Professora propõe incluir tecelagem artesanal no ensino da matemática


Cultura

José Venâncio de Resende0

fotoFoto do tradicional tapete de bico, produzido artesanalmente em Resende Costa (foto arquivo Cleisiane Silva)

A inclusão da tecelagem resende-costense na educação matemática foi sugerida pela professora Cleisiane de Sousa Silva, em sua dissertação de mestrado Estudo da matemática presente na tecelagem artesanal de Resende Costa, MG, apresentada em junho deste ano ao Departamento de Ciências da Educação da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). Cleisiane foi orientada pelo professor Paulo César Pinheiro, a quem ela dedica um agradecimento especial: “Não há uma frase em meu texto que não tenha o seu olhar e sua generosidade, pois ele conferiu todos os detalhes até a finalização da dissertação, além de ter sido um grande incentivador desde o início. Quem dera houvesse mais pessoas no mundo com o seu coração e sabedoria! Então, uma palavra que define o meu sentimento pelo meu orientador é ‘admiração’”.

Em seu trabalho, a professora Cleisiane Silva apresenta “uma proposta pedagógica de matemática que envolva a tecelagem resende-costense para a construção do aprendizado de geometria de forma dinâmica e plural”. Este “exercício viável de aplicação da tecelagem artesanal na sala de aula” seria recomendado para alunos do 6º ano do Ensino Fundamental.

A proposta de Cleisiane tem quatro etapas. A primeira prevê um diálogo com os alunos sobre a tecelagem em Resende Costa e o seu contexto histórico-cultural. Seria convidada uma tecelã (ou tecelão) para conversar com os alunos sobre a atividade artesanal. Poderia haver, ainda, uma exposição na sala de aula de algumas colchas e tapetes confeccionados com desenhos. Em atividade em grupo, os alunos trabalhariam com imagens; ou seja, realizariam fotografias de tapetes e colchas que tivessem desenhos, apresentando-as na aula. O professor ajudaria na identificação dos artesanatos de bico.

Na segunda etapa, haveria uma aula teórica sobre os conceitos iniciais da geometria, tais como: ponto, reta e plano. Uma abordagem sobre as características, definição e utilidades desse conteúdo, bem como o ensino posterior de formas geométricas planas e propriedades dos polígonos.

Na terceira etapa, seriam revelados os nomes dados aos desenhos pelos artesãos da tecelagem, questionando os alunos se eles conseguem visualizar essa outra perspectiva. Por exemplo: Qual é o olhar deles sobre os desenhos da colcha com “folha”, “estrela” ou “pirâmide”. “Onde tem ponto, reta e plano? Essas figuras se parecem com quais polígonos?”

Na quarta etapa, os alunos poderiam tecer e nomear as figuras presentes na tecedura, de acordo com as teorias de simetria utilizadas pelas tecelãs. Para isso, os alunos poderiam visitar uma oficina de tecelagem na comunidade para observar e filmar a confecção de um tapete de bico por uma tecelã ou tecelão. Assim, os alunos poderiam realizar novas produções manualmente, com o desenho de bico.

Segundo Cleisiane, estas etapas permitiriam o conhecimento da cultura tecelã resende-costense, a fundamentação de um conhecimento conceitual e a instigação de “um pensamento reflexivo sobre essa tecelagem”, bem como a percepção “se os alunos conseguem visualizar as propriedades primitivas da geometria e figuras planas na tecedura artesanal resende-costense para motivar e facilitar a aprendizagem desse conteúdo pela adequação da linguagem vivencidada por uma cultura”. As finalidades didáticas seriam identificação, classificação, medidas, simetria, ampliação e redução, criatividade, técnicas artísticas e construção de desenhos geométricos.

A atividade da quarta etapa poderia ser realizada juntamente pelos professores de artes e de matemática, diz Cleisiane. “Estima-se a necessidade de duas horas/aula para cada disciplina, ou poderia ser realizada em formato de oficina, numa atividade no ambiente escolar em período extraturno e monitorada pelos professores de artes e matemática.”

Para a professora, “a teorização desse artesanato tem uma importante implicação pedagógica em geometria, a qual valoriza as matemáticas culturais. Então, concretizar com os estudantes uma atividade interdisciplinar que valoriza um saber local na sala de aula é incluir princípios mais globais no currículo escolar e exercer com o aluno seu pensamento crítico.” 

A dissertação

A dissertação de Cleisiane Silva, que é professora da Escola Estadual Assis Resende, buscou compreender a matemática empregada na construção estética das colchas e dos tapetes produzidos artesanalmente em Resende Costa e sua relação com a Etnomatemática, do autor Ubiratan D´Ambrósio. Para esse estudo, foi escolhido um grupo formado por pessoas do município que desenvolvem padrões decorativos no tear manual. Ao todo, 18 tecelãs e tecelões responderam a um roteiro de entrevistas e foi observada a confecção de tapetes realizada por duas tecelãs, com acompanhamento da elaboração do “tapete de bico”.

Os resultados indicaram a existência de um universo particular, tanto no que tange ao modo de tecer quanto à matemática utilizada, observa Cleisiane. “Nesse sentido, verificou-se que, para o exercício dessa atividade artesanal, há materiais e equipamentos próprios e as tecelãs e tecelões fazem uso de contagem de números, reta numérica, operações básicas, medidas, princípio de simetria, figuras espelhadas, noções básicas da geometria e geometria plana.”

Verificaram-se, ainda, as características dessa atividade “que se enquadram nas dimensões conceitual, histórica, cognitiva, epistemológica, política e educacional do Programa Etnomatemática, destacando, por exemplo, a preservação da identidade local e o conhecimento compartilhado dessa cultura que respondem questões de existência e transcendência.”

Cleisiane revela que teve uma motivação especial neste trabalho. “Meu interesse nesta pesquisa advém de minha formação acadêmica em Matemática e de minha participação no Conselho Municipal de Patrimônio e Cultura do município de Resende Costa-MG. No ano de 2016, colaborei juntamente com o conselho na aprovação do registro da ´Tecelagem Artesanal´ e, atualmente, esse saber é um bem imaterial registrado. Todavia, o trabalho mais relevante como motivação para realizar esta pesquisa é o de estar em sala de aula desde 2010: sou professora de Matemática na Escola Estadual Assis Resende, no município de Resende Costa, como também residente e natural dessa cidade. Junto a isso, soma-se o apreço e estima que tenho pelo trabalho de meus antepassados...”

Evolução

No início do século XIX, 37,78% da população mineira desenvolviam atividades de tecelagem, diz o pesquisador Gustavo Melo Silva (em Flávia Silva, 2016), citado por Cleisiane. No antigo Distrito da Lage, por volta de 1831, num conjunto de 578 mulheres, pelo menos 377 trabalhavam em alguma ocupação têxtil. Enquanto os homens iam trabalhar fora, “O trabalho nos teares manuais de Resende Costa fazia com que elas vestissem suas filhas e criassem peças para a casa, como colchas, tapetes e toalhas. Também era parte do trabalho das mulheres ensinar às filhas as técnicas dos teares para que estas reforçassem o sustento da família”, diz Amanda Motta Castro (2016), citada pela autora.

Em 2009, existiam 1072 indivíduos trabalhando diretamente com a tecelagem tradicional na produção familiar, entre familiares e outras formas de associação para o trabalho, de acordo com pesquisa de Gustavo M. Silva e Jorge A. Neves (2012) em 664 domicílios produtores e 69 estabelecimentos comerciais, citada por Cleisiane.

O patrimônio histórico de tecelagem preservado e secular de Resende Costa remonta ao século XVIII, diz a autora. “Trata-se de uma tradição hereditária que se mantém no decorrer do tempo e é transferida de uma a outra geração, sendo o aprendizado assegurado e praticado como fonte de renda por uma parcela significativa de seus moradores.”

O artesanato têxtil de Resende Costa é proveniente da zona rural, tendo seu início no período colonial, na comunidade rural do Povoado dos Pintos, segundo Carolina Bernardes Rezende (2010), citada pela autora. “Naquela época, as peças tecidas eram confeccionadas exclusivamente para os senhores feudais e seus escravos, ou seja, a atividade artesanal não tinha fins lucrativos. Porém, no decorrer do tempo, houve uma viabilidade no aumento da renda das famílias, ocasionando oportunidades de empregos para uma parcela significativa da população.”

Urbanização

Das fazendas da região, a tecelagem manual expandiu-se e se mercantilizou, até que, no final da década de 70 e início dos anos 80 do século passado, “famílias da zona rural migraram para a sede do município com o objetivo de melhorar a qualidade de vida”, de acordo com Micênio Carlos Lopes dos Santos e colegas (1998), citados pela autora. “Realocaram seus modos de vida e trabalho, impulsionados pela luz elétrica, água potável, educação básica, saúde pública e privada e, sobretudo, pela fertilidade de um mercado de artesanato têxtil.”

O crescimento da produção e a disseminação do artesanato têxtil para comercialização tornaram-se a principal fonte de renda no município, segundo Clesiane. “Trata-se de uma prática em teares de madeira rudimentar, com oficinas instaladas na maioria das vezes na própria casa do tecelão. As peças artesanais atraem turistas de várias partes, bem como compradores no atacado que revendem a mercadoria fabricada em outras regiões. É nesse contexto que ocorre um desenvolvimento significativo e criativo dos estabelecimentos de vendas locais.”

A autora enfatiza o protagonismo da tecelagem como fonte de renda na economia local, tornando-se um dos “diversos artefatos” produzidos e vendidos nessa comunidade. “Com o aprimoramento das técnicas de tecer, abertura de várias lojas de artesanato e aumento do fluxo de turistas, houve um desenvolvimento de sua economia e o aumento da migração da população pertencente à zona rural, em busca de trabalho e melhores condições de vida. Assim, foi efetuado o caminho inverso, uma vez que o conhecimento da arte de tecer tem fundação nos povoados rurais pertencentes ao município.”

Modo de fazer

A memória do modo de fazer a tecelagem artesanal antiga é resumida pela historiadora Flávia Silva (2016), citada pela autora. Depois de preparar a matéria-prima, “as artesãs iniciavam o urdume, com o auxílio de uma urdideira rústica; faziam depois a matemática complicada de dividir e ´repassar´ os fios pelas casinhas dos ´lissos de quatro folhas´ para criar desenhos de padronagens diferenciadas. Os diversos ´repasses´ recebiam nomes bastante criativos, como dadinhos, cruzeta, fivela, rosinhas de abraço, coroa de Salomão, laranja partida. Ainda hoje podemos encontrar em algumas casas os caderninhos nos quais os repasses eram anotados com delicadeza e cuidado”.

Segundo Creisiane, “atualmente, a confecção é facilitada e praticada muitas vezes com fios picados de restos de resíduos de malharias, que são chamados popularmente de ´retalhos´ ou de linhas prontas, ou seja, tecidos em tiras que são enrolados em forma esférica para facilitar o movimento do novelo no tear. Portanto, uma boa parte da tecelagem desse município utiliza atualmente os retalhos na arte de tecer, no entanto ainda se pode encontrar na cidade a elaboração de colchas e tapetes com fio têxtil...”

“A produção do artesanato têxtil no município de Resende Costa está conectada com um saber popular e uma técnica que vão desde a construção do tear, realizada por carpinteiros, passando pela preparação da matéria-prima até chegar à arte de tecer propriamente dita. Todas essas atividades são permeadas por saberes transmitidos ao longo das gerações e constituem parte do patrimônio cultural dessa comunidade”.

Cleisiane destaca o aspecto de “saber popular” da atividade artesanal, como “valor significativo para os habitantes de Resende Costa”, pois “as colchas e os tapetes produzidos não são interpretados sozinhos, por trás desse trabalho manual há vários sentidos e necessidades, como preservação da memória, cultura, fonte de renda, manutenção econômica da cidade, e etc.”. Além disso, “esse trabalho traduz a arte de um saber popular que atravessa gerações e tem como predominância o tear manual de pedal”.

Sustentabilidade

Essa tecelagem tem aspectos de sustentabilidade, destaca Cleisiane, “pois recebe restos de malharias de grandes indústrias para a confecção dessa arte”. Porém constata que esse bem imaterial “corre perigo de sobrevivência”, quando se reflete “sobre o ´mundo´globalizado e tecnológico atual em que as coisas estão cada vez mais sendo confeccionadas com mais agilidade e concorrência pelo melhor preço”. Mas esse bem imaterial, “ao mesmo tempo, será cada vez mais valorizado por ser um saber popular que atravessa gerações e faz parte da cultura dos nossos antepassados”.

Daí a importância da aprovação, em 2016, por parte do Conselho Municipal de Patrimônio e Cultura do Município de Resende Costa, do registro do bem imaterial “Tecelagem Artesanal”, considerando ser esta uma atividade cultural e econômica inerente a esse município.

Trata-se de “uma herança cultural transmitida pelas tramas de um tear, uma reprodução de desenhos geométricos que passou por várias gerações. Assim foram criados vínculos entre a matemática e a arte popular nas montanhas de Minas Gerais, o que vem favorecendo o turismo no município de Resende Costa e é a síntese do que busca desvendar esta pesquisa”. Ou seja, os relatos que norteiam esta pesquisa (conhecimento preservado e difundido por pessoas que praticam essa atividade diariamente) tem “como ponto principal a compreensão das matemáticas utilizadas na tecelagem das colchas e tapetes”.

Cleisiane deu ênfase nos padrões decorativos geométricos, ao abordar os saberes matemáticos presentes nesses “artefatos culturais confeccionados”. “Quando paramos  para olhar essa tecedura, com uma contemplação de suas tramas, é possível assemelhar as imagens identificadas com figuras geométricas. Já que muito do tecer dos resendecostenses é constituído, particularmente, por polígonos diversos. Uma combinação de formas harmônicas com aspectos da geometria plana.”
A “averiguação da matemática existente nesses desenhos nos traz a possibilidade de interligar saberes e fazeres na sala de aula, ou seja, realizar uma inclusão de atividades interdisciplinares como didática”, complementa.

Entrevistas

Na análise do questionário apresentado às 18 pessoas entrevistadas, Cleisiane identificou idades entre 21 e 63 anos; nível de escolaridade entre “ensino primário” (seis pessoas), “ensino médio” (10) e “ensino superior (duas); a maior parte lembrou de ter estudado as operações básicas e o conteúdo de equações teve destaque entre os que tinham ensino médio completo; as “tecelãs” mais velhas tinham cerca de 40 anos de experiência; e a maioria respondeu que não desenvolve outra atividade (algumas mulheres também exercem o trabalho de dona de casa).

“Na visão das 18 pessoas entrevistadas, a matemática foi associada a ´tem que contar, tem a contagem dos fios´, ´tem que ir contando os quadrinhos dos desenhos´, ´a gente conta os fios pra colocar no lugar certo as mudanças do desenho´, ´vai contando os fios de um ponto para o outro´, ´é simétrico´, ´tem que medir certinho´, ´tem que contar os fios´, ´se você não fizer a contagem´ e ´o bico fica torto, tem que ter o mesmo tanto de cada lado´. Portanto, nessas falas observamos a consciência do uso de operações básicas, como contar ´fios e quadrinhos´ e medir para garantir a forma simétrica das figuras que aparecem nas colchas e tapetes.”

Em outras respostas, Cleisiane verificou a importância do papel familiar na transferência do conhecimento matemático utilizado nos trabalhos. “Com os dizeres: ´aprendi o desenho mesmo pela amostra´, ´minha mãe me ensinou´, ´aprendi sozinha com amostra´, ´minha mãe´, ´minha mãe me ensinou´, ´minha mãe´, identificou-se que, na maioria dos casos, o aprendizado é decorrente de alguém que ensina esse saber no âmbito familiar ou de pessoas próximas, assim como por meio de um modelo, uma ´amostra´, a partir da qual é possível realizar outras cópias, porém, as respostas sobre aprender por amostras foram menos frequentes. Dos 18 participantes, 14 responderam que aprenderam através de um familiar próximo, três responderam que aprenderam sozinhos e utilizando uma amostra, e um respondeu ter aprendido através de um vizinho...”

Desenhos e nomes

Em outra questão, tecelãs e tecelões falaram de nomes de “figuras geométricas, provavelmente aprendidas no âmbito escolar: ´a pirâmide, o triângulo e o retângulo´, ´o de triângulo´, ´o de bico que é o triângulo´, ´triângulo, losango e quadrado´, ´o folha, ele tem o quadrado e o triângulo no mesmo desenho´. Interessante notar que algumas pessoas trouxeram outros nomes para as figuras, tais como: ´bico´, ´folha´e ´estrela´”, prossegue Cresiane. “Houve também a menção de que os desenhos podem ser a ´junção de vários´. Aqui percebemos a identificação desses saberes com o conteúdo matemático de polígonos mas, com o uso da palavra ´pirâmide´, há também uma confusão na diferenciação entre figuras bidimensionais e tridimensionais.”

 Na questão seguinte, a autora observou “o emprego de uma matemática característica” dessa cultura. Em dizeres como “a gente sobe somando e depois subtraindo” e “tem uma contagem de fios para fazer os desenhos”, “é perceptível a compreensão de um conhecimento matemático conforme alguns conteúdos do ensino fundamental que podem ser reconhecidos no Currículo Básico Comum. Observamos também que as medidas realizadas por essas tecelãs e tecelões envolvem: fita métrica, as palmas das mãos, os dedos e a mente”.

Cleisiane conclui que, “para cada tipo de artefato, existe uma medida e uma especificação, bem como a compreensão de uma Matemática básica do ensino fundamental e um método de confecção. Percebe-se uma similaridade na produção desses artesanatos, mas na contagem deve haver ´variações´ de acordo com o desenho que está sendo tecido”.

Subsistência  

Numa reflexão sobre a pesquisa, Cleisiane percebeu que, “atualmente, uma parte considerável dos cidadãos de Resende Costa desenvolve esse trabalho como forma de subsistência, seja na produção ou na venda das mercadorias, o que nos revela uma razão para essa preservação cultural e sua relevância para as famílias”.

A autora observa que essa atividade ocorre, na maior parte das vezes, nas garagens ou em um cômodo adjacente às casas. “O ambiente de trabalho é alegre. Há muita amizade enrtre os artesãos e anseios em relação ao futuro do mercado de trabalho sobre a venda dos tecidos manuais. Talvez em virtude da expansão tecnológica, existe um receio sobre a continuação dessa atividade, pois acreditam que futuramente possa ser efetuada por máquinas.”

Uma artesão, por exemplo, que trabalha há mais de 30 anos com a confecção de colchas e tapetes, “comentou que antigamente tecia vários desenhos e, quando fazia as colchas de lã, era um trabalho mais difícil, pois demorava mais tempo para confeccionar. Enfatizou também que hoje os artesãos prezam pela rapidez e a quantidade de trabalhos para comercialização, e os desenhos já são mais práticos e menos elaborados do que outrora”.

Assim, observa Cleisiane, percebe-se que “a tecelagem tinha um grau de dificuldade maior pela quantidade de detalhes e padronizações, e que hoje os compradores estão priorizando o preço de custo. Sendo assim, infelizmente, essa arte vem se modificando no decorrer do tempo por causa das ´exigências´ da sociedade capitalista atual”.

Outra tendência é a terceirização, de acordo com Cleisiane, com o salário sendo substituído pelo “salário por peça” para que a produção seja individualizada. “Trata-se de um novo acordo de trabalho que satisfaz as leis de mercado atual”. Assim, “está acontecendo uma exploração ´oculta´, em que as pessoas trabalham por quantidade e por longas horas para atender às demandas do mercado. As mudanças que ocorreram nos padrões e materiais de trabalho são fundamentadas por essa terceirização no ramo da tecelagem, processo que está em transição diária e que fundamenta o receio mencinado por alguns artesãos de Resende Costa”.          
      

 

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