Selo de procedência do artesanato local já começa a ser usado em RC


José Venâncio de Resende


Foto registra produtos, matéria-prima e utensílios tradicionais da cadeia produtiva do artesanato de Resende Costa: colchas, novelos de retalho, o tear, uma roca e uma dobradeira.

Em evento realizado no dia 16 de dezembro na Churrascaria Ramona, a Associação Empresarial e Turística de Resende Costa (ASSETURC) recebeu das mãos do pesquisador Bruno Diláscio, da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), o certificado do selo de procedência para o artesanato local, concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Artesãos, empresários do setor turístico e representantes do poder público formaram a maioria do público presente. Na ocasião, também foi entregue ao município o título de “Capital Mineira do Artesanato Têxtil”, emitido pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

O selo de procedência é o resultado de um trabalho desenvolvido pela ASSETURC em parceria com a UFSJ. A pesquisa que gerou a certificação junto ao INPI foi objeto da dissertação de mestrado de Diláscio, que foi o idealizador e o coordenador geral da iniciativa. “Estou muito satisfeito com o resultado. Espero que esse selo ajude a trazer mais emprego, mais renda para Resende Costa e que motive os mais jovens na tarefa de perpetuar a tradição artesanal do município.” O certificado é “uma conquista de todos os artesãos e lojistas da cidade e ajudará a eles no seu esforço de levar o artesanato de Resende Costa a todos os recantos de Minas e do Brasil”, acrescentou Luara Ramona, presidente da ASSETURC, entidade que passa a ter a titularidade do selo e que realizará a gestão de seu uso.

“Dizer que Resende Costa tem hoje uma indicação de procedência do INPI significa dizer que nós possuímos um produto único, reconhecido pelo seu caráter histórico e cultural, pela sua tradição, pelo seu modo de fazer tão típico, que é uma herança da colonização portuguesa na nossa região”, destacou Fernando Chaves, presidente do Conselho Municipal de Turismo (COMTUR), que foi nomeado pela ASSETURC em 2019 como o coordenador local dos trabalhos pela obtenção do selo. “Significa também que temos um produto reconhecido pela sua qualidade no mercado”, acrescentou.

Chaves ainda enfatizou a importância do associativismo, ao informar que somente associações de classe como a ASSETURC podem obter e gerir esse tipo de selo de procedência. Também ressaltou a condução técnica do processo, feita pela UFSJ, sem a qual o projeto não seria viável.

 

Primeiras adesões

Durante o evento, oito produtores vinculados à ASSETURC aderiram, formalmente, ao selo. São eles: Luciene Tecelagem, Trilhos da Arte, Laranja Lima Artesanato, Tuca Artesanato, Arte Q Faço, Segredos de Minas Artesanato, Empório Vertentes e D´Corações Artesanato. A primeira a aderir, simbolicamente, foi a ex-presidente da ASSETURC, Luciene Cardoso, em cuja gestão teve início o trabalho de obtenção do selo.

O selo de procedência artesanal será muito importante, de maneira geral, para Resende costa “e, principalmente, para darmos o real valor ao que nós produzimos”, diz Andréia Resende, da loja Arte Q Faço. Ela lista os envolvidos na produção artesanal, desde o enrolador, que deixa as bolas de malha ou de fio no ponto para que o tecedor possa fazer a peça, até o responsável pelo acabamento, onde são dados os nós nas franjas. “Dar valor a esse processo é uma maneira de agradecer a cada um desses artesãos.” No seu caso particular, diz ela, “senti-me muito feliz, pois a loja Arte Q Faço levará aos clientes um produto de autenticidade artesanal comprovada”.

A partir deste ano, o selo começará a ser difundido aos (e utilizado pelos) demais produtores, de maneira a dar mais visibilidade ao artesanato da cidade, distinguir os produtos locais de similares industriais e agregar valor ao autêntico artesanato e ao trabalho feito efetivamente à mão no município.

 

Critérios

O selo terá critérios bem claros para ser utilizado, podendo ser aplicado apenas em produtos de natureza têxtil, produzidos artesanalmente em Resende Costa. A ASSETURC é a única instituição autorizada a produzir e fornecer o selo. A entidade vai divulgar três opções de etiquetas com a marca do selo de procedência. Haverá uma opção em papel, mais econômica e que pode ser removida. Outras opções mais sofisticadas destinam-se a serem costuradas nas mercadorias. Os produtores e lojistas que aderirem ao selo receberão autorização da ASSETURC para gravar a sua imagem em embalagens (sacolas ou caixas), juntamente com o logotipo de sua empresa.

A ideia é que o selo possa agregar valor à marca empresarial do produtor ou lojista e também contribua para a divulgação da cidade, explicou Chaves. “Assim, fica bem claro que o uso correto do selo de procedência beneficia não apenas à cidade como um todo, mas também cada uma das empresas que adotarem o selo.” Porém o selo “já tem dado resultados muito positivos para Resende Costa no que se refere à divulgação da nossa cidade e dos nossos produtos”.

 

Capital do Artesanato

Durante o evento, André Eustáquio Melo de Oliveira, secretário de Turismo, Artesanato e Cultura, recebeu, em nome do vice-prefeito em exercício Lucas Paulo de Assis Vale, o certificado de Capital Mineira do Artesanato têxtil das mãos de Netinho Pelegrinelli, representante do deputado estadual Cristiano Silveira (PT), autor da iniciativa parlamentar.

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