comparações internacionais do site Our World in Data entre países grandes. Os Estados Unidos lideram o ranking com 86, seguido do Canadá (57), Europa (44), China (38) e Brasil (30).
Fica, portanto, muito evidente a importância de acelerar a vacinação aqui e no resto do planeta.