Um livro de “viagem” por cidades resendenses, em Portugal, Brasil e África


Cultura

Da redação0

O jornalista e autor do livro, Jose Vênâncio, em frente às ruínas da primeira Câmara Municipal e antiga cadeia de Resende, Portugal

Resende (norte de Portugal), ilha de Santa Maria (Açores), Lagoa Dourada, Resende Costa e Nova Resende (Minas Gerais), Cidade de Praia (Cabo Verde) e Cabanas de Viriato (Portugal). O que esses locais têm em comum? Por terem fortes vínculos com a grande e influente família Resende, fazem parte da “viagem” que o jornalista José Venâncio de Resende propõe no livro Cidades e Resendes, que acaba de ser publicado pela Chiado Editora, com sede em Lisboa.

A viagem parte do Mosteiro de Santa Maria de Cárquere, fundado por Dom Egas Moniz, o primeiro detentor da “Honra de Resende”, concedida pelo primeiro rei de Portugal, Dom Afonso Henriques, pelos seus relevantes serviços à criação do Estado-Nação português. A capela funerária desse mosteiro guarda as arcas tumulares dos primeiros detentores da Honra de Resende, por sucessão e herança: Vasco Martins de Resende, o trovador; Gil Vasques de Resende; Martim Vasques de Resende; e Vasco Martins de Resende.        

Ao longo da viagem, é possível conhecer aspectos históricos, culturais e econômicos não apenas da Vila de Resende, portuguesa, como também das demais cidades abordadas no livro. Também é possível saber a diferença entre os Resendes que vieram para Minas Gerais, no início do século 18, e o conde de Resende, que foi enviado, como vice-rei, ao Rio de Janeiro para executar a sentença judicial de condenação de Tiradentes e demais integrantes da Inconfidência Mineira.  

O livro transita pela ilha de Santa Maria, nos Açores, de onde saiu João de Resende Costa, o primeiro Resende a desembarcar no Brasil, mais precisamente em Lagoa Dourada, que na época pertencia a Prados. Também coloca luz na região onde os Resendes se instalaram, destacando o primeiro solar da família, o estudo de DNA dos restos mortais de José de Resende Costa (pai) e novas informações sobre a origem do nome de Resende Costa.

O livro acompanha os inconfidentes pai e filho ao exílio na África, pormenorizando a descendência de José de Resende Costa (filho) no Cabo Verde. Descendência esta que, posteriormente, se espalhou por Angola e Portugal continental.

Na quinta parte, denominada “Rosalvo Pinto”, o autor faz uma homenagem ao professor e escritor, o maior especialista do Brasil nos inconfidentes José de Resende Costa (pai e filho). Para isso, publica uma coletânea de artigos de Rosalvo no Jornal das Lajes, em que aborda temas relacionados com as cidades resendenses.

Um dos fios condutores desta história, embora não explicitamente, é o tear manual de madeira – exposto no Museu Municipal de Resende em Portugal –, mas que continua sendo utilizado pela cooperativa e associação de mulheres na ilha de Santa Maria, para produzir colchas (mantas), tapetes e outros produtos artesanais a partir de retalhos de tecidos usados e novos. Esse mesmo tear é um dos responsáveis pelo dinamismo da economia de Resende Costa, nas mãos de milhares de pequenos empreendedores artesanais.

Na parte final, o livro traz uma síntese da “viagem” através de fotos. A obra tem duas apresentações, escritas pelo jornalista e professor Guilherme Rezende –  aposentado da Universidade Federal de São João del-Rei – e pelo padre, escritor e historiador Joaquim Correia Duarte, o maior especialista dos Resendes em Portugal.  

 

Desafios

Na “Carta de Lisboa”, publicada no Jornal das Lajes (28.11.2019), o autor levanta três questões presentes nesse livro. Uma delas é como tirar do papel o acordo de cidades-irmãs (ou geminadas) entre Resende Costa e Vila do Porto, firmado em 2018. O autor reafirma a opinião do jornalista Domingos Barbosa, editor do Jornal O Baluarte de Santa Maria, para quem as lideranças políticas precisam agir para dar sequência a esse acordo. “O impulso ao intercâmbio histórico-cultural entre os dois municípios certamente gerará frutos.”

Outra questão é o pouco conhecimento da origem dos Resendes dos Açores. “Sabemos que emigraram do continente. Com o auxílio do historiador e genealogista José de Almeida Mello, de Ponta Delgada, chegamos ao casal Francisco Curvello e Felipa Faleiro de Resende, do final do século XVI. Francisco era neto de Antônio Curvello, mestre catalão que foi enviado a Santa Maria pelo Infante Dom Henrique, para introduzir na ilha a cana-de-açúcar e seu processamento. Resta saber a origem de Felipa, daí a necessidade de novas pesquisas.”

Por fim, o autor diz esperar que seja colocada em movimento sua proposta (na introdução do livro) de criação de uma rede de cidades resendenses. “Algo simples, sem burocracia e grandes custos, a começar por um espaço, a ser inserido nos portais de prefeituras e câmaras municipais, com informações básicas (breve histórico de cada município, agenda anual dos principais eventos e informações de hotéis, restaurantes, transporte etc.).”

 

Lançamentos

O livro será lançado no dia 14 de março (sábado), em Resende Costa, no Teatro Municipal. Parte da receita das vendas do livro será destinada ao Hospital Nossa Senhora do Rosário e ao Lar São Camilo, admistrados pelas Irmãs Camilianas. Em Portugal, será lançado no dia 16 de maio (sábado) em Resende, numa parceria com a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários.

Alguns locais de venda: 

https://www.chiadoeditora.com/livraria/cidades-e-resendes-uma-viagem-por-portugal-continental-arquipelago-dos-acores-minas-gerais-e-cabo-verde

https://www.martinsfontespaulista.com.br/cidades-e-resendes-631246.aspx/p

https://www3.livrariacultura.com.br/cidades-e-resendes-2112196379/p

https://www.saraiva.com.br/cidades-e-resendes-uma-viagem-por-portugal-continental-arquipelago-dos-acores-minas-gerais-e-cabo-verde-10624291/p

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