“São João dos Queijos”, um festival para marcar a força da identidade rural de S. João del-Rei


Cultura

José Venâncio de Resende0

A marca São João dos Queijos (foto: Pousada Paço do Lavradio).

Estima-se que cerca de 40 mil pessoas participaram, durante três dias (20 a 22 de junho), da 1ª edição do Festival de São João dos Queijos, destinado a resgatar e valorizar a cultura, a tradição e os sabores de São João del-Rei. A rede hoteleira ficou lotada e o comércio aqueceu a economia local, de acordo com a Secretaria de Cultura e Turismo. O impacto econômico na cidade atingiu cerca de R$ 3,4 milhões, de acordo com projeção da Prefeitura Municipal em parceria com o Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Economia (NEPE-UFSJ) e a ABRASEL, citada pelo site SJDD

Foi como um reencontro com as origens, uma homenagem ao homem e à mulher do campo e uma vitrine para os produtos locais. O evento, que buscou celebrar as raízes de São João del-Rei, foi marcado pela presença de uma multidão, no Largo de São Francisco, para apreciar a boa música de Almir Sater (dia 20), Zeca Baleiro (21), Beto Guedes (22) e ainda Vitor Kley, o são-joanense Chico Lobo e outros artistas. E usufruir dos sabores da tradicional exposição de queijos artesanais e da culinária local, ligados à vocação histórica do município. 

Abertura com Almir Sater 

O apelido carinhoso de São João dos Queijos está relacionado com a história do queijo em São João del-Rei, que remonta aos tempos coloniais quando a região de Minas Gerais era um importante centro produtor de alimentos e, principalmente, de lácteos. A tradição da fabricação de queijos foi trazida pelos colonizadores portugueses, que já dominavam a arte da produção de lácteos em seu país de origem. 

Arte que veio de Portugal 

Ao longo dos anos, São João del-Rei e a redondeza tornaram-se conhecidos pela produção de queijos de alta qualidade, especialmente o queijo minas artesanal, um dos mais tradicionais e apreciados em todo o Brasil. A região oferece condições climáticas e geográficas ideais para a produção de leite, essencial para a obtenção de queijos saborosos e aromáticos. 

Tanto que o queijo produzido em São João del-Rei é reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, graças à importância histórica e cultural na região. Os produtores locais dedicam-se a manter as tradições vivas, produzindo queijos de excelente qualidade e preservando os métodos artesanais de fabricação (Fonte: site dos Queijos Vitória). 

Programação variada 

Um dos destaques do festival foi a presença dos produtores e representantes do setor queijeiro, protagonistas dessa história que contaram o que queijo representa na vida deles. Memória, resgate da tradição, sonho, sucesso, amor e dedicação foram algumas expressões usadas.

Falam os representantes do setor 

A realização do festival foi possível graças ao trabalho conjunto das secretarias de Cultura e Turismo, Agropecuária, Desenvolvimento Econômico, Obras, Finanças, Mobilidade Urbana e Saúde, de instituições e empresas que atuaram para transformar o evento em uma experiência marcante. Caso da EPAMIG, que manteve um espaço denominado “Via Láctea”, uma espécie de miniusina de laticínio, com demonstração ao vivo da produção de queijo e iogurte e degustação dos produtos por parte do público. 

Além disso, aconteceu a criação de pratos para um concurso gastronômico e foi lançado o Selo São João dos Queijos, com a certificação de produtores de queijo, para valorizar a atividade regularizada e projetar São João del-Rei no cenário nacional. Outra atividade foi o workshop CIGEDAS “Prosa, queijo e cerveja” (degustação e harmonização de queijos locais com cervejas). 

Na parte recreativa, atividades como pintura facial, escultura de balão e bolha de sabão gigante, tabuleiro gigante, oficinas “Cientista Queijeiro” e “Massinha Artística” e peça teatral. 

A cidade transformou-se num cenário de festa em que o queijo artesanal foi “o protagonista, símbolo do nosso campo, da nossa gente, da nossa história”, resumiu o secretário de Cultura e Turismo Caio Andrade. “Foram três dias de encontros verdadeiros: entre sabores e saberes, entre a tradição dos queijeiros, a arte do nosso povo e a música que ecoou pela praça e fechando com chave de ouro ao som de Beto Guedes.” 

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